A nova elegância
São portugueses, empreendedores e criaram marcas de moda que fogem ao cliché de que ser um jovem designer é sinónimo de um estilo conceptual. A recompensa? As suas peças de sonho já correm o mundo e vestem as mulheres mais sofisticadas.
Ana Teixeira de Sousa Sophia Kah
Nascida no seio de uma família com tradição no setor têxtil, as memórias de infância de Ana Teixeira de Sousa são dominadas por imagens da sua fábrica, onde sempre brincou com tecidos e onde fez as primeiras roupas ao sabor da brincadeira. No entanto, ao contrário do esperado, o futuro como designer foi adiado pela vontade dos pais, conhecedores do meio, que insistiram que, antes de tudo, Ana devia rumar a Londres para estudar negócios, para adquirir as competências para vingar na indústria “mais competitiva do mundo”. Ana Teixeira de Sousa assim o fez, tendo, pelo caminho, encontrado a inspiração perfeita para criar os luxuosos vestidos de noite tão característicos de Sophia Kah, a marca que fundou em 2010. “Em Londres, respira-se moda o tempo todo e as pessoas arranjam-se para ir jantar como se fossem para uma festa.”
Orgulhosamente fabricada em Portugal, além de ser uma constante nas melhores revistas de Moda e de já ter vestido estrelas como Nelly Furtado, Florence Welsh ou Sophie Ellis Bextor, a marca de cocktail e red carpet é um verdadeiro fenómeno de vendas em países do Médio Oriente e na Rússia. “A aceitação tem sido incrível e as vendas têm sempre aumentado, assim como o número de lojas em que estamos presentes”, comenta a designer. Por cumprir, por agora, está o sonho de encontrar um ponto de venda em Portugal e a estreia na London Fashion Week, apontada para o final deste ano. O mundo parece ser mesmo de Sophia...
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Diogo Miranda por Diogo Miranda
Talvez por influência de dois irmãos mais velhos, ambos designers de sapatos, Diogo Miranda descobriu cedo “o bichinho da moda”, assim como a certeza de que “jamais poderia viver sem o stress e a adrenalina” tão característicos da indústria do estilo. Um chamamento interior que culminou na criação da marca à qual emprestou o nome, em 2007.
Natural de Felgueiras, Diogo Miranda desenha com uma sofisticação cinematográfica pouco habitual para os seus jovens 25 anos, produzindo peças plenas de dramatismo amadas por celebridades portuguesas que não prescindem das suas criações para uma chegada “txanam” à passadeira vermelha. O verão de 2014 não é exceção. “A silhueta é feminina e elegante, mas com o seu quê de descontração”, resume à Máxima. “Procurei ser perfecionista nos detalhes e apostei na sofisticação de tonalidades pastel e luminosas que caracterizam as obras de Oscar Niemeyer.”
Com uma carreira internacional a dar os primeiros passos – além de fazer parte do calendário do Portugal Fashion, já apresentou as suas coleções em Londres, Paris, Berlim –, a invocação do arquiteto brasileiro faz todo o sentido, já que Diogo Miranda acaba de apresentar as suas propostas no Rio de Janeiro, onde recebeu um excelente feedback da crítica local. “A grande dificuldade dos jovens designers é o financiamento e a expansão da marca. No entanto, apresentar as coleções no estrangeiro é um desafio e, acima de tudo, o sonho de qualquer estilista que gosta de criar para o mundo. Há que ter pulso e firmeza.”
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Nuno Velez por Nuno Durão
A sofisticada e colorida coleção de verão de 2014 da marca Nuno Velez, inspirada em abril de 1974, ano de nascimento do designer, levou do backstage à ribalta um dos mais credíveis profissionais do ramo, respeitado por, durante treze anos, ter sido um dos braços direitos da dupla Alves/Gonçalves e por vestir um felizardo lote de clientes privadas nos momentos mais especiais das suas vidas. Um passado que, decididamente, já está a dar frutos. Mesmo sendo o exercício de couture-à-porter desta estação quente a segunda coleção da marca, Nuno Velez acaba de ganhar o seu primeiro ponto de venda internacional na competitiva São Paulo, na boutique Choix, uma espécie de Colette da América Latina. Tudo em pleno annus horribilis para a economia portuguesa. “A decisão de criar a marca prendeu-se com o facto de estar numa fase pessoal de importante confiança no meu trabalho e de ter um apoio familiar incondicional”, confidencia o criador, cujas referências são tão ecléticas quanto a arte do Renascimento, a arquitetura do século XX, a música clássica ou a pop. “Com as condições que o país apresenta, não acredito que haja melhoras nos próximos tempos, pelo que decidimos que não valeria a pena esperar por esses ventos de mudança. Por tudo isto, as linhas básicas para a apresentação da Nuno Velez começaram a ser traçadas não só para o mercado nacional mas sobretudo com o horizonte na internacionalização.”
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NO RADAR
Três grandes marcas reinventadas encantaram a Máxima esta estação. Não as perca de vista!
Schiaparelli por Marco Zanini
Foi uma das mais geniais criadoras de moda: desenhou peças de contornos surreais onde a barreira entre a arte e a moda era ténue. Durante a Semana da Moda de Alta-Costura de Paris, sessenta anos após Schiaparelli ter criado a sua última coleção, coube a Marco Zanini, que já passou pela Halston e Rochas, reanimar a Maison. A coleção foi colorida, com humor, mas fugiu aos clichés esperados e ícones óbvios da marca, como o chapéu lagosta. A plateia, composta por estrelas como Jean Paul Gaultier, Pierpaolo Piccioli, Maria Grazia Chiuri, Elle Macpherson, Carla Bruni-Sarkozy e Inès de la Fressange, aplaudiu. De pé.
Delpozo por Josep Font
Quando Jesus del Pozo faleceu, em 2011, a moda espanhola ficou em suspenso com a sucessão do icónico criador. O escolhido foi Josep Font que, em apenas duas estações, levou a marca para a Semana de Moda de Nova Iorque e encantou os críticos com a sua moderna e feminina versão de prêt-à-couture. Lauren Santo Domingo, criadora do site de compras Moda Operandi e ícone de estilo internacional, é uma das maiores seguidoras da marca. A Máxima também.
Hugo Boss por Jason Wu
Se no passado a marca alemã se destacou graças à genialidade das suas coleções masculinas, agora será também com a linha de senhora que Hugo Boss marcará pontos. O responsável por esta mudança é Jason Wu, designer-estrela americano cuja principal cliente é nada mais nada menos que Michelle Obama. O resultado da parceria já foi revelado na última Semana de Moda de Nova Iorque, numa coleção rigorosa, minimal e em tons neutros. Menos foi mais.
Fotografia por Pedro Bettencourt
