Atriz denuncia ex-marido em caso de violência doméstica. "O que será preciso para que me deixe em paz?"
Judith Chemla, atriz francesa, publicou fotografias que revelam hematomas no rosto para dar a conhecer os momentos de medo e angústia que vive. O ex-marido, autor das agressões, foi condenado a 8 meses de prisão mas viu a sua sentença suspensa.

Tudo começou quando a francesa Judith Chemla - atriz no reputado teatro nacional Comédie-Française - publicou fotografias do seu rosto repleto de hematomas, na rede social Instagram. "Há um ano o meu rosto estava ferido, azul, roxo debaixo do olho, vi-me deformada. Há um ano olhei para o meu rosto no espelho e sabia que já não conseguia esconder o meu rosto" começa por escrever, referindo-se com clareza ao pai da sua filha, como responsável pela agressão.
"Não tenho vergonha desta imagem. Mas ele deveria ter vergonha, deveria ter vergonha hoje, um ano depois, em vez de continuar a pressionar-me, em vez de pensar que ainda tem os meios para me manipular, em vez de apodrecer a cabeça do meu filho, deveria ter vergonha e fazer-se discreto, procurar realmente ser perdoado. Não é este o caso. Tenho tantas provas que ele continua a tentar prejudicar-me. Voltar uma terceira vez à esquadra da polícia? Apresentar uma terceira queixa num ano? (...) O que vai ser preciso para que ele me deixe em paz? Ir mesmo para a prisão?" desabafa. "Já não aguento mais. Quero ser deixada em paz. Será que isso não é claro?", escreve a atriz de 38 anos, conhecida por filmes como Camille Rewinds, Une Vie e Not My Type e duas vezes indicada ao Prémio César.
O autor das agressões é o realizador e ator Yohan Manca (assinou filme Mes frères et moi, lançado no ano passado) condenado a 8 meses de prisão por violência doméstica, mas que acabou por ver a sua sentença suspensa. Em entrevista à estação de rádio francesa France Inter, a atriz afirma: "A polícia disse-me: 'É preciso denunciá-lo, porque depois é femicídio'. Não conseguia admitir a mim mesma que ia apresentar uma queixa contra o pai da minha filha. Fiquei atordoada. Alguma coisa teve de mudar".
L'actrice Judith Chemla, victime de violences conjugales : "Les policiers me disent 'il faut porter plainte, parce qu'après c'est le féminicide'. Moi je ne pouvais pas me dire que j'allais porter plainte contre le père de ma fille. J'étais sidérée. Il faut un déclic"#le79inter pic.twitter.com/nXbI5Rrt3B
— France Inter (@franceinter) July 6, 2022

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Os femicídios que nos assombram. Ou como ainda se morre por se ser mulher
Sofia Neves, da Universidade da Maia, Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (ISCSP-ULisboa) e Associação Plano i, fala-nos sobre o contexto atual no que diz respeito às vítimas de violência doméstica em Portugal.