Como a beleza, a moda e a sustentabilidade se cruzam na vida de Alice Trewinnard
Desafiámos quatro influencers a combinar os seus looks preferidos da coleção de primavera/verão da H&M com peças antigas dos seus closets. Uma colaboração que é um incentivo ao consumo ponderado, mas nem por isso menos criativo, como nos mostrou Alice Trewinnard numa tarde passada no seu escritório, em Lisboa.
Aos 30 anos, Alice Trewinnard é uma das mais bem sucedidas influencers da sua geração. Do Youtube ao Instagram, é lá que partilha os seus looks preferidos, além de ser especialista em penteados. Formada em nutrição, está à espera da primeira filha, e com isso chegou a hora de dizer adeus às peças antigas do armário, dar nova vida a outras e conjugar o seu guarda-roupa com as novas peças da coleção de primavera/verão da H&M, que privilegia materiais ecológicos. Alice faz jus ao conceito de wear it more, que também marca o mindset do momento da marca.
Aventurou-se no universo digital ao mostrar vídeos de beleza, nomeadamente penteados. Se lhe dissessem que cinco anos depois já tinha publicado um livro, lançado uma marca e estava, agora, à espera de um bebé, o que teria pensado?

Na verdade, aventurei-me no digital e nos vídeos de beleza após o lançamento do livro! O livro foi um excelente motor de arranque para dar o passo para o digital, porque foi a melhor forma que arranjei de dar continuidade aos tutoriais passo a passo descritos no livro. Ainda assim, podemos voltar ainda mais atrás no tempo, e quando comecei a partilhar os penteados na minha página de Facebook (naquele tempo, a rede social por excelência era o Facebook), jamais pensei que a minha vida fosse mudar tanto nos anos seguintes.
Acho que não acreditaria, para dizer a verdade, porque a Alice de 23-24 anos não tinha nada a ver com a Alice de, agora, aos 30 anos. Era muito mais tímida, insegura, e estava numa fase da vida em que ainda não sabia bem o que queria fazer no futuro. Não tinha grandes projeções, tinha muitas dúvidas e, por isso, se soubesse nessa altura que a minha vida ia ser o que é hoje, acho que teria muitas dúvidas em acreditar que pudesse ser um futuro com o meu nome lá escrito. Olhando para trás, estou extremamente grata pelas oportunidades que a vida me deu, pelas pessoas que se cruzaram no meu caminho e pelas circunstâncias que se criaram e permitiram que chegasse até aqui.
A sua formação é em Nutrição. É uma profissão que está, neste momento, posta de parte?

Em termos de exercer mesmo a profissão, sim. Adoro a área e será sempre um tema que me interessa muito, mas a minha vocação passa muito mais por este meu lado comunicativo e criativo. É aqui que me sinto "em casa". Além disso, por continuar a ser uma área de interesse, ainda consigo interligar a nutrição com a minha comunicação e, mais recentemente, com a marca de snacks saudáveis que acabei de lançar, a Tarwi. É engraçado como, olhando para trás, acabo por conseguir conjugar aquilo que estudei com a minha profissão atual. Nada é por acaso!
Sente a pressão de "viver" nas redes sociais ou consegue fazer bem essa distinção? Como vê a responsabilidade de ter tantos seguidores a ver os seus conteúdos diários?
Não sinto essa pressão e, felizmente, sempre consegui separar bem as coisas. Nunca deixei envolver demasiado o meu lado mais pessoal e íntimo com o meu lado mais público, e isso sempre me ajudou a centrar-me, a manter os pés bem assentes na terra e a ver as coisas com maior clareza. Já para não falar, claro, de contribuir positivamente para a minha saúde mental. Quanto aos seguidores, é impossível negar que sinto algum grau de responsabilidade. Quando se fala para uma audiência tão grande e tens uma conta pública, têm de se assumir responsabilidades pelas coisas que se dizem e fazem. Não quer dizer que comunique com filtros ou que adopte uma "persona" ou "alter ego", sou a Alice na mesma, mas por vezes, e dependendo do tema/ocasião, convém ser mais ponderada ou assertiva na forma como quero comunicar. É um pouco como aquela frase que diz "with great power comes great responsability". Não que considere que tenha "poder" no sentido mais forte ou literal da palavra, mas antes olhar como a capacidade de chegar e, invariavelmente, poder influenciar tantas pessoas que me seguem. É o preço a pagar, mas vivo bem e em paz com isso.
O que mais adora fazer, além da beleza, da moda, e desses universos que tanto se cruzam?
Adoro viajar, coisa que não faço há mais de um ano devido à pandemia, e agora com bebé a caminho, também não estará para breve. Adoro passear, estar em contacto com a natureza, passar tempo com os meus amigos, dançar! Que saudades de uma festa. Fazer desporto também é uma prática recorrente na minha vida e dia a dia, não passo sem.
Quais são os seus guilty pleasures? E o que é que a tira do sério?
O meu maior guilty pleasure é mesmo comida, adoro comer. Não sou nada esquisita, como praticamente tudo, mas aquele alimento que me faz sempre vacilar é pão. Até posso ter fases em que não compro, mas se o tenho em casa ou vou jantar fora e colocam pão à minha frente, é uma guerra perdida. Adoro pão, e a minha comunidade sabe e até brinca com isso! Já me disseram que não posso sair desta vida sem abrir uma padaria. Quem sabe! Mas nem vejo o "guilty" com conotação negativa. Adoro pão e sempre fará parte da minha vida. O que me tira do sério são pessoas mal educadas, a arrogância, a altivez. Pessoas que se acham superiores e que te fazem sentir pequenina e inferior. Uma das coisas que mais agradeço aos meus pais foi a educação que me deram e de me terem incutido valores como a bondade, respeito, igualdade e independência. Quando assisto a atitudes que chocam tanto com aquilo que sou e acredito, fico fora de mim.
Das suas conquistas, qual a que a deixou mais orgulhosa e porquê?
Podia ser mais específica e apontar uma ou duas situações, mas aquilo que me deixa mesmo orgulhosa e grata é mesmo o percurso que fiz nestes últimos 5-6 anos. Como mencionei ao início, eu era uma pessoa diferente da que sou hoje em dia, jamais acreditaria que teria o potencial para ser e estar onde estou hoje. E, por essa razão não deixo de estar muito orgulhosa de mim pela coragem que tive ao arriscar e seguir o meu instinto. Trabalhei para chegar onde cheguei e continuarei a fazê-lo. Tornei-me numa pessoa muito mais confiante, mais forte e mais segura de si, que sabe cada vez mais aquilo que quer e que sabe ver o seu valor, coisa que antigamente não saberia fazer tão bem (ou muito mal). É isto que me faz agradecer, todos os dias antes de adormecer, e me deixa concretizada e feliz.
A sustentabilidade é um caminho que tem tentado percorrer? Que hábitos cultiva, hoje em dia, nesse sentido?
Sem dúvida. Nos dias que correm e com a informação que temos disponível, quase que vejo como uma irresponsabilidade alguém não estar minimamente a par daquilo que podemos fazer para um mundo mais sustentável. Não acho que tenhamos todos de ser fundamentalistas ou passar "do 8 para o 80", nem temos de saber tudo sobre sustentabilidade, mas há pequenas coisas e escolhas que podemos fazer no dia a dia que contribuem para a saúde do planeta. Pessoalmente, tenho-me informado cada vez mais sobre o assunto, através de livros, documentários, podcasts e seguindo pessoas que têm contribuído para criar awareness sobre o tema; a reciclagem sempre fez parte da minha vida também; reduzi substancialmente o consumo de plástico descartável através do uso sacos de pano reutilizáveis, utilização de copo menstrual, optei por comprar e usar palhinhas de metal e evito comprar garrafas de água de plástico.
Também sou cada vez mais consciente no meu consumo de roupa. Não só compro muito menos, como compro de forma mais ponderada. Arranjei formas de dar uma nova vida a peças que não uso, como vender em segunda mão, ou até mesmo levando à costureira e transformando algumas peças. Também reduzi muito o consumo de carne em casa e fazemos mais refeições de base vegetal, que adoro. Há tantas formas de sermos mais sustentáveis no nosso dia a dia que, mesmo se essas mudanças forem pequenas, a longo prazo fazermos a diferença.
Como está a viver a maternidade? É um estado de graça, ou tem o seu lado menos glamoroso?
Lindamente. Até me sinto mal em falar de um lado "menos glamoroso", porque sinto que tive, até agora, uma gravidez santa e que não estou em posição de me queixar. Para mim, tem sido um verdadeiro estado de graça. Nunca tive enjoos, náuseas, vómitos ou grande mau estar. Não engordei mais para além do suposto e tenho-me sentido muito bem na minha pele. Claro que, agora de 8 meses, já sinto algum desconforto e limitações, também não é tudo super fácil e tranquilo, mas tem sido uma viagem incrível e já sei que vou sentir saudades desta fase. Estou a adorar estar grávida.
Quais são os maiores truques para vestir de forma confortável, nesta fase?
Usar e abusar de vestidos, claro. Vestidos são a minha peça de roupa preferida, por serem confortáveis, práticos e fazerem logo o look. Não é preciso pensar muito! Por isso, na gravidez é umas das peças de roupa que mais tenho usado, mas também tenho umas leggings sem as quais não vivo sem. Nem são leggings de grávida, mas como são subidas, funcionam perfeitamente. Além disso, são elásticas e sem grandes costuras, mas elegantes o suficiente para servirem como parte de baixo, o que por um lado é óptimo para se estar por casa e, por outro, perfeitamente aceitáveis para se sair à rua com elas.