Para a ONU as questões climáticas são um problema de género

A solução é aumentar o número de mulheres na política.

ONU-Mulheres-agricultura-alterações-climaticas-clima Foto: Getty Images
14 de fevereiro de 2019 às 17:18 Inês Fernandes

Segundo um relatório divulgado pelo Fundo para a População das Nações Unidas (cuja sigla em inglês é UNFPA) as mulheres são um fator importante para combater as mudanças climáticas. O estudo de 2009 aponta que as mulheres mais pobres, dos países menos desenvolvidos, são as mais afetadas pelas alterações climáticas, apesar de serem as que menos contribuem para o aquecimento global.

De forma a compreender qual o papel da desigualdade de género no clima, a UNFPA, que é um membro da ONU, aponta que só 2,5 mil milhões de pessoas ganham dinheiro suficiente – o equivalente a 10 dólares por dia - para que o seu consumo afete o clima. Isto é, apenas um terço da população é responsável pelas emissões mundiais.

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Enquanto, a longo prazo, um crescimento mais lento da população melhorava a situação, atualmente faria pouca diferença para o clima. Isto porque, os países que consomem mais e produzem mais emissões, já observam uma descida na natalidade ou mesmo um declínio na população; enquanto os países em desenvolvimento têm tendência a uma grande pobreza e a poucos níveis de emissões.

Como os países desenvolvidos procuram melhorar a sua qualidade de vida, estes necessitam que haja crescimento económico e, consequentemente, maior consumo. Mas os elementos adjacentes ao consumo – como melhor saúde, educação e fortalecimento – também são capazes de promover uma maior sustentabilidade.

O facto de as mulheres ganharem menos faz com que tenham um menor impacto nas mudanças climáticas. "Como as mudanças climáticas afetam os ecossistemas e a agricultura, muitos dos efeitos negativos afetarão desproporcionalmente mulheres pobres, que assumem a responsabilidade de produção de alimentos e de buscar a água em muitas partes mundo", sublinha outro documento lançado pela UNFPA em 2016.

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As alterações climáticas impactam muito mais as populações dos países que dependem dos recursos naturais para sobreviver, e os que têm menos capacidades de responder a desastres naturais, tais como seca, cheias, deslizamentos e furacões. O facto de haver discrepâncias no poder de decisão e no mercado de trabalho, entre homens e mulheres, não ajuda a que as mulheres saiam da sua situação de pobreza – as mulheres enfrentam maiores riscos derivados do impacto climático, e a maioria da população empobrecida é feminina. A falta de poder e liderança feminina faz com as mulheres não tenham voz para contribuir para políticas relacionadas com o clima.

Mesmo assim, as mulheres podem e devem contribuir no combate às alterações climáticas através da sua capacidade de liderança e conhecimento local (por exemplo, implementar em casa técnicas mais sustentáveis e amigas do ambiente). A participação política das mulheres resulta numa maior resposta às necessidades dos cidadãos, culminando muitas vezes, em respostas mais pacíficas e rentáveis. Em termos locais, a inclusão de mulheres no poder, resulta em melhores desfechos de projectos e políticas relacionadas com o clima.

Uma das soluções apontadas no relatório é que as novas tecnologias devem ajudar a que, no futuro, se promova desenvolvimentos amigos do ambiente.

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Também a criação de cidades e estruturas mais sustentáveis e ecológicas poderia diminuir emissões futuras. Para isso, seria necessário alternativas mais eficientes aos transportes públicos, habitação e utilidades, que são apontadas como as principais formas de consumo.

A UMFPA sublinha ainda que a promoção da emancipação da mulher, principalmente através da educação e da saúde, vai reduzir a pobreza e trazer impactos positivos no clima.

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