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Celebridades

Maggie Smith: uma vida e uma carreira bem vividas chegam ao fim

Foram mais de 70 anos de representação, quase 90 de existência. Uma das mais prolíficas e aclamadas atrizes britânicas, da geração de Judy Dench e Ian McKellen, saiu do palco para nunca mais voltar. Passou os últimos momentos no hospital, com a família mais próxima. Recordamos alguns dos seus momentos altos.

Foto: Getty Images
27 de setembro de 2024 às 17:21 Madalena Haderer

Acaba de ser divulgada uma notícia que a maioria das pessoa preferia não receber, mas que estava, inevitavelmente, a caminho. Morreu Dame Maggie Smith, a famosa e muito querida atriz que, nos últimos anos, fazia, como ninguém, o papel de velhota rezingona e autoritária. Personagens a que adicionava sempre um toque de wit, aquele humor frio e acutilante que os britânicos tanto apreciam. Ficará nos corações das gerações mais jovens pelas duas grandes interpretações mais recentes: a temida Lady Violet da série Downton Abbey, e a rigorosa Professora McGonagall da saga Harry Potter. E quem poderá esquecê-la no papel da circunspecta Madre Superiora no filme Do Cabaré para o Convento? Smith trouxe dignidade e profundidade a todas estas personagens, mas também – em especial no caso de Violet –, uma frescura, sagacidade e capacidade de pôr (quase) tudo em perpetiva, como é de esperar de alguém que, a determinada altura, já parece ser mais velha que o tempo. Maggie Smith morreu a três meses de fazer 90 anos. Estava hospitalizada e esteve sempre acompanhada pelos dois filhos, Chris Larkin e Toby Stephens. Deixa cinco netos. E muitos fãs com o coração partido.

Foto: Getty Images

Estes eram, talvez, os papéis que lhe assentavam melhor: mulheres conservadoras, com uma carapaça dura e severa, mas que escondia uma doçura e um entusiasmo – ou até uma marotice – quase infantis. E uma grande integridade. Com um toque de excentricidade. Tinha um talento raro e especial para combinar profundidade emocional e dramatismo, com leveza e humor. E, nas palavras de Lady Violet, estava perfeitamente no seu direito de ser tão contraditória quanto quisesse pois, afinal de contas, era uma mulher. E que mulher.

Foto: Getty Images

Maggie Smith nasceu a 28 de dezembro de 1934, em Essex, Inglaterra. Começou a sua carreira no teatro, no início da década de 1950, onde se destacou nos palcos do National Theatre e da Royal Shakespeare Company. Foi aclamada pelas suas interpretações de papéis de Shakespeare, como Desdémona em Othello e a rainha Isabel I em Ricardo III. Em 1969 ganhou o seu primeiro Óscar de Melhor Atriz por interpretar a excêntrica e carismática professora Jean Brodie no filme The Prime of Miss Jean Brodie – o papel que a lançou para a fama internacional. E em 1978, ganhou o seu segundo Óscar, desta vez como Melhor Atriz Secundária, pelo seu papel na comédia California Suite. Foi também nomeada para um Óscar pelas suas participações nos filmes Othello (1965), Travels with My Aunt (1972), A Room with a View (1985) e Gosford Park (2001). 

Foto: Getty Images

Ao longo das décadas, Smith consolidou-se, ao lado de Judi Dench, como uma das mais importantes intérpretes do teatro britânico. Na Broadway, recebeu nomeações ao Tony Award pelas peças Private Lives de Noël Coward (1975) e Night and Day de Tom Stoppard (1979), e venceu o Tony Award de Melhor Atriz numa Peça por Lettice and Lovage (1990). 

Foto: IMDB | Sister Act

A lista dos prémios que recebeu – Óscares, Emmys, BAFTAS, Tonys, Globos de Ouro, inúmeros prémios europeus menos conhecidos, reconhecimentos e louvores por parte da rainha Isabel II – está em linha com o seu talento e com a sua extensa carreira, tanto no teatro, como no cinema e na televisão. E, no entanto, foram, de facto, as sagas Harry Potter e Downton Abbey que lhe trouxeram um reconhecimento estratosférico. Foi, de resto, no papel de Lady Violet que Smith fez a sua última actuação, em 2022, no filme Downton Abbey: A New Era. Tirando esse, o seu último filme foi A Senhora da Furgoneta, de 2015, uma peça de Alan Bennett adaptada para o cinema, que conta a história real (mas ficcionada) de uma senhora excêntrica que viveu, durante 15 anos, numa furgoneta na entrada da casa do dramaturgo. Esta senhora excêntrica foi, naturalmente, interpretada por Maggie Smith, que foi muitíssimo aclamada pelo papel. Outros grandes sucessos no cinema britânico incluem a sua participação em A Room with a View (1985) e Gosford Park (2001).

Foto: IMDB | Harry Potter and The Deathly Hallows

Maggie Smith casou-se, pela primeira vez, em 1967 com o ator Robert Stephens. O casal teve dois filhos, Chris Larkin e Toby Stephens, ambos envolvidos na indústria do cinema. Após o divórcio de Stephens em 1975, Maggie casou-se, no mesmo ano, com o dramaturgo Beverley Cross, com quem permaneceu até à morte dele, em 1998. Em 2007, foi diagnosticada com cancro da mama, e fez o tratamento ao mesmo tempo que filmava Harry Potter e o Príncipe Misterioso.

Foto: IMDB | Downton Abbey

Smith deixa um vazio enorme não só no seio da sua família, mas também no panorama das artes e do espetáculo. 70 anos de uma carreira que a atriz, com a humildade e autodepreciação típicos de uma inglesa, resumiu desta forma: "Fui à escola, quis ser atriz, comecei a representar e ainda estou a representar." Até hoje.

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