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Viajar sozinha é um ato associado a liberdade, conexão com o momento e autoconhecimento. Não há a pressão para ir a um local cheio de pessoas ou a uma loja que é um "must visit" para uns, mas uma tortura para outros. As refeições são feitas às horas que tiver fome, os passos diários são simplesmente da sua conta e as experiências são 100% curadas por si mesma. Soa terapêutico - e é. Segundo um estudo de 2024 pela Virtuoso, uma agência de viagens internacional, 71% dos viajantes a sós são mulheres, com ou sem filhos, com ou sem companheiro à sua espera quando voltar.

Se o constrangimento de passar tanto tempo sozinha a assola, comece por uma tarde num museu perto de si, um almoço ou jantar sozinha, ou uma viagem de um dia dentro do país. Desenvolva com calma a ideia e não deixe de ir ao seu destino de sonho por estar a guardar para ir com alguém que não está disponível.

O itinerário

Tudo começa ainda em casa, durante o planeamento. Na pesquisa pela cidade, se sentir alguma insegurança, escolha uma cidade que já visitou para estar mais à vontade com a navegação ou um sítio com uma língua local que domine minimamente. Se escolher uma nova cidade, pesquise quais as zonas mais perigosas ou que deve evitar quando viaja sozinha – acredite, alguém já esteve no seu lugar e partilhou a sua experiência. Quando delinear o seu roteiro, faça isso mesmo: programe, sem grandes constrangimentos e sempre com espaço para mudanças espontâneas, quer seja por escolher mais tempo de descanso ou por ter recebido uma nova recomendação. Converse com amigos que já tenham viajado para o seu destino e procure mais aprofundadamente do que "a lista dos melhores lugares para visitar". As melhores sugestões são as de outros viajantes ou locais.

Viajar sozinha pode não ser uma experiência solitária, e por vezes uns minutos de conversa podem carregar a nossa energia para mais uns dias a sós. Assim, deixe-se levar por uma conversa ao balcão de um bar ou restaurante, ofereça-se para tirar uma foto a alguém que parece também estar a viajar sozinho, e não descarte a opinião de um local numa viagem de transportes públicos.

Se a viagem tem como objetivo fazer novos conhecimentos, arrisque ir para um hostel (nem todos são um pesadelo, consulte reviews) ou hotel mais jovem, já que será aí que vai encontrar outras pessoas a viajar sem companhia. Pode sempre planear a sua viagem à volta de um evento cultural específico que potencie conhecer novas pessoas ou simplesmente inscrever-se em excursões de grupo, workshops e experiências com grupos que a obrigam a socializar. Toda a gente tem um ponto de interesse de nicho e, encontrar essa comunidade, por mais específica que seja, pode-lhe abrir portas para novas experiências e novos amigos. Em todo o caso, pode também inscrever-se numa app de encontros.

Para elevar a sua experiência de autoconhecimento, escreva um diário: a escrita força-nos a estar presentes no momento e ajuda a que mais tarde se lembre da viagem. Pode fazer dele um scrapbook com todas as faturas, bilhetes e cartões do que visitou ou redija postais enquanto está na sua viagem para textos mais intencionais e verdadeiros. Um livro é também uma boa adição à sua mala, para se entreter enquanto está sozinha ou para conseguir sair de situações e conversas constrangedoras, refugiando-se no seu mundo entre duas capas.

As medidas de segurança

Imagino que já terá pensado de trás para a frente e de frente para trás tudo de mal que pode acontecer a uma mulher num país desconhecido, mas há certas medidas de segurança que pode tomar para se sentir mais segura. Antes de mais, leve uma bateria portátil. Hoje, o nosso mundo está no telemóvel e ficar sem bateria num sítio desconhecido sem saber como voltar é, sem dúvida, assustador.

Não deixe todos os seus documentos juntos no mesmo sítio. Se puder pagar digitalmente pelo telemóvel, deixe o cartão físico no seu alojamento e quando sair leve o telemóvel e uma pequena quantidade de dinheiro físico na moeda local. Na mesma linha de pensamento, se levar o passaporte consigo, deixe outra identificação no seu quarto ou vice-versa. Pode ainda ter uma cópia dos seus documentos no seu e-mail ou em papel, para assegurar que, na pior das hipóteses, ainda tem como se identificar.

Para tranquilizar quem fica à sua espera, escolha um amigo ou familiar e deixe as informações da sua viagem com essa pessoa: voos, hotéis e itinerário. Ter alguém com acesso à sua localização numa das infinitas aplicações de partilha ou que vá atualizando do seu paradeiro ao longo da viagem deixa quem fica e quem vai com uma noção de segurança superior.

Nas redes sociais, não partilhe localizações exatas nem em tempo real e não informe, nas conversas casuais que terá ao longo da viagem, que está sozinha – "estou a ficar com um amigo que está a trabalhar de momento" é informação suficiente para que não levante suspeitas.  Se se sentir insegura de alguma maneira, tente ir para um sítio movimentado e não se dirija para o seu alojamento.

Estar alerta e ter medo não é a mesma coisa. Sair da zona de conforto pode ser assustador, mas a gratificação no final da viagem, depois de se ter mimado, ter-se ouvido apenas a si própria e de ter tido tantas novas experiências não é igualável de outra maneira. Deixe-se ir e divirta-se, o mundo é grande e não há tempo para esperar pela companhia certa.

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