Portugal é dos países da EU que mais progrediu na igualdade de género

Portugal ocupa o 16º lugar do Índice de Igualdade de Género, tendo sido o estado membro da EU que mais evoluiu entre 2015 e 2017, apesar de continuar abaixo da média.

15 de outubro de 2019 às 19:03 Vitória Amaral

De acordo com os dados do Índice de Igualdade de Género divulgados hoje, Portugal obtém um total de 59.9 pontos em 100, mais 10 do que em 2005 (primeiro índice) e mais 3.9 que em 2015, colocando-o em 16º lugar nos 28 países da União Europeia. Apesar de o valor total estar 7,5 pontos abaixo da média europeia (67,4), o EIGE (Instituto Europeu para a Igualdade de Género) diz que o país tem estado a evoluir a um ritmo mais acelerado do que a mesma.

As classificações portuguesas ficam sempre abaixo da média europeia quando se tratam das seis áreas avaliadas (trabalho, dinheiro, conhecimento, tempo, poder e saúde). Esta desigualdade é mais acentuada nas áreas do poder, ao contrário da área da saúde, com a classificação mais elevada. No entanto, é precisamente na área do poder que a evolução entre 2005 e 2017 foi mais acentuada, alcançando 46,7 pontos (mais 24,5 pontos do que em 2005 e mais 12,8 do que em 2015) e evoluindo quase o dobro da média da EU, que entre o mesmo período de tempo conseguiu 13 pontos.

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"Portugal introduziu uma quota para candidatos legislativos de 33% em 2006, e a percentagem de mulheres no parlamento aumentou de 20% no início de 2005 para 36% em 2015. A fatia de mulheres ministras aumentou de 14% para 35% entre 2005 e 2018 e a fatia de mulheres deputadas também cresceu, de 24% para 36% no mesmo período. As mulheres representam 24% dos membros das assembleias regionais", consta o relatório.

Segundo o EIGE, Portugal também progrediu no poder económico, usando como exemplo o Banco de Portugal, onde a percentagem de mulheres na administração passou de 0% para 33% entre os mesmos anos.

Quanto à área da saúde, onde Portugal obtém classificação mais elevada das seis áreas, não houve alterações significativas desde 2005, com 84,5 pontos. Abaixo da saúde está a área do trabalho, com 72,5 pontos, uma taxa de desemprego de 71% nas mulheres e de 79% nos homens, entre a faixa etária dos 20 aos 64 anos, perfazendo uma taxa global de 75%.

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Destaca-se, também, a concentração desigual de mulheres a trabalhar na área da educação, saúde ou trabalho social em comparação com apenas 7% de homens, que por sua vez representam 31% dos trabalhadores nas áreas da ciência, tecnologia e matemática, face a 9% de mulheres.

A área do dinheiro conta com 72,1 pontos, com mais 1,2 pontos do que em 2015, sendo que aqui o EIGE sublinha um crescimento na desigualdade de género entre 2006 e 2014 - as mulheres ganharam assim menos 16% do que os homens. O risco de pobreza manteve-se inalterado desde 2005, e segundo o relatório " Nos casais com e sem crianças, as mulheres ganham menos um quarto do que os homens".

O EIGE refere que " A desigualdade de género - em detrimento das mulheres - é muito maior entre os que têm um baixo nível de educação, pais solteiros ou pessoas que vivem sozinhas"

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Quanto à área do conhecimento, Portugal está em 23º lugar entre os 28 países da EU, mas "melhorou significativamente nos subdomínios da realização e da participação", destacando-se o aumento da percentagem de mulheres licenciadas com mais de 65 anos de 11% para 21% entre 2005 e 2017.

Além do mais, o relatório ainda destaca que a violência contra as mulheres é uma consequência e um motivo de desigualdades persistentes entre os géneros em todas as áreas estudadas. O EIGE estima ainda que entre 5% a 23% das raparigas migrantes a viver em Portugal estejam em risco de excisão; havendo também registo de 58 mulheres vítimas de tráfico humano.

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