Exposição presta homenagem à personagem Mafalda
Inserido na celebração do cinquentenário do 25 de abril, o Festival de Banda Desenhada da Amadora, celebra os 60 anos da Mafalda, entre outras 14 exposições, de 17 a 27 de outubro.

O Festival de Banda Desenhada da Amadora, vivo desde 1990 e organizado pela Câmara Municipal da Amadora (CMA), conta, todos os anos com autores, editores e ilustradores nacionais e internacionais, de modo a apelar ao gosto pela banda desenhada. Este ano insere-se nas celebrações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril com exposições que exploram os valores da Revolução como a democracia, a liberdade, a justiça e a igualdade, a partir das histórias de diversas personagens, tanto icónicas como recém-chegadas ao mundo da BD.


A Mafalda ocupa o centro do palco neste festival. Nascida da caneta do cartoonista e filósofo argentino Joaquín Salvador Lavado, inicialmente encomendada para uma publicidade de eletrodomésticos, em 1962, só iria ver a luz do dia dois anos depois, dia 29 de setembro de 1964, nas páginas do semanário Primera Plana, com todo o seu potencial contestatário, não poderia coincidir melhor com a celebração de um evento como o 25 de Abril. 60 anos depois, a menina do outro lado do planeta que questiona o porquê da guerra, da burocracia, das desigualdades e da ciência não podia ser mais atual. Catarina Valente, diretora do Festival, conta: "Já revisitámos as suas histórias várias vezes por altura dos seus aniversários e, ano após ano, a personagem não perdeu popularidade, muito pelo contrário, as novas gerações de leitores continuam a rever-se nela", pois, continua a diretora, "A relação com os pais e os seus amigos, o seu humor acutilante, a sua visão do mundo e dos seus acontecimentos, a escola enquanto epicentro das suas revoluções e os seus dilemas existenciais aproximam-na de todas as gerações de leitores, que encontram na personagem um retrato exagerado do que é ser humano e sobreviver às mudanças constantes do mundo e como isso, por si só, pode ser avassalador".

De 17 a 27 de outubro podemos encontrar a exposição desta empertigada argentina no Parque da Liberdade, aliando as tiras à cenografia e a experiências interativas para todas as idades. Catarina Valente reforça que "as surpresas serão muitas".

O corredor principal do festival terá a exposição Avenida 25 de Abril, nº74, onde, durante os dias do festival, os visitantes serão convidados a interagir e criar a própria obra, a partir de "workshops de criação de cartazes e de pintura de murais, cujos resultados integrarão esta grande avenida numa exposição work-in-progress de todos para todos", explica Catarina, também gestora de projetos do Conversas na rua, uma iniciativa de arte urbana da CMA.

Enaltecendo os valores de igualdade e justiça do 25 de Abril o festival apresenta uma exposição acerca de Daredevil, o "único herói da Marvel portador de uma condição diferente - a baixa visão", como explica Catarina. Numa experiência sensorial, o super-herói de noite e advogado de dia serve de exemplo de resiliência, aliado ao compromisso do festival de continuar a melhorar a sua acessibilidade, além da "disponibilização de um dossier inclusivo" e da "revisão da legendagem de todas as exposições", a diretora garante saber que "este é um compromisso a longo prazo e, como tal, resultará de uma aprendizagem gradual a partir da experiência e da auscultação do nosso público".

Além das exposições mencionadas, haverão outras 13, entre elas a celebração dos 25 anos de Naruto e 2 exposições dedicadas à vida no Estado Novo, além de mais de uma dezena de autores internacionais que vão lançar as versões portuguesas das suas obras durante o festival.
