Já foi vítima de ghosting?

Esta forma cruel de terminar relações é cada vez mais comum na era digital. Conheça os motivos de quem o pratica e as consequências do comportamento.

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03 de março de 2017 às 07:22 Mafalda Sequeira Braga

Imagine a seguinte situação: começa a sair com alguém e tudo parece correr lindamente. De repente, o outro demora horas a responder, dá pouca conversa e o desinteresse torna-se cada vez mais óbvio. Até que, sem qualquer explicação, deixa de dar sinais de vida e você enche-se de perguntas: O que fiz de errado? Não gostávamos um do outro? A sensação é muito semelhante à de estar perdido, sem saber para onde ir.

O fenómeno não é de agora, apenas ganhou um novo nome: ghosting, palavra derivada de ghost, fantasma em português. Desaparecer sem deixar rasto para terminar uma relação sempre existiu, mas era um comportamento que costumava estar associado a um certo tipo de pessoa. Agora, a instantaneidade da comunicação trazida pelos telemóveis, redes sociais e sites de encontros parece ter contribuído para dar-lhe uma nova forma.

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Cerca de 50% de homens e mulheres já o experimentaram de ambos os lados: foram "fantasmas" e "assombrados". Os especialistas afirmam que os efeitos emocionais podem ser devastadores, tanto para os que sofrem como para quem faz sofrer.

Porque é que se faz ghosting?

As pessoas "fantasma" estão geralmente a evitar o seu próprio desconforto emocional. A falta de ligações sociais palpáveis que o mundo virtual veio reforçar parece significar que também há menos consequências ao tomar este tipo de decisão. Mas por norma, quem o faz tem medo do confronto, de ter de dizer ao outro que quer acabar a relação, de provocar desilusão e sentimentos de tristeza e frustração. E isto pode acontecer porque se deu um desequilíbrio de expectativas (um dos envolvidos estava a investir mais e há dificuldade em lidar com essas diferenças). O silêncio pressupõe que a outra pessoa entenda, pelas entrelinhas, que acabou. O problema é que, sem uma conversa que coloque um ponto final, há sempre a possibilidade de o fantasma voltar à vida…

Porque é que custa tanto?

Aqueles que sofrem de ghosting veem a sua autoestima afetada e têm de enfrentar o período difícil de uma separação sem respostas. Sentem-se usados, desrespeitados e descartáveis, sobretudo se já conheciam a pessoa há algum tempo. O processo é ainda mais complicado quando percebem que aquela continua com a sua vida como se nada tivesse acontecido (percetível nas redes sociais ou através de amigos em comum, por exemplo). A rejeição social ativa os mesmos mecanismos de dor no cérebro que a dor física.

Como ultrapassar

Antes de mais, antecipe o ghosting, estando atenta a sinais como a dificuldade do outro em comprometer-se e em incluí-la na sua vida. Se acontecer, lembre-se que isso não diz nada sobre si ou a sua capacidade de amar, mas sim sobre a (falta de) maturidade relacional da outra pessoa. Esta parece não entender o impacto do seu comportamento ou pior - não se importar. E você não vai querer alguém assim na sua vida, pois não?

O ghosting no cinema

1 de 3 / O Despertar da Mente, de Michel Gondry | Aqui estamos a falar de um tipo de ghosting específico, já que implica uma tecnologia que (ainda) não existe. Joel (Jim Carrey) descobre que a sua namorada (Kate Winslet) o apagou da memória e decide fazer o mesmo.
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2 de 3 / Her – Uma História de Amor, de Spike Jonze | Também se trata de uma situação excecional de ghosting, já que é feito por um computador (voz de Scarlet Johansson).
3 de 3 / Ghost World – Mundo Fantasma, de Terry Zwigoff | Enid (Thora Birch) sofre de ghosting por parte de um homem mais velho que ela (Steve Buscemi).
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