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A arte da vida de Yoko Ono em Serralves

A exposição dedicada a Yoko Ono no Museu Serralves estava, inicialmente prevista para abrir ao público a 2 de abril, mas foi colocada em espera devido à atual pandemia. A reabertura do museu levou à retoma da agenda e Yoko Ono: O Jardim da Aprendizagem da Liberdade abriu no passado dia 30 de maio e pode ser visitada até 15 de novembro.

03 de junho de 2020 às 07:00 Carolina Carvalho

"A vida é como uma mala de viagem, pode-se apertar muita coisa lá dentro", disse Yoko Ono (Tóquio, 1933) em entrevista ao jornal britânico The Guardian, e a dela tem, certamente, muita bagagem. Nasceu numa família com posses, mas com os bombardeamentos de Tóquio em 1942 viram a vida tão abalada como a própria cidade e a menina de bem que estava proibida pela mãe de ouvir as conversas dos empregados chegou mesmo a passar fome. No rescaldo da II Guerra Mundial a família mudou-se para Nova Iorque e nos anos seguintes também viveu em Londres e regressou a Tóquio.

Yoko Ono tem construído uma carreira, na arte e na música, a par das reflexões de uma história de vida recheada de contrastes onde se inclui também o internamento numa instituição psiquiátrica após uma tentativa de suicídio, o assassinato do terceiro marido (há precisamente 40 anos) mesmo à sua frente e o facto de ter estado 27 anos sem ver a filha que, aos oito anos, foi raptada pelo pai e criada em cultos religiosos. A artista foi pioneira da arte conceptual e da performance e teve um papel percursor também no desenvolvimento do filme experimental. Nos primeiros trabalhos Neo-Dada notam-se as influências de Marcel Duchamp (artista dadaísta) e John Cage (músico, artista e filósofo).

A arte de Yoko Ono é, muitas vezes, um reflexo do sentido de humor e postura crítica da artista, mas também apela à participação do público. Logo no início da carreira, em 1960/61, na obra Painting to Be Stepped On pedia ao público para caminhar sobre uma tela no chão (questionando a separação da vida do dia a dia e a arte). Mas a performance de referência é Cut Piece, de 1964, colocava-se a si própria à mercê do público para lhe cortarem as roupas aos pedaços. Muitas das suas obras têm como ponto de partida as suas Instructions (Instruções), que são as diretrizes do papel ativo que o público deve ter nas obras. Em 1964 lançou um livro só com Instructions, chama-se Grapefruit e foi disruptivo para a época.

A artista de nacionalidade japonesa e americana é a protagonista da exposição Yoko Ono: O Jardim da Aprendizagem da Liberdade, que de 30 de maio a 15 de novembro estará patente no Museu Serralves, no Porto. Esta abrangente exposição reúne objetos, obras em papel, instalações, performances, gravações em áudio e filmes, e ainda materiais de arquivo raramente vistos. Assim como a instalação Arising também pede a participação do público e o site do museu convida mulheres, de todas as idades e nacionalidades, que tenham sido prejudicadas por serem mulheres, a entregar o seu testemunho escrito com uma fotografia dos olhos e o seu nome. A instalação Evento da Água também convida artistas portugueses a participarem numa escultura composta por recipientes de água. Conhecida na cultura popular como a mulher do ex-Beatle John Lennon, Yoko Ono tem despertado ao longo de décadas paixões e ódios, mas é, acima de tudo, uma artista em nome próprio.

Yoko Ono: O Jardim da Aprendizagem da Liberdade

Onde? Museu Serralves, Porto

Quando? De 30 de maio a 15 de novembro de 2020

Blue Room Event, Yoko Ono, 1966/2007. Vista da instalação com a artista. da exposição Yoko Ono: sognare, Museo di Santa Caterina, Treviso, Itália, entre 29 de setembro de 2007 e 7 de janeiro de 2008.
1 de 10 / Blue Room Event, Yoko Ono, 1966/2007. Vista da instalação com a artista. da exposição Yoko Ono: sognare, Museo di Santa Caterina, Treviso, Itália, entre 29 de setembro de 2007 e 7 de janeiro de 2008.
Arising, Yoko Ono, 2013/2016. Vista da instalação na exposição Yoko Ono: Lumière de L’aube, MAC Lyon, Lyon, França, entre 9 de março e 17 de julho de 2016.
Foto: Yoko Ono. Fotohrafia: Blaise Adilon
2 de 10 / Arising, Yoko Ono, 2013/2016. Vista da instalação na exposição Yoko Ono: Lumière de L’aube, MAC Lyon, Lyon, França, entre 9 de março e 17 de julho de 2016.
Instruction Paintings, Yoko Ono, 1999/2008. Vista da instalação na exposição Yoko Ono: sognare, Museo di Santa Caterina, Treviso, Itália, entre 29 de setembro de 2007 e 7 de janeiro de 2008.
Foto: Yoko Ono. Fotografia: Jon Hendricks
3 de 10 / Instruction Paintings, Yoko Ono, 1999/2008. Vista da instalação na exposição Yoko Ono: sognare, Museo di Santa Caterina, Treviso, Itália, entre 29 de setembro de 2007 e 7 de janeiro de 2008.
Open Window, Yoko Ono, 1998/1999. Vista de cartaz, parte da exposição Yoko Ono: Open Window, Umm El-Fachem Art Gallery, Umm El-Fachem, Israel, entre 17 de novembro de 1999 e 15 de janeiro de 2000.
Foto: Yoko Ono
4 de 10 / Open Window, Yoko Ono, 1998/1999. Vista de cartaz, parte da exposição Yoko Ono: Open Window, Umm El-Fachem Art Gallery, Umm El-Fachem, Israel, entre 17 de novembro de 1999 e 15 de janeiro de 2000.
Add Color (Refugee Boat), Yoko Ono, 1960/2016. Vista da instalação, parte da exposição YOKO ONO: Installations and Performances, Macedonian Museum of Contemporary Art, Thessaloniki, Grécia, entre 1 e 30 de outubro de 2016.
Foto: Macedonian Museum of Contemporary Art, Thessaloniki, Greece
5 de 10 / Add Color (Refugee Boat), Yoko Ono, 1960/2016. Vista da instalação, parte da exposição YOKO ONO: Installations and Performances, Macedonian Museum of Contemporary Art, Thessaloniki, Grécia, entre 1 e 30 de outubro de 2016.
Peace is Power, Yoko Ono, 2017/2019.  Cartaz (na Autoestrada 41), parte ddo 40º aniversário da Bob Rauschenberg Gallery, Fort Myers, Florida, entre 1 de agosto e 30 de setembro de 2019.
Foto: Yoko Ono. Fotografia: Kirsten Pettifor
6 de 10 / Peace is Power, Yoko Ono, 2017/2019. Cartaz (na Autoestrada 41), parte ddo 40º aniversário da Bob Rauschenberg Gallery, Fort Myers, Florida, entre 1 de agosto e 30 de setembro de 2019.
Freedom, Yoko Ono, 1971. Frame de vídeo.
Foto: Yoko Ono
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Voice Piece for Soprano, Yoko Ono, 1961/2010. Performance da artista, no Museum of Modern Art, Nova Iorque, no verão de 2010.
Foto: Yoko Ono. Fotografia: Anne Terada
8 de 10 / Voice Piece for Soprano, Yoko Ono, 1961/2010. Performance da artista, no Museum of Modern Art, Nova Iorque, no verão de 2010.
Cut Piece, Yoko Ono, 1964/2003. Performance da artista no Théâtre du Ranelagh, Paris, a 15 de setembro de 2003 em articulação com a exposição Yoko Ono: Women's Room, at Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, França, entre 2 de julho de 28 de setembro de 2003).
Foto: Yoko Ono. Fotografia: Ken McKay
9 de 10 / Cut Piece, Yoko Ono, 1964/2003. Performance da artista no Théâtre du Ranelagh, Paris, a 15 de setembro de 2003 em articulação com a exposição Yoko Ono: Women's Room, at Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, França, entre 2 de julho de 28 de setembro de 2003).
Telephone in Maze, Yoko Ono, 1971/2011. Imagem da instalação parte da exposição Yokohama Triennale 2011: Our Magic Hour, Yokohama Museum of Art, Yokohama, Japão, entre 6 de agosto e 6 de novembro de 2011.
Foto: Yoko Ono. Fotografia: Kioku Keizo
10 de 10 / Telephone in Maze, Yoko Ono, 1971/2011. Imagem da instalação parte da exposição Yokohama Triennale 2011: Our Magic Hour, Yokohama Museum of Art, Yokohama, Japão, entre 6 de agosto e 6 de novembro de 2011.
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