Beleza virtual

Provavelmente já reparou neles no seu feed do Instagram, pela simples razão de que é praticamente impossível ignorá-los.

13 de março de 2017 às 07:43 Máxima

Black Masks

Até a mais cética beauty addict está tentada a encomendar uma destas máscaras "mágicas" que frequentemente surgem no conteúdo patrocinado do Instagram. Não há acesso a grandes pormenores sobre elas ? de onde vêm e o que são exatamente ?, mas sabemos o que fazem: trazem à superfície o pior que se esconde por baixo da epiderme, sugam o mais intrusivo dos pontos negros e devolvem aos poros o estado virgem. Será magia negra? A Dr.ª Manuela Cochito (www.consultoriomanuelacochito.com), dermatologista, chama-lhes antes "uma forma de marketing que explora a ingenuidade dos consumidores e o desejo permanente por encontrar o elixir da juventude". Mas vamos por partes. Para um produto entrar no mercado convencional não pode ter na sua composição princípios prejudiciais à saúde ou alergénicos. Tem de se submeter a uma série de testes, entre outros parâmetros. "E este tipo de produtos comercializados na Internet escapam muitas vezes a esse controlo", alerta a especialista. "Não sei se é o caso destas máscaras em concreto, mas as pessoas podem estar a usar produtos que podem ser cancerígenos ou que têm uma elevada taxa de sensibilização." Se ler mercúrio ou alcatrão na embalagem, por exemplo, afaste-se imediatamente (mesmo que o vídeo demonstrativo no YouTube aparente a perfeição). Se pretende uma máscara que limpe a pele, existem inúmeras alternativas, devidamente autorizadas. "Não existem milagres e não é a Internet que os vai inventar", diz a especialista. (In)felizmente, o segredo para uma boa pele não precisa de wi-fi: "Uma boa pele reflete uma boa saúde, um regime de vida saudável, uma proteção da radiação social e uma limpeza cuidadosa e hidratação própria."

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Lip Rollers

Temos de concordar que os lábios carnudos, enquanto característica física, sempre foram desejáveis – uma popularidade que aumentou depois do "antes e depois" de Kylie Jenner (não podemos fingir que aquele desafio no Instagram não aconteceu). Mas do desejo de ter lábios maiores à prática de introduzir miniagulhas nessa zona, há uma grande distância. Ou talvez não. Primeiro, vemo-los no Facebook e no Instagram. Depois, o caso tornou-se sério: surgem em revistas da especialidade artigos onde as jornalistas se submetem aos lip rollers (pequenos rolos cobertos de agulhas, que se vendem ao desbarato na Internet). Ficou intrigada? Também o médico cirurgião plástico Christopher Johnsson torce o nariz ao uso a solo dos rollers: "As pessoas não deveriam usar os rollers sem supervisão médica, uma vez que, mesmo no caso dos rollers que, teoricamente, podem ser vendidos ao público, estes aparelhos vêm com pequenas agulhas de 0,2 mm, havendo sempre riscos associados." Precisamente! "A sua utilização exige uma série de cuidados a começar pela correta assepsia da pele. A utilização de agulhas numa pele infetada pode causar problemas graves de infeção do tecido celular subcutâneo, levando, muitas vezes, a uma celulite (inflamação desse tecido). O roller não pode ser utilizado quando há lesões na pele, até mesmo com uma simples borbulha pode espalhar as bactérias para dentro da pele. Um herpes labial, por exemplo, que aparece como uma ferida, é outra contraindicação ao uso do roller e, muitas vezes, as pessoas não sabem detetar essa lesão." Ficamos alertadas. E, para quem quer mesmo aumentar o volume dos lábios, mas de forma segura, o especialista recomenda procedimentos não cirúrgicos como os fillers, que proporcionam resultados muito superiores aos do roller, e a aplicação do ácido hialurónico (Restylane) permite dar forma, contorno e volume aos lábios (sem o ar de boneca artificial). "Para isso, é fundamental a noção de estética do médico, a fim de respeitar a anatomia natural dos lábios. A vantagem dos fillers com ácido hialurónico é que se obtém resultados naturais e imediatos. Além disso, estamos a falar de um produto que é biocompatível, o que significa que é reabsorvido pelo organismo ao fim de 6 meses. Não há quaisquer contraindicações nem perigo de rejeição", garante o médico, e isto sim pode andar nas bocas do mundo.

Waist Trainers

Se nunca viu esta espécie de corpete fitness em animal print, não deve ter acesso ao www há séculos. Como quase todas as tendências estranhas que se tornam virais, também esta deve a sua popularidade à família mais conhecida do planeta, mas a esta altura do campeonato já pouco importa associar os waist trainers à Kim Kardashian quando estes se tornaram o uniforme de toda uma população fit. Há quem diga que em tempo recorde perdeu centímetros (no plural), há quem lhes gabe a facilidade em transformar um pneu numa cintura de vespa, há quem jure que ficou com uma barriga mais dura e costas direitas e há quem até durma com eles. Mas será tudo bom? Quando a perda de gordura é grande, desconfiamos. Para David Fernandes, fisioterapeuta, o waist trainer "restringe os movimentos do tronco e dos membros superiores" e, se muito apertado, pode ainda "dificultar o padrão respiratório, provocar lombalgias e lesões ou disfunções nas costelas". A única altura em que o especialista vê mais vantagens em usar um waist trainer em vez de fazer uma boa série de abdominais é no pós-parto e, mesmo assim, "não é o waist trainer que vai tonificar a parede abdominal", adverte. O resultado parece ser 50/50: usado com precaução (e conhecimentos), o waist trainer pode ser um aliado no processo de remodelação corporal, mas, lá no fundo, sabemos que não é um corpete que nos vai dar a barriga de Gabriela Pugliesi.

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Patrícia Domingues

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