Michael Fassbender na linha da frente

 O sucesso do ator irlandês já não é novidade, mas ainda parece surpreendê-lo. 

Michael Fassbender na linha da frente
09 de janeiro de 2014 às 07:00 Máxima

Grato pelas oportunidades que tem tido, confessa a vontade de passar para o lado de lá da câmara e de experimentar novos registos, como a comédia. Para já, podemos revê-lo ao lado de Brad Pitt, em O Conselheiro.

 

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Fassbender, de 36 anos, cresceu em Killarney, no sudoeste da Irlanda, filho de pai alemão e mãe irlandesa. Depois de estudar no Drama Centre, em Londres, trabalhou em projetos televisivos como Irmãos de Armas, Hearts and Bones e Hex. Foi no inquietante filme de Steve McQueen, Fome, em que encarnou Bobby Sands, o republicano irlandês que morreu após uma greve de fome na prisão de Maze, em Belfast, que conseguiu o desempenho que o lançou para a ribalta. Esta notável interpretação de Fassbender granjeou-lhe vários galardões, incluindo o de Melhor Ator nos British Independent Film Awards, Silver Hugo Award para Melhor Ator no Festival Internacional de Cinema de Chicago e Melhor Ator nos Irish Film and Television Awards. Participou também em 300, Sacanas Sem Lei, Jane Eyre, X-Men: O Início, Uma Traição Fatal e Prometheus. Terminou recentemente, sob a direção de Terrence Malick, um filme, ainda sem título, protagonizado também por Ryan Gosling e Christian Bale, e voltou a juntar-se a Steve McQueen, o realizador de Vergonha, para rodar 12 Years a Slave, que estreou este outono nos Estados Unidos.

 

Agora, encabeça um cartaz de luxo no thriller criminal O Conselheiro, realizado por Sir Ridley Scott, baseado num argumento original escrito por Cormac McCarthy, distinguido com um Prémio Pulitzer. Fassbender [Vergonha, Um Método Perigoso] junta-se a um elenco que inclui Cameron Diaz, Javier Bardem, Penélope Cruz e Brad Pitt. Fassbender, que protagonizou o êxito de bilheteira Prometheus, também realizado por Ridley Scott, interpreta a personagem que dá título ao filme, o Conselheiro, um advogado atraído para um negócio de droga pela promessa de enriquecimento rápido. As consequências da sua ganância levam-no a um confronto violento com um implacável cartel de droga mexicano que protegerá os seus interesses a qualquer custo e eliminará quem quer que se atravesse no seu caminho, incluindo, se necessário, o Conselheiro e os seus entes queridos.

 

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- A génese deste filme parece ter sido muito rápida. Para si, quando é que tudo começou?

 

Não me lembro. Só sei que, realmente, foi tudo muito rápido. Foi antes de ter ido para Nova Orleães, portanto sei que estava a rodar 12 Years a Slave e comecei logo a trabalhar neste. Acho que tive qualquer coisa como uma semana e meia entre os dois trabalhos, portanto foi acabar um e começar logo o outro.

 

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- É um papel de sonho: argumento de Cormac McCarthy, realização de Ridley Scott e excelentes diálogos que, para um ator, devem ser um prazer estudar.

 

Sem dúvida, embora o Conselheiro seja bastante parco em palavras. Parece que é aconselhado por toda a gente que o rodeia e, no entanto, é a ele que chamam conselheiro – o que é muito interessante. Eu gosto de fazer cenas longas porque é divertido e porque há mais coisas em jogo para toda a gente, para toda a equipa. Acho que se gera uma energia que é palpável, e isso agrada-me sempre muito. Com o Brad e o Ridley, uma cena de nove páginas reduz-se a três câmaras, e lá vamos nós. Não é todos os dias que temos oportunidade de trabalhar sobre uma escrita tão requintada e sofisticada. Este é um argumento em que não sabemos o que vai acontecer a seguir e como é que as personagens vão progredir ou regredir, ou o que lhes vai acontecer. Está muito bem feito, com a quantidade de informação que Cormac liberta e aquela que retém ou deixa em aberto, para que o ator ou o público preencham os espaços em branco. É um excelente exercício de equilíbrio. Cormac é, de facto, um mestre; não há muita gente capaz de fazer isto. Mal entramos num cenário e começamos a investir numa personagem, ela desaparece e estamos noutro sítio. No terceiro ato, tudo converge e se torna claro, percebe-se o que significavam todas as componentes e como elas têm um efeito de dominó entre si. É muito raro conseguir-se um argumento assim.

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- Ridley descreveu-o como “selvagem e violento”. Concorda?

 

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Sim, acho que é belo e brutal. No que diz respeito à minha personagem, é claro que há a relação com a personagem da Penélope, e isso é real. Algumas das coisas que dizem um ao outro poderiam ser consideradas bastante grosseiras se não se tratasse de duas pessoas apaixonadas que estão a ser sinceras e estão completamente loucas uma pela outra.

 

- Estão inebriadas uma com a outra?

 

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Sim, e isso tem de estar lá porque, se não estivesse, não estaria nada em jogo para as personagens e o público não o sentiria. Trata-se de uma escrita sincera, diria eu. Belo e brutal é como eu caracterizaria este argumento.

 

- É uma experiência diferente de Prometheus? Ou tem muito em comum porque se trata de Ridley Scott?

 

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Estamos a andar mais depressa. Obviamente, quando se faz um filme como Prometheus, estamos a lidar com imagens 3D, com toda aquela montagem, e isso consome muito tempo. Mas aqui estamos a andar muito depressa, o processo tem uma grande fluidez, toda a equipa respira confiança. Tive o privilégio de trabalhar com eles em Prometheus e agora, novamente, em O Conselheiro. O Ridley é leal e a sua equipa funciona como uma máquina bem lubrificada. E é ótimo estar de volta e ver estas caras outra vez: não só são do melhor que há naquilo que fazem como são também gente muito simpática. Portanto, é fácil. Toda a gente está a fazer o seu trabalho, em harmonia, e é extraordinário ver isso. É uma equipa numerosa que inclui três ou quatro equipas de câmara, e funcionam todos em tandem, é bonito de ver.

 

- Conhecia o trabalho de Cormac para além das adaptações dos seus livros ao cinema? Conhecia os seus romances?

 

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Sim. Li Meridiano de Sangue e A Estrada. Claro que conhecia os romances do Cormac e, obviamente, Este País Não é Para Velhos [o filme], mas este é o seu primeiro argumento para uma longa-metragem, portanto penso que é empolgante para toda a gente, incluindo ele próprio, espero. Ele tem estado aqui no set todos os dias, pelo que faz, sem dúvida, parte da equipa, e está muito presente. Tem sido muito interessante acompanhar este processo. Escrever um livro é uma coisa, mas escrever um argumento é outra muito diferente, claro. Mas ele faz com que pareça fácil. [Ri]

 

- Ele disse que é a história de um homem que toma uma decisão completamente errada. Concorda com isso?

 

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Sim. Acho que o problema do Conselheiro é que ele pensa que é mais esperto do que na realidade é. Há nele uma arrogância que lhe vai custar cara. Eu queria que ele fosse um homem comum, mas ele colocou a fasquia demasiado alta. Correu um risco sem medir bem as consequências que isso poderia ter e acaba por ficar completamente sem pé. E são-lhe dadas bastantes oportunidades de arrepiar caminho. Há uma pequena cena em que eu contraceno com o Toby Kebbell, que faz de Tony, e em que ele dá a entender que o Conselheiro já tem as mãos sujas de outros negócios anteriores. E não há dúvida nenhuma de que este Tony não está dentro da lei, mas ele diz que já há uma história entre eles os dois e insinua que o Conselheiro é um bocado escuso. Portanto, há ali uma história qualquer, mas o tema não volta a ser desenvolvido. Por conseguinte, porque é que ele se envolve no tráfico de droga? Para mim, ele gastou mais do que a conta, precisa de dinheiro e é por isso que decide alinhar neste negócio só por uma vez. Naturalmente, como toda a gente sabe, se se entra nesse mundo, isso não existe, não pode ser “só uma vez”. E isso desencadeia uma série de acontecimentos.

É ingénuo pensar que se pode entrar e sair de um negócio assim, que é tão lucrativo e em que o retorno é tão alto. Tem de haver um preço a pagar. Olhamos para o estilo de vida daquela gente, e é sumptuoso. Hoje estivemos a filmar algumas cenas em casa de Reiner e o tipo mora numa casa fantástica; gasta muito dinheiro porque sabe que a prisão ou a morte estão iminentes. Eles trabalham com muita gente que sabe o que eles fazem. Há o gangue próprio, que pode tramá-los; há o gangue rival, contra o qual trabalham, que pode dar cabo deles; e há a polícia. Portanto, vivem num estado de paranoia constante. Têm de sacrificar muita coisa para se manter nesse mundo e fazer parte dele. A recompensa é grande, mas os riscos também são.

 

- É o seu segundo filme com Ridley. Isso facilita o primeiro dia?

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Sim, com certeza. Eu estou sempre nervoso no início de um trabalho. A primeira semana é sempre quando a personagem anda e fala pela primeira vez em frente da equipa, em frente de um público, portanto dá sempre um bocado de borboletas no estômago mas, depois da experiência de Prometheus, foi mais fácil da segunda vez. Lembro-me de pensar, no meu primeiro dia do Prometheus: “Meu Deus, como é que vai ser?” Mas o Ridley e eu demo-nos bem logo desde esse dia. E a primeira coisa que me surpreendeu foi como ele é amigável para com os atores, e tão específico. As suas notas são muito imaginativas, práticas e úteis, precisas e diretas. É um grande prazer trabalhar com ele. E vê-lo a lidar com cada departamento. Ele conhece-os todos de dentro para fora, sabe falar as suas linguagens e inspirá-los. E trata-se de pessoas que são especialistas nas suas áreas, mas, ainda assim, ele dá-lhes ideias. É extraordinário e impressionante.

 

- É um diretor de atores?

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Sim, absolutamente. É uma pessoa aberta, não se comporta como se fosse o chefão. Nunca sentimos isso porque se trata de uma colaboração. E é claro que ele nos manipula da maneira certa para conseguir o que quer. [Ri] É um mestre na arte da manipulação, como o são todos os grandes realizadores, mas é muito aberto. Mostramos-lhe uma coisa e ele diz: “Gosto da ideia, vamos aproveitá-la.” E a seguir diz: “Talvez isso o leve a fazer aquilo.” É muito vivo e arguto. É espantoso vê-lo a trabalhar porque ele está atento a tudo o que está a acontecer no set.

 

- E quanto ao elenco? Trabalhou com todos os protagonistas?

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Não tenho nenhuma cena com a Malkina [Cameron Diaz]. Ela sai de uma cena quando eu entro. Passamos um pelo outro, e eu conheço-a porque conheço o Reiner. Portanto, há uma cena em que ela está a sair do escritório do Reiner quando eu entro. Ela está muito à vontade naquele mundo, e ele pensa que está e dá a entender que está, mas não, está completamente fora de jogo. Foi ótimo voltar a trabalhar com o Brad. Já participámos juntos em alguns projetos, como Sacanas Sem Lei, depois reencontrámo-nos em 12 Years a Slave e fizemos uma cena de nove páginas. Na verdade, essa cena é principalmente do Brad, e é excelente. Sinto-me muito privilegiado por estar nesta posição. Uma coisa é ter trabalho; começamos a trabalhar e a ganhar dinheiro, mas ter este tipo de oportunidades excede de longe as nossas expectativas. É claro que eu sonhava com isto, tinha esperanças de que acontecesse, mas estar a concretizar esses sonhos é fantástico.

 

- Cormac disse que a génese do filme foi muito rápida e que tiveram sorte por todos os atores estarem disponíveis. Teve de adiar alguma coisa para fazer este filme?

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Não. Tirei um ano. Acabei por fazer muitas entrevistas e campanhas, de setembro [2011] até ao Natal, e isso também é trabalho, embora diferente. Mas não estava em frente a uma câmara até 12 Years A Slave, que foi em maio [2012], e já não fazia nada desde junho [2011]. Foi bom mas, como digo, estive bastante ocupado a dar entrevistas e a fazer promoção e, imediatamente a seguir, tirei dois meses de férias. Desliguei o telefone e desapareci.

 

- Numa viagem na sua moto?

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Sim, foi fantástico. Fiz oito mil quilómetros, percorrendo a Europa. É uma experiência que quero seguramente repetir. Hei de encontrar a próxima viagem.

 

- O seu agente deixou-o em paz?

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Sim. Na verdade, não tiveram outro remédio porque, fosse como fosse, eu não atendia o telefone. [Ri] Mas não ficaram muito chateados. Eu disse: “Vou-me embora, encontramo-nos em Veneza.” E depois fui ter com eles, para o festival. Também fui de moto a San Sebastian.

 

- E, quando voltou a emergir, como é que soube d’O Conselheiro?

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O Ridley enviou-me o argumento e disse: “Isto é o máximo. Vamos jantar e conversar?” E depois perguntou-me o que eu achava, e eu respondi: “Sim, vamos em frente.” Nessa altura, a única coisa que eu tinha agendada era o filme do Steve [McQueen], e ia ser antes, mas acabou por ser depois. As coisas acabaram por se conjugar e as datas também pareciam ser viáveis. Portanto, o Brad veio no início, porque tinha de ir logo embora, e depois toda a gente se encaixou à volta, como peças de um puzzle. E – deixa cá bater na madeira – o resultado final é bom.

 

- Com um argumento destes, tinha de ser…

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Sim. É a primeira vez que os elementos da equipa vêm ter comigo e dizem: “Sabes, este vou mesmo querer ver.”

 

- Há algum humor no argumento. Isso é importante?

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Bem, espero que sim, o humor tem de estar lá. Quando estamos a lidar com coisas que são tão brutais e viscerais como estas, acho que o humor tem de estar lá. O humor distrai o público e, se fazemos as pessoas rir e depois as atingimos com alguma coisa chocante ou comovente, elas vão estar muito mais recetivas a aceder a essa emoção do que se estivéssemos sempre a bombardeá-las com o mesmo. Tento sempre introduzir alguns momentos divertidos em tudo o que faço.

 

- A cena de abertura é muito divertida e muito sensual…

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Sim, é verdade. E é como eu disse antes: duas pessoas dizem coisas estúpidas quando estão juntas, coisas que nos fariam corar se alguém estivesse a ouvir, mas são duas pessoas a dizer patetices uma à outra. É como se estivéssemos numa bolha e o resto do mundo não existisse. Quando estamos sentados a jantar, é aquela pessoa que está ali à nossa frente e não existe nada para além dela. Porque eles não estão sempre juntos, a sua relação é à distância. Portanto, acabamos por ter muitas conversas ao telefone e essas conversas podem tornar-se um bocadinho picantes, e isso é bom porque é realista.

 

- Vai produzir?

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Sim. Foi um bocado por essa razão que fiz esta pausa e foi isso que fiz durante este ano que tirei. Tenho estado a trabalhar com alguns argumentistas e a tentar desenvolver algumas coisas. É o próximo desafio, e é empolgante e gratificante e frustrante… Sabe, faz-nos dar um valor aos produtores que eu talvez não desse antes. [Ri]

 

- É um grande investimento em termos de tempo…

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Sim, e depois pode nem sequer avançar. É realmente um trabalho que exige amor. É muito intenso e extremamente abrangente porque, se não fizerem as coisas acontecer, elas não acontecem. Tenho muito respeito pelos bons produtores que há por aí, e também pelos argumentistas. Tem sido fascinante trabalhar com eles desde o início e ver o desenrolar do processo, em vez de chegar e encontrar um produto acabado. E isso é fixe. É interessante porque, até agora – e quem sabe o que o futuro nos reserva –, esta tem sido uma jornada a solo: tentar arranjar trabalho como ator, tentar causar uma impressão que me permita trabalhar de uma forma estável, numa posição mais ou menos segura. E sabe, cheguei a um certo patamar no ano passado – mais uma vez, quem sabe o que o futuro nos reserva – em que pensei que, a partir de então, procuraria concentrar-me na experiência coletiva, e estou a gostar mesmo muito. Estou a aprender em todas as áreas e espero talvez um dia passar para o outro lado da câmara. Espero ter essa oportunidade e ter uma história para contar. Mas, para já, dou-me por satisfeito por estar a desenvolver projetos e ver como as coisas correm.

 

- Mas é só no instinto que baseia a sua decisão quando recebe um argumento?

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Sem dúvida. E se há coisa boa que eu tenha é o meu instinto. Claro que nem sempre funciona, isso é uma inevitabilidade, e correm-se riscos. No que me diz respeito, eu tenho de correr riscos. Tenho de continuar sempre a aprender e a enfrentar desafios, e essa inevitabilidade significa que um dia me vou espalhar. Mas não faz mal porque nos levantamos outra vez e voltamos com mais experiência. Aprendemos alguma coisa e, desejavelmente, damos outra dimensão ao nosso trabalho. A ideia é experimentar coisas novas, manter-me na expectativa e manter toda a gente na expectativa, e depois baralhar tudo. Acho que um dia destes tenho de fazer uma comédia e pode ser que isso também aconteça rapidamente.

 

- Tem encarado essa via com alguma reserva?

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Não, estou aberto a todas as propostas. Candidatei-me a Jantar de Idiotas, mas não consegui o papel.

 

- Bem, se é que o posso dizer, isso acabou por ser bom…

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Não vi o filme, mas adorei A Ressaca, achei-o muito bom. Adoro comédias, mas simplesmente não recebo argumentos. Acho que as pessoas pensam que eu sou profundo e esquisito, e concluem: “Não vale a pena propor-lhe uma comédia.”

 

- Pois “ele não tem sentido de humor nenhum”…

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[Ri]  “O quê, esse tipo? Por amor de Deus, ele devia animar-se um bocadinho!” Por isso, sim, uma das coisas que eu estou a tentar desenvolver é uma comédia, portanto vamos ver. Gostaria de experimentar. Em Prometheus, tentei injetar algum humor e em Sacanas Sem Lei também havia muito a explorar em termos de comicidade. Portanto, repito, gostava mesmo de variar.

 

Cedido pela Big Pictures Films. Tradução de Maria Eugénia Colaço

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