Admiráveis mundos novos
Novo ano, nova década, novas paragens. Numa altura de transição, realinhamos coordenadas e rumamos a três diferentes continentes para concluir que é no limite das experiências mais singulares que algumas viagens nos marcam para a vida.

O HOTEL
O futuro, agora

Parece saído de um cenário ficcionado ou vindo diretamente de um futuro esclarecido e tranquilizador no que à sustentabilidade diz respeito. Mas a verdade é que já existe, ainda que só esteja oficialmente aberto ao público em 2021. Criado pela empresa Snøhetta, o Svart é o primeiro hotel com energia positiva. Ao escrevermos energia positiva não estamos a referir-nos a uma qualquer sensação vaga de boas energias, mas aos documentados factos energéticos que fazem desta unidade hoteleira mais do que um hotel sustentável: com um consumo de energia 85 por cento inferior em comparação com hotéis semelhantes, consegue acumular energia solar suficiente para assegurar o funcionamento diário, bem como para todas as atividades relacionadas com a própria construção. Único do ponto de vista ambiental, o Sven é especial a vários níveis. A começar pela localização. Situado junto à linha costeira de Helgeland, o hotel vive e respira da vista de 360 graus que tem para o Svartisen, o segundo maior glaciar da Noruega. Com uma estrutura circular, inspirada na arquitetura típica das zonas costeiras locais, o Sven foi erguido sobre fundações de madeira que minimizam o impacto no glaciar. Aliás, a ideia é que o movimento turístico não perturbe, nem por um instante, a serenidade do lugar. Ainda assim não faltam atividades para desfrutar da beleza local: os amantes do ioga podem fazer uma saudação ao sol da meia-noite, enquanto os hóspedes adeptos de programas mais alternativos podem optar pelos passeios de caiaque, pela pesca ou pelos mergulhos retemperadores nas águas gélidas. Imperdíveis são as caminhadas para ver as auroras boreais: instantes mágicos que fazem com que a expressão "de cortar a respiração" ganhe todo um novo e literal significado.
A EXPERIÊNCIA
Voando sobre um ninho de luxo

Nos últimos anos, o universo da hotelaria tem-nos surpreendido das mais diferentes formas, sendo capaz de proporcionar as experiências mais exclusivas. A verdade é que, muitas vezes, as mais inesquecíveis não são necessariamente as mais ostensivas. Como quase sempre, basta conjugar a simplicidade com uma indispensável dose de elegância para encontrar uma espécie de receita mágica para dias perfeitos. É assim neste Nay Palad Bird Nest. Instalado no recinto do Segera Retreat, um resort construído nas planícies de Laikipia, um dos 47 condados do Quénia, este é, porventura, um dos mais pequenos hotéis do mundo e, simultaneamente, um dos maiores "ninhos" a céu aberto. A ideia é que depois de um dia de safari os hóspedes se instalem antes do pôr do sol. O "ninho" é então iluminado com lanternas, criando-se a atmosfera ideal para uma refeição delicada, na qual não faltará a efervescência do melhor champanhe. Depois é tempo de optar pelas camas instaladas a céu aberto ou dentro do abrigo, tendo a certeza de que ambas serão feitas com os melhores linhos, a garantia de uma noite de conforto e a tranquilidade em plena imersão com a Natureza. O despertar faz-se ao ritmo da selva e sem outra distração que não a presença de vizinhos, tais como os elefantes ou as girafas que se passeiam à beira-rio. Desenhado pelo arquiteto Daniel Pouzet, o autor do Nay Palad Hideaway, nas Filipinas, o Bird Nest foi concebido para um casal, mas acomoda facilmente uma família com quatro elementos. Um refúgio paradisíaco e belissimamente encaixado entre dois ecossistemas marinhos.
O DESTINO
O Japão autêntico

O mapa-mundo está cheio de possibilidades e de caminhos improváveis, mas, em 2020, há um destino incontornável. Palco dos Jogos Olímpicos, que se realizam entre 24 de julho e 9 de agosto, em Tóquio, o Japão fervilha com a abertura de novas moradas. É o caso do Ace Hotel, projetado pelo prestigiado arquiteto Kengo Kuma, que também assina o projeto do novo estádio nacional de Tóquio. A inauguração daquela unidade hoteleira está prevista para a primavera, assim como do despojado Aman Kyoto. Recém-inaugurado junto ao Templo de Kinkaku-ji, Património Mundial da Unesco, apresenta uma estética inspirada nos tradicionais ryokan, as típicas acomodações japonesas, como, de resto, acontece no Hoshinoya Tokyo, onde tudo respira o ADN do Japão tradicional e autêntico. Da arquitetura aos serviços, passando por pormenores como as amenities ou a própria carta, tudo é 100 por cento japonês, harmonioso e belo, não havendo espaço para qualquer contaminação estética ocidental. O Japão será também o destino de eleição da empresa 700.000 Heures que definiu uma nova tendência turística. Referimo-nos aos hotéis nómadas que se inspiram na essência mais livre do campismo, cruzando-a com o conforto dos hotéis mais sofisticados. A cada seis meses, o staff desse hotel itinerante instala-se num novo destino, criando a atmosfera perfeita para que os hóspedes possam desfrutar do lugar de uma forma autêntica e sem comprometer o conforto. Um templo em Koyasan, uma casa tradicional em Ine e uma vila piscatória perto de Amnohashidate serão os cenários desta experiência imersiva que decorre entre os meses de abril e novembro.
