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A Love Story que é ser swiftie: gastar milhares de euros e acampar para ver Taylor Swift

Existirá uma fanbase tão dedicada quanto a que faz as suas próprias roupas para os concertos, aos quais assiste duas, três ou seis vezes?

Foto: Getty Images
24 de maio de 2024 às 12:25 Joana Rodrigues Stumpo

"Fã" é um eufemismo para descrever quem gosta muito de Taylor Swift - porque nunca se gosta só muito, adora-se fervorosamente, acompanha-se com uma intensidade sem igual. Ser swiftie (leia-se ser um dos mega seguidores de Taylor Swift) é mais do que partilhar o gosto pela cantora de Style e Shake It Off. É ser membro de uma comunidade piamente dedicada a ir sempre um passo mais longe. Agora que a artista vem a Lisboa para dois espetáculos no Estádio da Luz, as swifties portuguesas (e não só) uniram-se na capital para fazer as pulseiras da amizade, agarrar o momento e saboreá-lo. 

Foto: DR

Cristina tem 25 anos, é livreira e só este mês já assistiu a três espetáculos de Taylor Swift. "Só estava previsto ir ao primeiro concerto da tournée na Europa, em Paris", mas uma coisa levou à outra e acabou por ir "às três primeiras noites" das quatro que houve na capital francesa. Em Lisboa, tem bilhetes para as duas datas e, em agosto, vai a Londres ver a Eras Tour pelo que será a sexta vez que vê a cantora. "Não é barato fazer este tipo de coisa", confessa. Fazendo as contas por alto, Cristina estima já ter gasto cerca de €1200 para ver Taylor Swift, o equivalente a uma escapadinha de uma semana ou duas num destino de sonho: "Há pessoas que vão de férias para países exóticos, eu decidi que as minhas férias seriam a tournée". 

Esta é a parte em que alguém pergunta "mas não é repetitivo ver o mesmo espetáculo mais do que uma vez?" A livreira diz que "os concertos acabam por ser diferentes. O público é diferente, o ambiente é diferente. Ela tem uma parte em que tem músicas surpresa". Ainda assim, o principal fator acaba por ser o carinho por Taylor, porque "quando se gosta de um artista vale sempre a pena". 

Nas imediações do Estádio da Luz é comum achar quem faça questão de ir à Eras Tour mais do que uma vez. Lara, de 23 anos, também vai ver um dos concertos em Londres em agosto e viu o primeiro da tournée europeia. "Já andava a falar de fazer uma viagem a Paris há muito tempo. Calhou o primeiro concerto da tour ser lá na semana do meu aniversário", conta à Máxima. No que toca a gastos com a viagem, preferiu não saber o valor certo dos estragos: "estava a tentar não fazer as contas, porque realmente ainda foi um bocadinho."

Porque ser swiftie é entrar dentro do universo que Taylor Swift criou com a sua discografia, não há espetáculo que não esteja populado por fãs vestidas a rigor. Tal como o nome indica, a Eras Tour é uma digressão em que o concerto é uma viagem musical pelas diferentes fases da carreira da cantora norte-americana, sendo que cada era é normalmente relacionada com um disco. Lara explica que "todos os álbuns têm um bocadinho de uma energia especial. Têm cores específicas associadas a eles" e outros elementos que as fãs identificam "nos videoclipes e nas capas de álbuns e singles". É exatamente nessa vibe que pegam para servir de inspiração para criar looks ao nível dos da própria Taylor Swift, que veste criações de Roberto Cavalli, Alberta Ferretti e Vivienne Westwood durante os concertos. Para o espetáculo em Paris, Lara quis usar alguma coisa que gritasse Lover, o disco de 2019. Comprou um vestido pintado de cores românticas, como "os pastéis, rosa, azul, lilás", e alterou-o para que o tema ficasse ainda mais evidente: aplicou algumas borboletas de tecido, que ficam salpicadas pela saia.  

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É por isso que, durante os dias 24 e 25 de maio, pode-se esperar ver o Estádio da Luz recheado de cor-de-rosa, muitos (muitos) brilhantes e uma quantidade imensurável das chamadas pulseiras da amizade. A tradição é jovem, nasceu em 2022 com a música You’re on Your Own, Kid, do álbum Midnights, em que Taylor canta os versos "So make the friendship bracelets / Take the moment and taste it" ("Então faz as pulseiras de amizade / Agarra o momento e saboreia-o"). Desde então, é uma regra não-dita que estes adereços fazem parte da indumentária obrigatória para os concertos e que as fãs os trocarão entre si.  

Faltavam ainda mais do que 24 horas para o primeiro espetáculo da Eras Tour, no dia 24 de maio, e já havia uma pequena fila de campistas à porta do recinto. Madalena, de 21 anos, chegou ao Estádio da Luz às 11 horas de dia 23 com uma tenda e um grupo de amigos. "Decidimos que era a melhor opção" passar a noite neste acampamento cosmopolita para assegurar um dos primeiros lugares no acesso. Levaram comida e planearam revezar-se sempre que fosse necessário ir à casa de banho ou ao supermercado. A logística é relativamente simples, mas o esforço é considerável. "Eu nunca faria isso por outra pessoa, só pela Taylor", diz Madalena. "É uma artista que acompanho desde os oito anos de idade. Tinha de vir ver a Taylor Swift e não havia outra opção. Fiz o que tinha que fazer, mesmo acampar para estar num bom sítio" durante o concerto.  

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Montar uma tenda para passar a noite à porta do Estádio do Sport Lisboa e Benfica pode ser um grande passo, mas não tão grande quanto atravessar um oceano para ir à Eras Tour. Jessi é da Flórida e foi ao recinto no dia anterior ao concerto para comprar merchandise oficial da cantora. "Tentei duas vezes conseguir bilhetes para ir a Tampa e Miami, e não consegui sequer uma vaga na fila de espera", diz. Contas feitas, "ficou mais barato comprá-los aqui, voar para aqui, ficar aqui, comer aqui, do que comprar um bilhete pelo preço dos Estados Unidos para nem conseguir ver bem". A norte-americana explica que tentou comprar lugares com visão obstruída, que costumam ser mais baratos, mas "custavam $1300 no mínimo" (cerca de €1202). Para Jessi, vale a pena vir para outro continente ver um espetáculo de Taylor Swift porque "é muito especial a maneira como ela cuida dos fãs. Nas músicas, descreve a girlhood em todas as suas fases, é muito identificável". É uma resposta comum à pergunta "como consegue Taylor Swift agregar esta enorme comunidade?" Madalena acrescenta que "ela é a voz de muitas gerações. Usa a plataforma que tem para falar sobre temas importantes, como o feminismo e o machismo". Cristina concorda que "consegue transmitir na música as suas lutas, especialmente sendo mulher". Mais do que uma força de inspiração ou um modelo a seguir, Taylor Swift é, para a livreira e para tantas outras, uma voz amiga: "Faz-me sentir menos sozinha". 

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