Margaret Atwood e Bernardine Evaristo, duas mulheres vencem o Booker Prize 2019
Pela primeira vez em 50 anos, o mais prestigiado prémio literário de língua inglesa foi entregue a duas escritoras. Oficialmente, as regras foram quebradas para ambas serem premiadas. Evaristo também fez história ao ser a primeira mulher negra a ganhar a distinção. Atwood é a mais velha.

A noite desta segunda-feira, dia 14 de novembro, representou um grande acontecimento para a literatura inglesa e mundial – e também para as mulheres. The Testaments, de Margaret Atwood, e Girl, Woman, Other da britânica Bernardine Evaristo foram as obras vencedoras do Booker Prize de 2019. Pela primeira vez na história do prémio, criado em 1969, duas mulheres partilham o galardão.
Para tal acontecer, os jurados desrespeitaram as normas do prémio. Ter dois vencedores já foi permitido – em 1974 a distinção foi dada em conjunto a Nadine Gordimer e Stanley Middleton e, em 1992, a Michael Ondaatje e Barry Unsworth – só que, em 1993, as regras foram alteradas para que apenas um autor pudesse ganhar. É a primeira vez desde então que dois autores são anunciados como co-vencedores e, neste caso, duas autoras pela primeira vez desde sempre. "Ao serem informados de que era definitivamente contrário às regras, os juízes mantiveram uma discussão mais aprofundada e optaram por desprezá-las", declarou Gaby Wood, diretora literária da Fundação Booker Prize. "Hoje, na sala, conversamos durante cinco horas sobre os livros de que gostamos. (…) Ambos são livros fenomenais que irão encantar os leitores e ressoarão nas próximas gerações", completou Peter Florence, presidente dos jurados deste ano.

Atwood e Evaristo vão partilhar o prémio em dinheiro de 50 mil libras, cerca de 57.400 euros. Com 79 anos, Margaret Atwood torna-se a mais velha autora a conquistar a distinção. A canadiana conquistou o feito pela segunda vez – venceu o prémio em 2000, com O Assassino Cego (editado em 2001 pela Bertrand em Portugal) – e é a quarta autora a ser distinguida duas vezes. The Testaments, o novo romance de Atwood já está à venda em inglês nas livrarias portuguesas e não há previsão de publicação da obra em português. A história do livro é narrada por três personagens femininas e é uma sequela de A História de uma Serva, passa-se 15 anos após o livro-sensação que se transformou em série de televisão.
Já a primeira vitória de Bernardine Evaristo a faz a primeira mulher negra a ganhar o Booker Prize desde 1969. Filha de pais ingleses e nigerianos, Evaristo já escreveu oito livros e é professora de escrita criativa na Universidade de Brunel, em Londres. Girl, Woman, Other conta a história de 12 personagens dos séculos XX e XXI, a maior parte das quais são mulheres negras a viver no Reino Unido.
As duas obras vencedoras foram distinguidas entre 151 livros submetidos. No ano passado, o Booker foi atribuído a Milkman, da escritora irlandesa Anna Burns – o romance chegou (finalmente) às livrarias portuguesas a 19 de setembro deste ano, com chancela da Porto Editora.

We’re delighted to announce that the winners of The #BookerPrize2019 are @MargaretAtwood with The Testaments @ChattoBooks and @BernardineEvari with Girl, Woman, Other @HamishH1931 #FinestFiction https://t.co/SQurx2Ky4u pic.twitter.com/zfyGHQIYaX

Quem é Samantha Harvey, a vencedora do Booker Prize deste ano?
Foi com o livro "Orbital", o seu quinto romance, que esta autora britânica venceu o galardão literário mais prestigioso do Reino Unido. Este ano, a shortlist de candidatos era quase totalmente composta por mulheres, algo que, na história do prémio, ocorreu apenas em 2019.