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48 horas em Marraquexe

Chamam-lhe cidade-jardim, pérola do sul e até cidade vermelha. Partimos à descoberta dos recantos mais incríveis do principal destino turístico de Marrocos e traçámos o programa para um fim de semana inesquecível.

04 de maio de 2016 às 11:10 Máxima
Sábado
Manhã

Se a ideia é optar por uma experiência típica, pernoitar nos riads, casas tradicionais com vários quartos e autênticos refúgios de paz, é a escolha acertada. Há mais de sete centenas em Marraquexe. O Riad Charik (Derb Zemour, 120) inclui pequeno-almoço marroquino servido no terraço e uma noite em quarto duplo fica a €40. Situado junto à mesquita e ao palácio, o Riad Hannah (Derb Assabane Riad Larrousse, 28) é uma boa opção para quem quer ficar no coração da Medina e desfrutar de uma noite em quarto duplo por apenas 17 (se o procurar em sites de promoções).

Com uma vista para o Atlas que parece uma miragem, o resort Domaine Royal Palm Marrakech, de seis estrelas, fica a 15 minutos de carro da cidade e é um verdadeiro oásis de luxo árabe, com um SPA da Clarins e uma piscina exterior. Aqui, os preços podem ir até aos 5 mil euros (www.domaineroyalpalm.com). Igualmente sumptuoso, o Hotel & Ryad Naoura Barrière (Rua Djebel Lakhdar, Bab Doukala) fica no centro da cidade e, em promoção, os preços por noite e por quarto chegam a estar a €170 no site do hotel (www.lucienbarriere.com).

A história de Marraquexe tem quase mil anos. Fundada em 1062 pelo sultão Yussef ben Tachfin, a cidade é delineada pela Medina, a zona histórica, considerada Património da Humanidade pela UNESCO. É esta a melhor forma de dar início à nossa viagem: admirar as muralhas fortificadas que marcam os limites de Marraquexe e se estendem ao longo de 19 quilómetros. Daqui seguimos em direção ao coração palpitante da cidade, a Praça Jemaa el-Fna, um palco artístico vivo com contadores de histórias, acrobatas, poetas, músicos, encantadores de serpentes, domadores de macacos, videntes e tatuadoras de henna, e onde se pode passear nas caleches marroquinas puxadas por cavalos, ou até provar pratos marroquinos quando, ao fim do dia, as tendas vazias se transformam em restaurantes de rua marcados por números e o cheiro a especiarias invade a praça. Aqui, e durante a manhã, vale a pena provar os sumos de laranja naturais que são feitos na hora e os frutos secos das bancas, uma boa forma de começar a apurar os sabores da cidade. De seguida mergulhamos pelas ruelas intermináveis dos souks, os mercados que vendem o trabalho ancestral dos artesãos marroquinos que vai da cerâmica à cosmética, da tapeçaria à joalharia. À medida que avançamos mercado adentro, percebemos que existem zonas distintas para cada arte, mas também que não há um caminho possível: há uma infinidade deles.
Entrar pelos souks é como entrar num labirinto. Se continuarmos a andar até ao coração do mercado havemos de chegar à Madraça Ben Youssef, uma antiga escola corânica do século XVI e um exemplo rigoroso da arquitetura árabe-andaluza. Por 20 dirhams (cerca de €2) vale a pena entrar para ver ao pormenor o interior do pátio e as antigas salas de aula dos aprendizes da religião islâmica. Logo em frente fica o Kubba El Ba'Adiyn, um dos mais antigos monumentos erguidos pela dinastia almorávida. Se houver tempo, o Museu de arte contemporânea e património cultural marroquino, situado no restaurado Palácio M'Nebhi, fica perto. A manhã termina com um almoço de cozinha marroquina no restaurante do Riad Dar TimTam, num pátio luminoso arborizado onde pode (e deve!) pedir a b’stilla, uma massa crocante recheada de carne, que pode ser doce ou salgada, e optar por uma das muitas saladas marroquinas que o restaurante dispõe, com base de cuscuz, tomate e especiarias.
Tarde e noite
Depois do almoço (e de qualquer refeição em Marraquexe, na verdade) há a tradição de beber um copo de chá de menta adocicado pois, e segundo o ditado marroquino, "quem bebe chá de menta, nunca lamenta". De volta à Praça Jemaa el-Fna são dez minutos a pé até ao Palácio da Bahia, a paragem que se segue. Mas antes, não há como não passar no Café Argana para provar um gelado de canela, o mais típico de entre a diversidade de sabores disponíveis, e apreciar a vista sobre a praça com calma.
Já no Palácio da Bahia, a antiga residência de um grão-vizir (o equivalente a um ministro dos nossos dias), situada junto à mellah,o bairro judeu, encontramo-nos perante um dos mais belos palácios de Marrocos, construído no final do século XIX. Imponente e majestoso, podemos atravessar os seus pátios sombreados e jardins com fontes, e até entrar nos espaços onde habitavam as quatro esposas e as 24 concubinas de Ba Ahmed Ben Moussa. A entrada são 10 dirhams (€1).
A fim de provar a reinventada cozinha marroquina do chef Mohamed Fedal, segue-se um jantar no restaurante Dar Moha (Rua Dar el-Bacha, 81), onde os típicos pratos marroquinos são inovados com ingredientes alternativos, um dos segredos do espaço. Junto às palmeiras e flores exóticas que compõem a decoração deste antigo riad, temos direito a música ao vivo com uma dupla de artistas marroquina. O preço médio são 500 dirhams (€50) por pessoa, ao jantar. Para quem gosta de dançar, segue-se uma noite no lounge bar do Jad Mahal (Rua Haroun Errachid), um dos mais carismáticos bares de Marraquexe.
Domingo
Manhã
"Salam aleikum." Sabemos que estamos em Marraquexe quando acordamos com esta saudação árabe de paz. Pela manhã do segundo dia partimos para a área nova da cidade, não sem antes passar pelo monumento mais alto da cidade, a Mesquita Koutoubia, cujo minarete tem 77 metros. Era onde os livreiros e vendedores de manuscritos se instalavam, no século XII. Seguindo até à Rua Yves Saint Laurent, na zona moderna (a guéliz), paramos em frente ao emblemático Jardim Majorelle (a entrada são 70 dirhams), a antiga residência de Pierre Bergé e Yves Saint Laurent. A magia deste lugar é instantânea. Se por ser um recanto exótico com mais de 1800 espécies de catos e flores tropicais, se por imaginarmos o criadorem busca de inspiração pelas ruas do jardim, se por existir para si um memorial e um museu no interior ? é difícil dizer.

  • Passeio em dromedário pela La Palmeraie, a zona com jardins, pomares, campos e mais de 150 mil palmeiras (uma hora custa cerca de €25 por pessoa, em www.viajesmarrakech.com).

  • Visita aos Túmulos Saadianos, os jardins-cemitério.

  • -  Viagem em balão de ar quente sobre a cidade (cerca de €200 euros por pessoa em www.cieldafrique.info).

  • - Workshop de cozinha marroquina na La Maison Arabe (€60 por pessoa, até 10 participantes).

  • - Tour de Marraquexe até Zagora com acampamento no deserto (2 dias, desde €59 por pessoa, em www.igomorocco.com). 

Tarde e noite
Raramente chove em Marraquexe, onde o ar é limpo e perfumado pelos incontáveis aromas exóticos da cidade, que vão do intenso cheiro a caril ao subtil perfume das rosas. Para almoçar, o Al-Fassia Guéliz (Rua Mohammed Zerktouni, 55) é uma referência da cozinha marroquina e fica numa perpendicular à avenida principal da zona nova, a Avenida Mohammed V, o nome do filho do sultão Yusef, que reinou até 1961. No Al-Fassia, e se estivermos com vontade de experimentar novos sabores, a entrada será o prato tradicional do Magreb, a b’stilla de pombo, e o mechoui (cordeiro assado) o prato principal (para dois, fica por cerca de 360 dirhams, cerca de €36).
A última tarde é o momento ideal para desfrutar de uma das experiências essenciais em Marraquexe: os hammams. Segundo a tradição, são banhos turcos para ir em comunidade, e se quiser experimentar os públicos, vai encontrar um em qualquer esquina da cidade. Para uma experiência mais personalizada que inclui massagens com óleo de argão, esfoliação com sabão negro, duches quentes e um ambiente de puro relaxamento, o Hammam de la Rose (Dar El Bacha, Medina, 120) e o Les Bains de Marrakech (Derb Sedra, Bab Agnagou, 2) são as melhores opções, com preços a partir dos 200 dirhams (aproximadamente €20) por 45 minutos.
O jantar é no restaurante mais antigo da cidade, Dar Essalam, situado no Riad Zitoun Kedim, 170. Foi aqui, mais precisamente no salão K’Dim, que Alfred Hitchcock rodou uma cena do filme O Homem que Sabia Demais com James Stewart e Doris Day, em 1956. É fácil perceber o porquê desta escolha. Ao entrar, ficamos hipnotizados seja pelo fascínio natural do espaço, decorado com motivos árabes, seja pelas mais de cinco entradas que rapidamente nos fazem crescer água na boca. No fim, deixemo-nos estar saboreando o fumegante chá de menta ao som dos derbakes e bouzoukis tocados pelos músicos locais, numa sintonia musical perfeita com o espetáculo de equilibrismo e dança do ventre, enquanto batemos palmas e simpaticamente nos respondem "shukran" (obrigado).

Por Rita Silva Avelar

*Originalmente publicado na edição de Abril de 2016 (331)

 

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