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Máxima

Moda

O meu reino por uma peça low cost

Elas são princesas e vivem em palácios. Até podem não ter espelhos mágicos, mas têm acesso aos melhores criadores de moda. A verdade é que, de vez em quando, não resistem a algumas das marcas mais populares entre as plebeias fashionistas.

O meu reino por uma peça low cost
O meu reino por uma peça low cost
13 de julho de 2012 às 09:10 Máxima

Um verdadeiro sucesso! A exposição do vestido de noiva da Duquesa de Cambridge foi a mais bem-sucedida do Palácio de Buckingham até hoje e, depois de também o ter visto ao vivo, percebi porquê. A obra-prima (até agora) de Sarah Burton reuniu tradição e modernidade numa fascinante peça de Alta-Costura. A rosa, o cardo, o narciso e o trevo são quatro flores com tradição no Reino Unido e foram recortadas de seis rendas diferentes e aplicadas manualmente sobre tule, formando um padrão único que deu vida à silhueta romântica do vestido. Foram necessários vários hábeis pares de mãos da Royal School of Needlework, em Hampton Court Palace, que trabalharam minuciosa e arduamente, fazendo costuras com pontos de dois milímetros, pausas para lavar as mãos a cada meia hora e trocando agulhas ao fim de três horas, sem esquecer ainda que também fizeram o véu e os sapatos. Porém, a contrastar com a sumptuosidade do seu histórico vestido de noiva, Kate apareceu no dia a seguir ao casamento usando um vestido Zara: azul, jovem, fresco e barato. Mas a duquesa não é o único membro da realeza a deixar-se tentar pela fast fashion de algumas grandes cadeias de moda low cost europeias. Este é, sem dúvida, um sinal dos tempos, mas terá apenas a ver com a aproximação da realeza aos seus súbditos ou será também uma medida anticrise?

A moda sempre foi um elemento social e culturalmente relevante e unificador, e quem sabe, uma das armas de combate das princesas modernas

O atual panorama internacional fez da palavra crise a mais ouvida, escrita e falada dos últimos meses e obrigou a uma reorganização das contas de vários países e também das respetivas monarquias. Pela primeira vez em cerca de 30 anos, no final de 2011 o rei Juan Carlos de Espanha tornou públicas as contas da casa real e anunciou cortes no orçamento para 2012 com reflexo nos ordenados dos membros da família real. A situação no país vizinho também não está fácil e, como se costuma dizer, o exemplo vem de cima. Mas a redução no salário não parece ser a causa das escolhas low cost da princesa Letizia que, desde que visitou as instalações da Mango há cerca de um ano, tornou-se uma das suas mais importantes embaixadoras e já a vimos usar várias peças de vestuário e acessórios da marca. Na visita ao Hangar Design Center e ao Centro Dinâmico de Distribuição, na Catalunha, a princesa foi acompanhada pelo presidente da empresa, Isak Andic, e usou um vestido Mango, que parecia feito para si. Faz parte do papel das princesas promover a moda do seu país e, além dos criadores em nome individual, Espanha tem ainda dois dos maiores impérios de moda internacionais para o grande público a preços acessíveis: a Mango, que já está presente em 105 países, e a Inditex, o grupo a que pertence a Zara.

Mas não pensemos que os modelos produzidos em série e distribuídos por dezenas de países são uma opção para os momentos de lazer. As peças mais trendy são escolhidas a dedo para diferentes atos oficiais. A princesa Victoria da Suécia, uma das mais ricas da Europa por ser a herdeira do trono, tem no armário peças de uma das mais famosas marcas suecas, presente em cerca de 43 países, e uma importante protagonista no jogo da fast fashion: a gigante H&M. Segundo a marca, a consultora de imagem particular da princesa escolhe peças das coleções correntes, bem como outras que ainda não estão disponíveis ao público. A H&M afirma que é reembolsada pelas peças porque, de facto, ao contrário das celebridades que usam roupa e acessórios emprestados, os membros da realeza compram as suas peças e gerem o seu orçamento, optando, por vezes, por alterar os vestidos já usados, dando-lhes uma nova vida. E se há membro da realeza cujo guarda-roupa fica na história é sem dúvida a princesa Diana, que, depois de encontrar o seu estilo, reutilizava e adequava as roupas às ocasiões como ninguém.


Enquanto Kate Middleton era ainda uma noiva real, em janeiro de 2011, Suzy Menkes publicou na Harper’s Bazaar um artigo que analisava o estilo da jovem conhecido até então, bem como a pesada herança de moda que Diana deixou. A editora de moda do International Herald Tribune compara ainda os diferentes contextos de ambas, salientando a relevância da Internet e das redes sociais no futuro de Kate e deixa no ar a ideia de que a indústria anseia por uma nova princesa da moda. Agora, as comparações parecem ter acabado e a duquesa é mesmo um sucesso de vendas. O seu impacto no comércio tradicional e online já se fez sentir e até já nasceu a expressão “the Kate effect”. Segundo o Daily Telegraph, o vestido Zara com efeito de renda estampada que usou em dezembro para um concerto de caridade esgotou em minutos em todos os tamanhos e o vestido Reiss que usou para conhecer os Obamas vendeu-se a uma velocidade de um por minuto. Até o trench-coat Burberry que Kate vestiu logo a seguir ao anúncio do noivado esgotou em toda a Inglaterra em 24 horas. E não ficamos por aqui. Embora pelo Norte da Europa as casas reais sueca, dinamarquesa e norueguesa ainda não tenham tido necessidade de apertar o cinto, as princesas Mary da Dinamarca e Mette-Marit da Noruega também têm as suas roupas low cost das cadeias já referidas.

Durante vários séculos coube à realeza ditar a moda e ter sempre o melhor e mais exclusivo desta área. Isabel I de Inglaterra tornou moda o cabelo ruivo e Maria Antonieta enfatizou ainda mais o barroco do seu tempo em perucas e vestidos. A mulher de Napoleão Bonaparte, Josefina, popularizou o cabelo moreno e os vestidos de linha império característicos do início do século XIX. Até as princesas dos contos de fadas têm vestidos feitos só para si por animais encantados. Por isso, podemos mesmo dizer que estamos a assistir a uma mudança histórica. A realeza prospera em alguns países, mas muitos consideram-na um modelo arcaico prestes a acabar. Longe do tempo das conquistas de espada em punho, as famílias reais da atualidade têm um importante papel representativo e tentam estar cada vez mais próximas dos seus súbditos. A moda sempre foi um elemento social e culturalmente relevante e unificador e, quem sabe, uma das armas de combate das princesas modernas, que na sua maioria já foram plebeias e conhecem bem os dois lados desta questão. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e a verdade é que o facto de as princesas incluírem estas marcas no seu guarda-roupa não tem sido em nada desprestigiante perante as “autoridades da moda”, uma vez que Kate figura na lista da Vanity Fair das mulheres mais bem vestidas do ano, onde a princesa Letizia também já esteve presente.

O meu reino por uma peça low cost
1 de 6 / O meu reino por uma peça low cost
No dia a seguir ao seu casamento com um vestido Zara
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Com o seu vestido de noiva Sarah Burton para a casa Alexander McQueen
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Com um casaco Zara
4 de 6 / Com um casaco Zara
Durante a visita a Fran?a, com um casaco H&M
5 de 6 / Durante a visita a Fran?a, com um casaco H&M
De visita ao El Hangar, o centro de design da Mango, com um vestido da marca
6 de 6 / De visita ao El Hangar, o centro de design da Mango, com um vestido da marca
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