Os homens Thom Browne usam saias e stilettos
Na Semana de Moda masculina, a acontecer agora em Paris, o criador vestiu homens com saias e stilettos para gritar ao mundo que a separação de géneros no guarda-roupa é uma convenção social a ser abolida agora.

"Por que não vestir homens com roupa que é tradicionalmente considerada feminina? Porque é que associamos determinadas silhuetas a um género? É tudo uma construção cultural, uma elaboração", define Thom Browne num press release divulgado esta manhã à imprensa. Ontem, em Paris, foi precisamente a distorção da conceção tradicional de género na Moda que marcou a apresentação da sua coleção para a primavera de 2018, impondo uma maior fluidez e acrescentando novas (e mais excitantes) possibilidades no armário masculino.
"Quando somos bebés vestimos a mesma roupa que os nossos irmãos e irmãs. Mas porque é que depois, quando crescemos, não podemos fazer as nossas próprias escolhas em vez de seguir o caminho que alguém nos aponta?", questionou o designer em entrevista ao site WWD.

Talvez a nova coleção de Thom Browne seja um risco comercial – isto porque não sabemos se os homens estão preparados (pelo menos para já) para abandonar as convenções sociais e abraçar o conceito de liberdade que o criador norte-americano acaba de injetar na Moda.
"Ainda celebramos a criação do Le Tuxedo para as mulheres; mas, à parte de algumas exceções culturais e da cultura drag, será que aceitamos ver homens usar saia?", escreveu a Vogue US, comparando a coleção de Browne ao smoking com que Yves Saint Laurent vestiu as mulheres em 1966.
À semelhança de Saint Laurent, também Browne quis agitar a indústria da Moda, o mundo e as estruturas culturais (que ainda são rígidas e quase obsoletas na separação entre masculino e feminino) ao fazer subir à passerelle homens com saias e saltos altos. Quis fazer-nos pensar e questionar as nossas próprias escolhas: fazemos o que queremos ou o que é socialmente aceite? Se a Moda ceder, as próximas estações vão apresentar coleções com silhuetas desconstruídas, marcadas pela fluidez de género e um maior desprendimento da norma cultural. Esperemos que seja assim o futuro.

