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Prazeres

Marina Jaber, a rapariga da bicicleta

Marina Jaber é o nome da mulher que faz da bicicleta uma arma na luta contra o machismo no Iraque.

19 de abril de 2017 às 07:00 Ângela Mata

Com apenas 25 anos, Marina Jaber é já uma inspiração para muitas mulheres iraquianas e a sua imagem vai certamente ficar para a história em todo o mundo.

No seu país natal, o Iraque, as mulheres são proibidas de andar de bicicleta há mais de cinco décadas. Foi depois de verem esta jovem de cabelos ao vento na sua bicicleta vermelha, nas ruas de Bagdad, que variadíssimas iraquianas lhe seguiram o exemplo.

Existem muitas coisas que nos países ocidentais são vistas e tidas como normais para a maioria de nós, mas que são completamente impossíveis noutras partes do mundo. É o caso do ato de andar de bicicleta. No entanto, Marina Jaber conseguiu que uma mera bicicleta se transformasse num elemento muito mais impactante e revolucionário, um verdadeiro símbolo contra o machismo.

As grandes mudanças e as grandes ideias muitas vezes surgem a partir das coisas mais simples. Foi precisamente isso que aconteceu, no ano passado, quando Marina Jaber conseguiu provocar uma autêntica ‘revolução’, primeiro na sua cidade natal, Bagdad, depois pelo mundo fora através das redes sociais.

Também em 2012, Haifaa Al-Monsour realizou o filme intitulado A Bicicleta Verde, que conta a história de Wadja, uma menina de dez anos que sonhava ter uma bicicleta, mas a sua família e o seu país não o permitiam. 

 

A ideia de Jaber surgiu há cerca de um ano e meio, numa viagem que fez pela primeira vez a Londres, para visitar familiares do marido, e na qual conseguiu andar de bicicleta. A sensação que isso provocou desencadeou tudo o resto. "Por um lado senti-me feliz, muito orgulhosa de mim mesma, mas ao mesmo tempo não gostei desse sentimento. Afinal, era só uma bicicleta, deveria sentir-me assim com coisas importantes, não com isto, e perguntava-me a mim mesma porque é que não podia fazer o mesmo no meu país, porque é que não é permitido…", revelou Marina Jaber.

Graduada em Biotecnologia, trabalhou durante anos como nutricionista, mas de há um ano para cá decidiu deixar tudo isso para se dedicar à arte, iniciando um seminário com o artista alemão Fabian Knecht. Foi depois deste curso que teve a ideia de andar pelas ruas de Bagdad em bicicleta e captar, através de fotografias e vídeos, as reações das pessoas.

Durante uns tempos, Marina percorreu bairros como Shouwaka, Moutanabi, Midan e Shorja, onde vivem algumas das famílias mais abastadas, e em resultado de tudo isso conseguiu fazer uma exposição. A mostra de fotografias e vídeos foi também apresentada no Festival de Arte Independente Tarkib.

Apesar da visibilidade que isso deu ao seu projeto, a família não a apoiou logo de início. Tanto os pais como os irmãos só foram ver a sua segunda exposição no passado mês de novembro. Foi nesta última exposição que muitas das suas fotografias começaram a aparecer nas redes sociais através da hashtag #iamsociety. A partir de então, tornou-se viral e há já grupos de 50/100 mulheres iraquianas que se reúnem de vez em quando para andar de bicicleta pela cidade de Bagdad. Entretanto, Marina vai mostrando algumas das fotos e vídeos que essas mulheres lhe enviam através da sua página de Facebook.

Com este seu projeto, Marina está a conseguir que muitos homens voltem a ver o ato de uma mulher andar de bicicleta como algo perfeitamente normal. Além disso, também muitas mulheres estão a ganhar confiança para o fazer sem que se sintam mal com isso.

Ângela Mata

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