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02 de março de 2016 às 07:00 Máxima

MARIA GADÚ | Discurso direto

Mais maduro e íntimo que os seus últimos trabalhos, Guelã é o novo álbum de estúdio de Maria Gadú. A cantora e compositora brasileira, autora de êxitos como Shimbalaiê, dará dois concertos em Portugal – a 4 de março no Centro Cultural de Belém e a 6 de março na Casa da Música.

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O que há de diferente neste novo disco?

A diferença é que o tempo passa. Muita coisa divide este do meu último trabalho: a minha idade, as minhas responsabilidades… Nestes últimos cinco anos, pude percorrer bastante mundo, conhecer outros músicos, outras culturas sonoras, sobretudo de África. Fui ouvindo canções, lendo livros, e tudo o que absorvemos vai mudando a nossa forma de colocar para fora. Eu dei um tempo para conseguir absorver coisas e agora tive oportunidade de as expor.

Guelã significa gaivota. Este disco traduz o seu desejo de liberdade?

Acho que é mais do que um desejo, é ser livre mesmo. Eu não desejo ser livre, eu sou livre. Acho que quem deseja ser livre é preso. Para mim, a liberdade é isso. Escolhi esse nome e essa capa [com asas], porque senti que ali eu estava alçando mais um voo, importante, solitário. A gaivota faz isso, atravessa oceanos. E reli, depois de muitos anos, um livro chamado Fernão Capelo Gaivota, que tem muito a ver com este voo solitário, com o autoconhecimento. O autoconhecimento é muito bonito e tem a ver com a liberdade – acho que é sobre isso que fala o disco.

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Embora seja um "voo solitário", o disco conta com algumas colaborações.

Eu não compus muito ao longo destes anos todos – quatro anos separam um disco do outro. Tinha poucas canções e respeitei: fiz o disco do tamanho que eu tinha para dar. Foi gravado a pouquíssimas mãos, somos só cinco músicos, executando todos os instrumentos. Produzi o disco em casa, não foi difícil, foi fluido, fiquei muito tempo maturando as ideias.

Há uma pequena participação da Mayra Andrade neste último disco [no tema Sakédu]. Como é a sua ligação com ela?

A Mayra é uma grande amiga, tenho-a no coração. Eu tenho pouquíssimas amigas mulheres, tenho mais amigos homens e a Mayra é uma das poucas mulheres da minha vida. Tenho um respeito muito grande por ela, pela pessoa que é, pela musicalidade que tem. É uma pessoa muito ampla, muito múltipla, que vem do tempo em que esteve em França, das influências crioulas de Cabo Verde e da sua costela meio lusa – agora até está a morar em Portugal. A Mayra transporta-me para diferentes lugares, apresenta-me coisas – para mim ela é um portal.

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Que experiência lhe trouxe poder tocar fora do Brasil?

A experiência é incrível, o mundo é lindo. Eu já venho de um país que tem uma multiplicidade cultural muito grande. O Brasil é muito rico em quantidade de coisas diferentes e é muito bom poder sair e continuar a surpreender-me. Claro que temos a música americana, que o mundo inteiro consome, mas eu acho que o Brasil é pouco ligado ao resto do mundo. É por isso que me sinto privilegiada por poder sair do país e consumir essas preciosidades da cultura. Estar ali a absorver tudo, só aprendo.

O que podemos esperar dos seus concertos em Portugal?

Muita alegria. Estou muito feliz por poder fazer mais uma vez um show em Portugal. É como se estivesse voltando a casa, sinto-me muito confortável e grata, acho o público português muito interessado. Nós seremos quatro em palco, vai haver um cello [violoncelo] ligado com pedais e vamos tocar músicas dos outros discos só que com uma sonoridade diferente. Acho que vai ser um show intrigante, mas a gente faz com a maior alegria do mundo.

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1 de 5 / THIS IS ACTING, Sia | A cantora que não gosta de mostrar o rosto ao mundo explicou o título do seu sétimo álbum de estúdio: escritas para outros artistas, as músicas não estão na sua perspetiva e, por isso, Sia sente que está a representar. Assim, os 12 temas são também mais pop que os seus últimos trabalhos.
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2 de 5 / SLOW, Minta & The Brook Trout | Foi a demora em ter este disco pronto que deu origem ao título. É Francisca Cortesão (ou Minta, o alter ego), vocalista e líder da banda portuguesa inspirada na folk americana, quem o diz. Entre as 11 músicas, inclui-se I Can’t Handle The Summer, o single de apresentação.
3 de 5 / O FADO EM NÓS, Pedro Moutinho | Não é fácil seguir uma carreira tendo por irmãos Hélder Moutinho e Camané, mas esta forte herança musical chega-nos inspirada e madura num álbum que celebra a tradição, falando ao coração de cada português. Gravado no Museu do Fado, evoca as palavras de grandes poetas.
4 de 5 / PISTA DE DANÇA | Pela primeira vez, Portugal vai ter um evento inteiramente dedicado à música eletrónica. Nos dias 4 e 5 de março, o Lisboa Dance Festival irá invadir o espaço do Lx Factory com um conceito inovador que mistura três áreas distintas: Music (concertos e dj sets de artistas nacionais e internacionais), Talks (palestras, conferências e workshops) e Market (mercado com a presença de marcas e editoras do universo da eletrónica). Sven Vath, Âme e Moullinex são alguns dos nomes confirmados. | Passe de 2 dias: €50. | www.lisboadancefestival.com
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5 de 5 / Maria Gadú, cantora
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