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Carlota Morais Pires. Do jornalismo à comunicação, sem nunca esquecer a Moda

Fundadora do The Communication Studio, Carlota Morais Pires aposta em comunicar marcas nacionais e internacionais que se ligam ao universo sustentável e ético, com peças feitas para durar. Mas este é apenas um detalhe dentro daquilo que faz na agência que fundou em 2020 - sozinha e antes dos 30 anos.

Foto: João Paulo
05 de julho de 2022 às 15:27 Rita Silva Avelar

Afirma, com convicção, que desde que se lembra de existir que gosta de Moda, e a verdade é que o seu percurso, marcado pela escrita, sempre andou lado a lado com esta área. "Adorava escrever, tinha (e tenho) um fascínio por livros e revistas e decidi muito cedo que queria ser jornalista", explica Carlota Morais Pires, 32 anos, em entrevista à Máxima. Estudou Comunicação Social e fez um mestrado em Jornalismo, tendo começado a trabalhar na Vogue Portugal na mesma altura, que descrece "como a minha maior e mais importante escola". Passou, também, pela Máxima, antes de pensar o seu The Communication Studio, uma agência de comunicação que quer crescer ao lado das suas marcas, designers e artistas.

Pelo meio, chegou a viver em Londres, onde estagiou na Condé Nast International, e nos ateliers de Diane von Furstenberg e de Stella McCartney, onde fez trabalho de assistente de produção, wholesales, e assistente pessoal.

Carlota, estas primeiras experiências, na área, moldaram a tua maneira de trabalhar?

Fiz quase tudo ligado a esta área. Percebi bem como funciona uma marca internacional e um grupo de media à escala global. Sinto que foi fundamental para mim sair de casa e procurar o que eu queria naquela altura. Fez-me crescer e ganhar mundo e experiência. Voltei a trabalhar na Vogue, como jornalista digital, e depois numa pequena agência de comunicação onde percebi que o trabalho de assessoria de imprensa é (ou pode ser) mais próximo do trabalho do jornalista.

Carlota, estas primeiras experiências, na área, moldaram a tua maneira de trabalhar?

Foto: João Paulo

Em 2018, decidiste ser freelancer de comunicação, e durante a pandemia, acabour por nascer o The Communication Studio. Como foi essa aventura?

Quando comecei a trabalhar como freelancer não tinha uma estratégia bem definida. Fui buscar tudo o que sabia da minha experiência como jornalista para escrever bons press releases, para escolher bem as imagens. Já tinha sido assistente em muitos editoriais e campanhas, já tinha recebido muitos contactos de diferentes agências e usei os bons e maus exemplos como referências do que queria e não queria fazer. Também tinha alguns contactos e procurei sempre ajudar as marcas com todos os meus recursos. Depois disso aprendi muito sozinha, principalmente quando errei e tomei más decisões.

Em que é que esta agência se distingue, num universo cheio de outras agências?

A minha estratégia está ligada sobretudo a uma curadoria cuidada das marcas com que trabalho. Prefiro trabalhar com uma marca mais pequena, recém-lançada e com que me identifique, do que com uma marca mais estabelecida mas que tem uma linguagem que não encaixa no universo estético do Studio. Todas as minhas marcas têm algum ponto em comum entre elas e nunca são concorrentes. Tudo tem de fluir e fazer sentido e também é importante para mim ter uma ótima relação com as pessoas com quem falo todos os dias.

Foto: João Paulo

Como é que escolhes os teus clientes, ou eles escolhem-te a ti?

Uma regra que criei para mim própria foi a de escolher trabalhar com clientes que respeitam o meu trabalho e hoje sei que adoro o que faço e consigo dedicar-me a 100% todos os dias porque também aprendi a importância de impôr limites e de me rodear de pessoas boas. Agora o mais importante de tudo é ter a certeza de que estou a comunicar um produto ou um serviço que é original, que tem qualidade, que é produzido por pessoas que estão a ser pagas de forma justa e que têm condições para fazer o seu trabalho. Numa primeira fase talvez o meu crescimento seja mais lento, porque não trabalho com qualquer marca, mas sei que estou a construir um projecto em que acredito, de forma sustentada e que as minhas escolhas também me refletem.

Ou seja, é um projeto que sai muito fora da caixa...

Quando criei o The Communication Studio não queria competir com as grandes agências de comunicação e assessoria de imprensa que já existem há anos - até porque têm mais experiência do que eu. Tentei criar a minha própria fórmula, um pastiche de tudo o que aprendi, das minhas referências, inspirações, pesquisas. É um modelo aberto e em constante evolução e transformação, vou aprendendo também com as marcas com que trabalho e procuro sempre ser criativa, não copiar ideias e nem me deixo sufocar pelos métodos de trabalho convencionais. Não gosto da premissa de trabalhar com base no que já se faz; gosto de pensar a partir do zero e construir um plano para cada marca, que vou desenhando ao longo do tempo. Tenho uma relação muito próxima com todos os designers e artistas que trabalham comigo, falamos todos os dias, trocamos ideias e são esses estímulos também que alimentam a minha imaginação.

Foto: João Paulo

O jornalismo deu-te bases importantes para estares, agora, desse lado da barricada?

O meu trabalho de assessoria de imprensa é muito próximo do jornalismo porque é essa a minha escola. Também desenvolvo os conceitos criativos para as campanhas, ajudo com as coleções, com os pontos de venda que interessam a cada marca. Organizo eventos, penso em colaborações com artistas e pessoas que estão a desenvolver trabalhos interessantes. Também me interessa trabalhar com talentos emergentes e ajudá-los a concretizar tudo o que é preciso para criarem e solidificarem as suas marcas.

Que marcas trabalhas, hoje?

Atualmente trabalho com a Bang & Olufsen, Juliana Bezerra, Mustique, Friuli e tenho sempre projetos mensais - como, neste momento, a joalheira Bibi van der Velden e a QuartoSala.

Foto: João Paulo

Como gostavas que fosse o futuro do The Communication Studio?

A equipa está a crescer e no futuro gostava de conseguir trabalhar mais marcas e artistas. Qualquer projeto que seja interessante faz sentido para mim, independentemente se está ligado à Moda, à Música, às Artes ou ao lifestyle. Este ano fui convidada pela Susana Marques Pinto, uma pessoa que admiro muito, para dar aulas de Comunicação de Moda e gostei mesmo muito da experiência. Estou a pensar já em organizar uma segunda edição do curso para começar em setembro deste ano. 

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