A Fiorucci mudou os anos 70 - e agora está de volta
Acaba de inaugurar em Londres a nova loja de uma das marcas mais importantes da década do disco. Com a novidade, também se recupera um dos arquivos mais interessantes da história da moda.

Elio Fiorucci abriu o seu primeiro espaço em 1967, em Milão, depois de uma viagem a uma Londres em ebulição (na moda, na cultura, na música, nas artes) o atingir com um turbilhão de estímulos visuais. Quando criou a Fiorucci, também contribuiu para a definição de uma estética nas décadas de 70 e 80 – popularizou o padrão leopardo, as cores ácidas, as meias de rede, os casacos militares e (ainda mais importante) os jeans. Trouxe novidade, modernidade e sex appeal à moda, sem medo da experimentação.
Nos anos 70 diziam que a Fiorucci era o Studio 54 à luz do dia, porque ali encontrávamos os mesmos grupos que saíam à (e se vestiam para a) noite. Em 1983, Madonna estreou-se pela primeira vez em palco precisamente no Studio 54, numa festa que assinalava o 15.º aniversário da Fiorucci. "Na década do disco, a Fiorucci era Nova Iorque. Ou pelo menos a Nova Iorque à qual queríamos pertencer", conta o site da revista i-D.

"Estive na Fiorucci e foi muito divertido! É tudo o que eu sempre quis, tudo plástico!", escreveu Andy Warhol num dos seus diários. O artista criou uma ligação tão próxima com a marca que chegou mesmo a trabalhar num ateliê improvisado na loja da Lexington Avenue, em Nova Iorque. Entrar no espaço podia significar também um encontro imediato com Keith Haring (que pintou as paredes), Calvin Klein e Marc Jacobs (ainda adolescente nessa altura), ou com a fotógrafa Maripol, que captou algumas das imagens mais relevantes da história da moda, mas que (muito antes) chegou a ser manager da Fiorucci. Foi a primeira concept store e quis descolar-se da moda para abraçar todas as áreas que lhe fizeram sentido por alguma razão, incluindo o design gráfico, resultado de uma estreita colaboração com Terry Jones, fundador da i-D.
No ano em que assinala o seu 50.º aniversário, a Fiorucci é relançada agora para agitar a indústria com novas ideias, sendo um dos arquivos de imagem mais criativos e estimulantes de que temos memória. E o futuro desenha-se com um olho atento ao que ficou para trás: no novo espaço, que acaba de abrir portas em Londres, tudo pode ser mudado de lugar, para que, quando as luzes se apagarem, o chão da loja dê lugar a uma pista de dança.


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