O nosso website armazena cookies no seu equipamento que são utilizados para assegurar funcionalidades que lhe permitem uma melhor experiência de navegação e utilização. Ao prosseguir com a navegação está a consentir a sua utilização. Para saber mais sobre cookies ou para os desativar consulte a Politica de Cookies Medialivre
Beleza / Produtos

O novo perfume Barénia cheira a mulheres selvagens

Christine Nagel quis guardar num frasco as qualidades das (raras) mulheres que entram numa sala sem pedir licença e a enchem de luz. Assim brilha o novo aroma da Hermès.

Foto: @Hermès
20 de setembro de 2024 às 16:05 Patrícia Barnabé

Os aromas da Hermès, já sabemos, são quase sempre dos mais especiais que encontramos nas prateleiras das melhores perfumarias. Num mundo onde tudo se multiplica até à náusea da banalidade, é refrescante observar uma marca clássica parisiense, das mais exigentes e sofisticadas, sempre impávida e serena no seu trono de grande qualidade do luxo intemporal e sempre alheia ao ruído e excitação do mercado. O que é, no mínimo, inspirador.

A Hermès não se verga aos gostos da maioria, uma postura rara na grande constelação da moda de hoje em que a regra é o mercado e apenas o mercado. De há uns anos para cá, os criadores de moda foram substituídos por diretores artísticos, trocou-se a criatividade pela popularidade e o conteúdo pelos números, a qualidade pela quantidade. Ou não vivêssemos na era das redes sociais soberanas e da obsessão pela celebridade. A Hermès pouco ou nada arreda pé do seu lugar de estilo superlativo, sem tempo ou limites. É corajoso e livre, valores que a genial nez da marca, Christine Nagel, quis encapsular neste aroma a que deu o nome de Barénia.

Depois de passar uma vida a pensar moda, objetos e aromas para mulheres muito sofisticadas, e que fazem questão de passar despercebidas no seu luxo silencioso, e para espaços particularmente distintos, a mirabolância da Hermès não para de surpreender com criações que bem podem tornar-se eternas. Este novo Barénia bem pode dar nas vistas, pela sua forte personalidade e sedução, o que também significa que talvez não seja consensual, o que é uma delícia: só quem não agrada a todos reinventa a magia. Metade da pinta é estar-se nas tintas, a outra metade é talento e visão.

Este perfume é para essas mulheres maravilhosamente híbridas, a que sempre chamaram de masculinas porque não aguentam a sua frontalidade, o seu não conformismo às normas e ao desconforto. Como diz, aliás, Christine Nagel: "A mulher Hermès é guiada pela criatividade, pelos seus instintos, os seus desvios nunca são passos em falso".

Foto: Brigitte Lacombe

O seu nome, Barénia, provém de um cabedal vivido, o que chamam de heritage leather e é uma assinatura Hermès. Uma definição de sexiness, já que é incrivelmente fino e tem um toque muito macio. A marca associa-o instintivamente "às almas mais libertas e intrépidas", lá está, às mulheres mais selvagens, que se despem das convenções, uma metáfora de coragem e inevitabilidade para as personalidades instintivas.

Este é o primeiro chypre da diretora criativa da perfumaria Hermès, isto é, uma estrutura clássica que harmoniza o cítrico fresco e frutado da bergamota, o musgo de carvalho que cheira a terra e o labdanum, uma resina de esteva. Ou seja, quis encapsular uma conjugação de memórias olfativas que nos remetem para o Mediterrâneo e para a sua aura outra forma de sensualidade. Aqui, a nez pegou nesta ideia primordial e trabalhou denodadamente para construir um perfume que combina a delicadeza do lírio-borboleta, uma baga espantosa que descobriu numa viagem a África, com um lado perfumado surpreendente, e a madeira do carvalho, todos selados pelo lado mais emotivo que sempre trás um patchouli intenso.

O frasco de Barénia vai buscar referências a uma peça emblemática da marca, as coleiras para cães, produzidas em tempos muito idos, quando a Hermès era especializada em objetos em couro e ilustrativos do lifestyle que rodeia a cultura dos cavalos. Esse collier de chien deu nome a uma pulseira icónica, que se tornou num clássico Hermès, e foi repetida noutros objetos, acessórios, principalmente carteiras, por simbolizar a libertação feminina nos roaring twenties parisienses.

Estes, como sabemos, revolucionaram a maneira das mulheres se vestirem e foi o primeiro grito feminista visível no sistema: sem espartilhos, sem cintura definida, sem soutien. Até aí, as feministas eram "as malucas" das sufragistas, postas de parte pela sociedade em geral, mulheres incluídas, porque defendiam a ideia louca delas terem direito ao voto. E aqui estamos nós ainda a falar sobre o tema da equidade entre géneros, mas a reconhecer finalmente as "loucas" que mudam o rumo do mundo, todos os dias e em nome de todas.

Leia também

Shopping. A beleza do outono em 30 produtos

Muda a estação, redobram-se os cuidados. Novas fórmulas, aromas e texturas definem o caminho: cuidar, hidratar e não descurar. Da cabeça aos pés, a oferta é alargada e o investimento um valor seguro, afinal é de amor próprio que falamos.

As Mais Lidas