Alicia Keys diz não à maquilhagem
"Maybe all this Maybelline is covering my self-esteem". A cantora decidiu pôr um ponto final à ditadura da beleza e anunciou, através de poderosos retratos ao natural, que decidiu deixar de usar maquilhagem.

O comunicado foi feito através da LENNY, a plataforma de Lena Dunham (escritora, produtora, atriz e, principalmente, feminista até ao âmago). Alicia Keys explicou que pensava sobre este assunto há bastante tempo e que se debatia entre a vontade de ser quem era livremente e a pressão social (que sentia como sua) de ser constantemente perfeita. O desfecho deste debate interior deu-se no dia em que foi fotografada para a revista FAULT, sem estar minimamente maquilhada, e foi captada por isso em retratos reais e crus, onde podemos ver (talvez pela primeira vez) as suas sardas.

Ficou então a promessa de não usar mais maquilhagem, feita a todos os fãs em forma de carta, com o título Time to uncover, escrita pela própria Alicia Keys:
Antes de começar o meu álbum, escrevi uma lista de todas as coisas de que estava farta. E uma delas era a lavagem cerebral feita às mulheres para que sintam que têm de que ser magras, ou sensuais, ou atraentes, ou perfeitas. Uma das muitas coisas de que estava farta era do julgamento constante das mulheres. Do estereótipo constante que nos faz sentir que ser normal não é normal, e "Deus nos livre de sermos plus-size". Ou da mensagem constante de que estar sexy é estar despido. Tudo isto é tão frustrante e tão impossível. (...)
(...)
What if I don't want to put on all that makeup
Who says I must conceal what I'm made of
Maybe all this Maybelline is covering my self-esteem
De manhã desde o minuto em que acordo
E se eu não quiser pôr toda essa maquilhagem
Quem disse que eu devo tapar aquilo de que sou feita
Talvez (maybe) toda esta Maybelline esteja a tapar a minha auto-estima
Cada vez que saía de casa, ficava preocupada se não estava maquilhada. E se alguém me pede uma fotografia? E se alguém PUBLICA a fotografia? Eram estas os inseguros, superficiais, mas genuínos pensamentos que tinha. E todos eles, de uma forma ou de outra, eram demasiado baseados naquilo que os outros pensavam de mim. (...)
Fiquei chocada. Instantaneamente, fiquei nervosa e um pouco desconfortável. A minha cara estava totalmente "crua". Eu tinha uma sweatshirt vestida! Para mim, este era o meu look de ir-a-correr-para-a-sessão-fotográfica-para-me-preparar-para-ela. Por isso perguntei-lhe, "Agora?! Tipo agora mesmo? Eu quero ser verdadeira, mas talvez isto seja demasiado verdadeiro!!"
E foi isto. Ela começou a fotografar-me.
Era um cenário simplesmente branco, eu e a fotógrafa numa interação íntima, eu e aquele boné de basebol com um lenço e um monte de magia invisível a circular. E juro que foi a coisa mais forte, mais poderosa, mais livre, mais honestamente bonita que alguma vez senti.
Senti-me poderosa porque a minha intenção inicial concretizou-se. O meu desejo de me ouvir a mim mesma, de deitar abaixo os muros que construí ao longo de todos aqueles anos, de ter um sentido em mim, e de ser eu própria! O universo estava a ouvir estas promessas que fiz a mim mesma, ou talvez tenha sido eu a ouvir finalmente o universo, mas de qualquer das formas, foi assim que esta coisa de #nomakeup começou.
Quando a fotografia que tirei com a Paola saiu associada à minha canção "In Common", foi aquela verdade que rossoou com as pessoas a publicarem selfies #nomakeup como forma de resposta a este meu real e cru novo "eu".
Espero bem que isto seja uma revolução.
Porque eu não quero tapar mais. Nem a minha cara, nem a minha mente, nem a minha alma, nem os meus pensamentos, nem os meus sonhos, nem as minhas lutas, nem o meu crescimento emocional. Nada. Por Mariana Abreu Garcia
