Salvador Martinha diz o que pensa sobre Rui Sinel de Cordes
Durante o espetáculo "Morro Amanhã", o comediante ofendeu uma mulher que estava a assistir e que acabou por sair da sala. Salvador Martinha já disse o que pensava sobre o assunto no seu podcast "Ar Livre".

Quando no passado dia 23 de janeiro uma mulher abandonou a sala de espectáculos do BBVA Tivoli, em Lisboa, fê-lo por uma razão. Quando pediu a Rui Sinel de Cordes que deixasse falar Salvador Martinha e Luís Franco Bastos durante o espetáculo que os dois protagonizavam - porque estavam constantemente a ser interrompidos, e depois de o primeiro ter sido inadequado ao sair do palco para ir à casa de banho, este reagiu de forma impulsiva, ofendendo-a."Cala-te, sua p*** do c******!", "És uma vaca", "devias morrer de cancro", "és uma ordinária", "eu mesmo te matava por me interromperes, se não fosse o espetáculo do Vilão" foi o que terá dito, e não, não estava a fazer comédia. Agora, Salvador Martinha reagiu à polémica. No episódio número 238 do podcast "Ar Livre", ao qual chamou "Capacidade de inverter uma semana má", lamentou o sucedido e reforçou que não era sobre Rui que o espetáculo se tratava, mas sim sobre o falecido amigo Ricardo Vilão. "Morro amanhã" era um espectáculo com cunho solidário, mas acabou por ser cancelado – pelo menos o do Porto, que seria no Teatro Sá da Bandeira.
Salvador Martinha mostrou-se surpreendido com o sucedido. "Nós sentimos a necessidade de homenagear este amigo (...) fomos pioneiros no stand-up em Portugal" começa por dizer, sobre o Lx Comedy Club. "Na altura, quando começámos, tinhamos de explicar que não eram anedotas, era stand-up (...) foi um grupo muito importante para nós, estamos a falar de há 10 anos". O humorista diz que a ideia era, portanto, recordar Ricardo Vilão, que se suicidou em outubro de 2023. Salvador garante que se juntaram três a quatro vezes para fazer o ensaio, embora sentisse que ainda estavam a processar a morte do amigo."Do grupo, ele era o mais humano", diz, mais à frente, ao recordar um dos episódios que marcou o percurso do grupo, quando tiveram de cancelar um espectáculo. "Na altura iamos no Mini Cooper do Luís para todo o lado", diz, recordando esses tempos.

Sobre o desfecho do que aconteceu ao espectáculo, Salvador acabou por dizer: "Estávamos nervosos, mas pareciamos seguros, e pensámos 'vamos embora'. Partilhámos o mesmo camarim, vestimo-nos, rimos, e fomos para a frente. Agora, ao contar isto, sinto que sou um piloto que fez um trajeto Uruguai - Buenos Aires numa avioneta daquelas. Os primeiros 50 minutos estavam a correr bem, eu estava excitado, pensei: 'temos aqui um formato'", lembra, dizendo que se foram sentando e levantando à vez, em formato stand up. "Foi progressivo, o Rui começou a ficar excitado, lembro-me de ver o Bastos a partir tudo, teve tão bem, tive tanto orgulho nele." Adiante, o humorista reforça que Rui interrompia várias vezes os colegas. "O Rui interrompeu o Bastos uma, duas, três vezes... O Bastos nunca perdeu as piadas do princípio ao fim da noite. Eu não sei como atuei. O que eu vi foi um soldado que nunca perdeu as piadas a noite todas. Mas ele não estava a deixar [Rui Sinel de Cordes]. Aquilo irritou-me um bocado, fez aquilo do pezinho, aquilo não estava a fluir porque estavamos em loops de interrupções."
Salvador martinha garante que as pessoas estavam visivelmente desconfortáveis. "As pessoas falaram por nós, por termos de lidar com interrupções, mas foi numa boa, foi tipo 'cala-te, deixa-os falar.' E o Rui tem um momento de snap total." A senhora indignou-se saindo com várias amigas. "Ficou um gelo na sala, sairam umas 15 pessoas. A primeira a que vou responder, das que fazem: 'O que fizémos perante aquilo? Os humoristas, e as pessoas do espectáculo, estão treinados para continuar. The show must go on. Fica uma leve linha: 'foi humor, não foi?' Foi um colapso de uma pessoa que estava em palco."
Ainda no dia em que foi anunciado o cancelamento, Sinel de Cordes reagiu. "Disse e fiz coisas que me envergonham profundamente", lamentou.
