De acordo com os dados do Índice de Igualdade de Género divulgados hoje, Portugal obtém um total de 59.9 pontos em 100, mais 10 do que em 2005 (primeiro índice) e mais 3.9 que em 2015, colocando-o em 16º lugar nos 28 países da União Europeia. Apesar de o valor total estar 7,5 pontos abaixo da média europeia (67,4), o EIGE (Instituto Europeu para a Igualdade de Género) diz que o país tem estado a evoluir a um ritmo mais acelerado do que a mesma.
As classificações portuguesas ficam sempre abaixo da média europeia quando se tratam das seis áreas avaliadas (trabalho, dinheiro, conhecimento, tempo, poder e saúde). Esta desigualdade é mais acentuada nas áreas do poder, ao contrário da área da saúde, com a classificação mais elevada. No entanto, é precisamente na área do poder que a evolução entre 2005 e 2017 foi mais acentuada, alcançando 46,7 pontos (mais 24,5 pontos do que em 2005 e mais 12,8 do que em 2015) e evoluindo quase o dobro da média da EU, que entre o mesmo período de tempo conseguiu 13 pontos.
"Portugal introduziu uma quota para candidatos legislativos de 33% em 2006, e a percentagem de mulheres no parlamento aumentou de 20% no início de 2005 para 36% em 2015. A fatia de mulheres ministras aumentou de 14% para 35% entre 2005 e 2018 e a fatia de mulheres deputadas também cresceu, de 24% para 36% no mesmo período. As mulheres representam 24% dos membros das assembleias regionais", consta o relatório.
Segundo o EIGE, Portugal também progrediu no poder económico, usando como exemplo o Banco de Portugal, onde a percentagem de mulheres na administração passou de 0% para 33% entre os mesmos anos.
Quanto à área da saúde, onde Portugal obtém classificação mais elevada das seis áreas, não houve alterações significativas desde 2005, com 84,5 pontos. Abaixo da saúde está a área do trabalho, com 72,5 pontos, uma taxa de desemprego de 71% nas mulheres e de 79% nos homens, entre a faixa etária dos 20 aos 64 anos, perfazendo uma taxa global de 75%.
Destaca-se, também, a concentração desigual de mulheres a trabalhar na área da educação, saúde ou trabalho social em comparação com apenas 7% de homens, que por sua vez representam 31% dos trabalhadores nas áreas da ciência, tecnologia e matemática, face a 9% de mulheres.
A área do dinheiro conta com 72,1 pontos, com mais 1,2 pontos do que em 2015, sendo que aqui o EIGE sublinha um crescimento na desigualdade de género entre 2006 e 2014 - as mulheres ganharam assim menos 16% do que os homens. O risco de pobreza manteve-se inalterado desde 2005, e segundo o relatório " Nos casais com e sem crianças, as mulheres ganham menos um quarto do que os homens".
O EIGE refere que " A desigualdade de género - em detrimento das mulheres - é muito maior entre os que têm um baixo nível de educação, pais solteiros ou pessoas que vivem sozinhas"
Quanto à área do conhecimento, Portugal está em 23º lugar entre os 28 países da EU, mas "melhorou significativamente nos subdomínios da realização e da participação", destacando-se o aumento da percentagem de mulheres licenciadas com mais de 65 anos de 11% para 21% entre 2005 e 2017.
Além do mais, o relatório ainda destaca que a violência contra as mulheres é uma consequência e um motivo de desigualdades persistentes entre os géneros em todas as áreas estudadas. O EIGE estima ainda que entre 5% a 23% das raparigas migrantes a viver em Portugal estejam em risco de excisão; havendo também registo de 58 mulheres vítimas de tráfico humano.