José Condessa: "Hoje, o machismo tóxico parece ser cool"
No jardim onde o ator brincava em criança, o tempo parece ter parado. Numa conversa sobre palcos, conviccões artísticas e sucesso, José aguarda a estreia de Rabo de Peixe, na Netflix. Uma entrevista feita a andar a pé por Lisboa, a contrariar o ritmo das conferências de imprensa múltiplas.
No começo de maio, temos encontro marcado na fronteira onde Lisboa se torna outro tipo de paisagem. No horizonte, o rio fica mais largo, aproximando-se do mar. Há telefones a tirar fotografias, ouvem-se gritos de excitação, inúmeros idiomas são falados. Está um dia quente. Podíamos estar numa estreia ou num desses tapetes vermelhos que fascinam a internet. Qualquer movimento humano inspira selfies, há souvenirs iminentes a serem produzidos digitalmente. Ficamos a observar grupos de turistas de todo o mundo e como se comportam em massa. Estão parados em filas, em frente à porta dos Pastéis de Belém.
Os azulejos, as pedras da calçada, os elétricos que passam apinhados e o Mosteiro dos Jerónimos gigante: tudo é imortalizado em pequenos disparos fotográficos. E, sem querer, os turistas sedentos de recordações esquecem-se de olhar para o ator português mais celebrado da atualidade, dentro e fora do país. José Condessa está no meio deles. Um dia será considerado um tesouro nacional, estamos certos. Agora passa despercebido. Veste um polo branco, calças de ganga e ténis Adidas com pequenas flores bordadas. Tem vários anéis nos dedos. O seu rosto de traços clássicos sobressai no corpo atlético, como se fosse grande demais para o tronco que habita. Há quem diga que este é um dos segredos da fotogenia, ela é uma aliada incontestável da sua presença.
Os turistas continuam, fascinam-se agora com um néon vermelho, está do outro lado da rua, tem a palavra “sardinhas” inscrita em inglês. José acaba de sair dos Pastéis de Belém, tentava dizer “olá” a uma amiga que ali trabalha, falhou-lhe o turno. Perante tal azáfama turística, sugere uma fuga para falarmos num jardim ali perto. Respiramos aliviados. Confessamos: tínhamos estremecido com a sua sugestão de nos encontrarmos num sítio tão agitado. Percebemos então que todas as ruas nos quarteirões que sobem em direção ao bairro da Ajuda lhe são familiares, tem histórias em muitas delas. Os seus avós viviam ali. “O sítio onde comecei no teatro amador chamava-se na altura Belém Clube. Com três anos, fiz lá uma figuração numa peça, em que era um anjinho que perdia uma asa, e aos cinco anos fiz o meu primeiro texto, um monólogo sobre o amor” – faz uma pausa –, “só que eu não sabia ler… e por isso era o meu pai [que fazia parte desse grupo] quem decorava as falas nas viagens de carro que fazíamos juntos, eu aprendia de ouvido o que tinha de dizer em palco, decorava o texto com a cadência da voz dele”.
*Leia a entrevista completa na edição em papel da Máxima, já nas bancas.
Créditos: Realização de Joyce Doret. Fotografia de Pedro Sacadura. Cabelos e maquilhagem: Elodie Fiuza. A Máxima agradece ao Jardim Botânico da Ajuda todas as facilidades concedidas.
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