Madame Clicquot, uma mulher inspiradora em tempos difíceis
A grande dama de Champagne tornou-se uma mulher de negócios no meio das Guerras Napoleónicas. Hoje, as caves da maison com o seu nome recebem até 30 mil visitantes todos os anos.

Como reinventar-se em tempos difíceis? Muito antes da pandemia do novo coronavírus e das mulheres terem a oportunidade de trabalhar e viver de maneira independente, Barbe-Nicole Clicquot-Ponsardin ficou viúva com apenas 27 anos. A francesa que se tornou la grande dame de Champagne atreveu-se a assumir o comando da empresa familiar, em 1805, no meio das Guerras Napoleónicas, tornando-se assim a primeira mulher de negócios em França.
Madame Clicquot transformou-se em Veuve Clicquot, a viúva mais famosa do mundo devido ao seu champagne. Os rótulos amarelos criados no século XIX são, ainda hoje, um símbolo distintivo da marca. Além da garrafa, o conteúdo foi criado com um processo inovador — usado até aos dias de hoje — e seguindo uma única determinação de Barbe-Nicole: "Apenas uma qualidade, a primeiríssima."

O processo chamado Mesa de Remuage, utilizado para tirar as leveduras mortas e obter um vinho claro como cristal, foi criado em 1816, sob o comando da viúva Clicquot, e é usado até aos dias de hoje. Dois anos mais tarde, também foi ela quem criou o primeiro champagne rosé de Assemblage — mistura de vinhos base brancos e tintos da região de Champagne. Fundada em 1772 em Reims, França, a Maison Veuve Clicquot mantém a sua notável gama de champagnes, incluindo o icónico Yellow Label, e tornou-se um ponto turístico, que recebe cerca de 30 mil visitantes por ano às suas caves vindos de todo o mundo.

A região de Champagne é extremamente pequena dentro de França, e a área total de vinhedos equivale a 35.280 hectares. A produção do champagne é muito limitada em relação aos vinhos — se a produção de vinho global regista mais de 2600 milhões de caixas (que equivale a nove litros cada), os vinhos espumantes representam 10% desse cenário e o champagne apenas 1%.

A bebida é tão distinta dos demais espumantes por quatro razões determinantes. Primeiro, devido à origem, na região francesa com seu solo calcário muito específico. Depois, pelo método tradicional único para a criação de borbulhas. Este tipo de vinho possui uma combinação de uma grande variedade de vinhos base de Pinot Noir, Chardonnay e Meunier, todos da região de Champagne. E, por fim, passa por uma longa maturação dentro das garrafas, nas adegas. No caso da Veuve Clicquot são três anos de envelhecimento.

Sabia que o melhor copo não é a flûte?
Desde sempre que se associa o champagne à flûte, mas há especialistas que dizem que a tulipa ou então uma simples taça de vinho branco são as melhores opções. O copo em formato tulipa é suficientemente estreito na base, assim tem uma boa coluna de líquido, perfeita para observar o caminho das borbulhas, e também é suficientemente largo no corpo para deixar o vinho respirar e desenvolver toda a sua complexidade, sendo ligeiramente fechado na boca para concentrar os aromas, ao mesmo tempo que permite colocar o nariz ligeiramente dentro do copo ao beber. Quando um espumante tem complexidade, a melhor opção é usar taças de vinho branco para deixar que os aromas se expressem. No caso dos espumantes simples podem continuar a serem servidos em flûte, pois a taça mantém o vinho gelado por mais tempo.
Como melhor servir
A garrafa deve estar fria, mas não demasiado — idealmente entre os 8 e os 10º. Pode pô-la numa champanheira com gelo ou no frigorífico por 20 a 30 minutos antes de servir. Se por acaso não consumir tudo, pode conservar o restante na garrafa com uma rolha de pressão durante dois ou três dias ou com uma rolha de cortiça durante um a dois dias.
