Como a ModaLisboa está a combater o coronavírus
A Semana de Moda da capital tem um plano de contingência e a produção do evento reúne-se a cada 24 horas com a Câmara Municipal de Lisboa e a Direção-Geral da Saúde para assegurar as melhores condições de segurança e saúde, tanto para trabalhadores como para visitantes.

Uma Semana de Moda exige uma emorme logística e planeamento. Modelos estrangeiros aterram em solo nacional e, pela primeira vez na ModaLisboa, um conjunto de designers chega de fora especificamente para participar no United Fashion, uma iniciativa cofinanciada pelo programa Creative Europe, da União Europeia, que reunirá 15 marcas – 17 designers de Portugal, Alemanha, Bélgica, França, Letónia, Eslovénia e Macedónia – para aumentar a partilha, exposição, networking e oportunidades de negócio. Contudo, em plena epidemia do coronavírus, esse intercâmbio gera preocupação.
De 4 a 6 de março, o Mercado de Santa Clara será o showroom destas 15 marcas e dos habitués da ModaLisboa. O espaço é aberto ao público e prepara-se para receber buyers de moda, imprensa nacional e internacional e opinion makers. Do outro lado do Campo de Santa Clara, as Antigas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento do Exército serão a sede dos desfiles até ao dia 8. Para garantir a segurança (leia-se saúde) dos visitantes e também dos trabalhadores envolvidos num dos maiores eventos de moda do país, a Associação ModaLisboa está a seguir um plano de contingência, que já partilhou no seu site oficial e no Facebook para tranquilizar todos os participantes.

Além do plano, a cada 24 horas, a organização faz um ponto de situação com a Câmara Municipal de Lisboa e a Direção-Geral da Saúde para estar a par das atualizações em relação à epidemia e seguir as orientações corretas.
A 54.ª edição da ModaLisboa disponibilizará dispensadores de gel desinfetante e terá um posto médico no recinto com a presença de enfermeiros e socorristas para rastreio e avaliação de sintomas (caso alguém sinta a necessidade). Foi também preparada uma Sala de Isolamento, devidamente equipada, em caso de necessidade. A própria organização divulgou que "o evento poderá ser realizado à porta fechada no caso da situação se agravar, com emissão em live stream dos desfiles", mas reforça que esta decisão será tomada em última instância e em caso de necessidade ou indicação das autoridades locais e nacionais de saúde. Saiba mais sobre o Plano de Contingência e Prevenção COVID-19 aqui.

Crise na moda mundial
A Semanas de Moda de Xangai, Seul e Tóquio foram canceladas por medo do coronavírus. Na Semana de Moda de Milão, no final de fevereiro, a Camera Nazionale della Moda Italiana lançou uma campanha para demonstrar solidariedade: "China, estamos consigo". O slogan acabou por tornar-se profético, já que no final do evento a Itália acabou por ser o país europeu mais afetado pelo vírus COVID-19. As modelos postaram selfies no Instagram a usar máscaras, as publicações de moda solicitaram aos seus colaboradores que trabalhassem de casa e o icónico Giorgio Armani apresentou um desfile à porta fechada e com livestream no site e redes sociais. Carlo Capasa, chefe da Câmara Nacional de Moda Italiana, prevê que o surto de coronavírus será "provavelmente um pesadelo para a indústria da moda que chegará aos mais mais de 100 mil milhões de dólares em Itália", disse à revista Time.

Gonçalo Peixoto: a estreia mais vibrante da semana de moda de Milão?
O designer português apresentou a coleção outono-inverno 2021/2022 pela primeira vez em Milão. Um espetáculo via digital em ode às pistas de dança e a um saudosismo pela normalidade de outrora.