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A capital alfacinha está cada vez mais estimulante devido ao aumento de espaços culturais dinâmicos e multifacetados. Fomos espreitar alguns.
18 de janeiro de 2017 às 07:00 Máxima
A Sociedade
Proveniente do latim societas, que significa "associação amistosa com os outros", a palavra sociedade descreve um conjunto de pessoas que compartilha propósitos, gostos, preocupações e costumes e que interagem entre si, constituindo uma comunidade. É precisamente esse o intuito d’A Sociedade - Oficina Gastronómica Criativa, no Príncipe Real, mas o elemento unificador é um: a comida. Neste open studio de 150 metros quadrados, uma equipa de pessoas criativas que pretendem dar vida a projetos inovadores promove o encontro entre profissionais inspiradores da indústria, fomenta conversas e a partilha de conhecimentos. Os eventos realizados têm assinatura própria, mas juntam homens e mulheres ligados à alimentação que podem ser agricultores, produtores de mel, chefs, escritores, entre outros. Resumidamente, é um espaço que dá voz "àqueles que sabem do que falam", como podemos ler no website. Assistir a um destes acontecimentos, no entanto, já é algo mais restrito, são por convite e exclusivos, mas todos se podem candidatar a assistir a um dos eventos ali realizados, mediante preenchimento de um formulário. Boa comida e bom gosto parecem definir este projeto promissor que já começou a fazer crescer água na boca.
Morada: Rua Luís Fernandes, 32-A, Lisboa
Tel.: 21 829 89 01
Associação Cozinha Popular da Mouraria
Manda a tradição que numa casa portuguesa não falte nunca pão e vinho sobre a mesa. E esta tradição ainda é o que era. Continua a ser à mesa que os portugueses mais convivem, trocam ideias e experiências de vida, acompanhados por boa gastronomia. No coração da Mouraria há um espaço que homenageia esta tradição e onde a comida é o centro de tudo. Mas a Associação Cozinha Popular da Mouraria vai muito além de um mero espaço onde se come. Um projeto da jornalista e fotógrafa Adriana Freire, apresenta-se como um lugar para "trocar ideias, divulgar culturas, cozinhar, experimentar, partilhar, reunir a família, viajar pelo mundo e muito mais". Centrado em envolver os recursos do bairro e os seus moradores, para quem as atividades são gratuitas, assim como receber quem vem de fora, proporciona o encontro de culturas e dedica-se à partilha de experiências, tudo à volta da mesa (ou dos aparelhos de cozinha). Workshops, jantares temáticos e até festas privadas, que cada vez requisitam mais o espaço, realizam-se aqui, num antigo estofador e armazém de eletrodomésticos. Uns cozinham, outros limpam, outros conversam e há até quem pegue em instrumentos musicais para acompanhar tudo isto com música.
Morada: Rua das Olarias, 5, LisboaTel.: 92 652 05 68
Damas Bar
As luzes vermelho néon por cima do número 60 com o nome "Damas" podem não ser elucidativas do que se encontra no interior deste espaço localizado do lado direito de quem sobe a Rua da Voz do Operário, numa das zonas mais características de Lisboa. Mas basta espreitar pelas portas abertas para descobrir um espaço convidativo, onde o chão em azulejos antigos, os tetos trabalhados e as mesas em mármore irão certamente despertar a atenção do mais distraído transeunte. Se por lá passar à noite, é a multidão à porta ou a música que vem do interior que vão denunciar o sucesso deste sítio. O Damas Bar tomou o lugar da antiga panificadora da Caixa Económica Operária há pouco mais de um ano, mas conserva, nas três salas, os traços do século passado. Depois de dez anos fechado, o Damas abriu as suas portas como um bar e espaço de concertos que acontecem diariamente (exceto à terça) e que primam por uma variedade de géneros, dos Afro Bailes ao rock. Mas aqui a comida também tem lugar de destaque. Entre-se pelo lado esquerdo e, depois de passar as girafas azuis pintadas sob as mesas, encontra-se uma parede de azulejos branca rascunhada com a lista de iguarias que variam diariamente, permanecendo fixos os incontornáveis petiscos como os peixinhos da horta ou o húmus. Os pratos vão da inspiração africana a opções mais vegan, mas não faltam receitas mais tradicionais ou originais como as almôndegas de borrego ou o lombo de porco. Depois dos petiscos, é dançar pela noite dentro, ou pelo menos até às 4 da manhã, quando o bar fecha as suas portas.
Morada: Rua da Voz do Operário, 60, Lisboa
Tel.: 91 216 22 49
Giv Lowe
Chegamos ao Cais do Sodré, essa zona inquestionável do roteiro notívago de Lisboa que reúne centenas de pessoas todos os dias entre a Rua Nova do Carvalho e o Mercado da Ribeira. A confusão é frequente, particularmente entre quinta-feira e sábado, mas quem lhe quiser escapar só precisa de dar alguns passos, até à Praça de São Paulo, para encontrar um espaço que consegue preservar alguma consistência, enquanto (ainda) permanece despercebido às multidões. Ideal para os apreciadores de arte e música com uma bebida a acompanhar, a Giv Lowe é uma fábrica criativa que participa no revivalismo artístico do bairro onde se encontra. Mas há mais do que apenas uma celebração da arte neste espaço. Além da loja interativa dividida numa plataforma de exibições e outros eventos, há ainda um bar com direito a esplanada na simpática praça. A Giv Lowe valoriza as histórias das formas artísticas e das pessoas por detrás delas e fá-lo através de apresentações interativas, performances e eventos que têm lugar assente na galeria, onde as obras podem ser apreciadas ao som de DJ Sets. Até ao final de dezembro é ainda possível desfrutar de provas de vinhos da casa Agrícola Assis Lobo e de petiscos de produtores independentes, todas as quintas-feiras.
Morada: Praça de São Paulo, 13-15, Lisboa
Tel.: 21 346 07 95
Eka Palace
Xabregas tem algo de único e tanto portugueses como estrangeiros parecem finalmente estar a descobrir de que se trata. Esta zona fabril de Lisboa, antigamente reservada a operários e às suas famílias, esconde alguns segredos bem guardados entre palacetes e conventos e ruas com aspeto decadente, mas com uma apelativa aura nostálgica. Dilen Megan, músico, DJ e produtor musical, viu aqui a próxima zona cultural de Lisboa e foi com base nesse instinto que decidiu mudar-se para um pequeno palácio de Xabregas e inaugurar o EKA Palace (eka significa unidade em sânscrito), uma associação sem fins lucrativos que desenvolve projetos em áreas artísticas e tecnológicas. Situado na antiga vila Maria Luísa, que por si só merece uma visita, entrar no EKA Palace é uma experiência que nos transporta ao passado, das escadarias em mármore ao chão em madeira que range a cada passada, mas em contraste com o vanguardismo de um centro cultural que apoia as artes de todos os géneros. As exposições, espetáculos, festas e workshops que ali se realizam podem ser acompanhados por um chá nos poufs do café/bar ou, se o calor apertar, por um gin na esplanada para aproveitar os dias mais quentes.
Morada: Vila Maria Luísa, Calçada de Dom Gastão, 12, porta 8, LisboaTel.: 96 930 04 02
O Apartamento
Armando Ribeiro é um apaixonado pela partilha de experiências e de momentos. Gosta de comida e de fotografia, de viagens e de revistas, mas sobretudo de pessoas. Por isso mesmo, criou um espaço para juntá-las. N’O Apartamento promovem-se eventos que dão a conhecer o nosso país ao exterior, mas também se apresentam artistas e designers de todo o mundo. Fazem-se workshops de bolos, apresentam-se livros e revistas, degustam-se produtos nacionais. Em cinco assoalhadas com muita luz natural, desfilam os mais variados projetos que juntam pessoas, ideias e partilhas, podendo ir de residências artísticas a lojas temporárias, exposições, jantares, workshops, lançamentos de marcas, entre outros. É uma morada fixa onde tudo pode acontecer e que está "no centro de Lisboa para levar Portugal ao mundo e trazer o mundo até Portugal".
Morada: Av. Duque de Loulé, 1, 5.º D, LisboaTel.: 21 602 98 12Carpe Diem
Aqui aproveita-se tanto o dia como a noite, mas, para falar do Carpe Diem, não há como não revisitar um pouco de história. Reconstruído a partir do que restou do terramoto de 1755, com pés-direitos de seis metros, tetos em estuque e escadarias monumentais, o Palácio Pombal tem estado em reabilitação desde que foi entregue ao CDAP, em 2009. Depois de uma longa ação de conservação e monitorização para devolver vida ao espaço, abriram-se as portas de 17 salas de exposições e nove salas de bastidores, produção e serviços. Hoje, o Carpe Diem Arte e Pesquisa reside neste património histórico como uma plataforma de pesquisa, experimentação e estudos das artes contemporâneas e apresenta uma programação vocacionada para residências de artistas nacionais e estrangeiros que realizam exposições e master classes, além de uma série de atividades paralelas como conferências, conversas com os artistas e visitas guiadas. Pode ainda ser alugado para eventos privados. E convenhamos: uma festa com direito àquele magnífico (e um nadinha) decadente jardim é qualquer coisa de muito especial!
Morada:Rua de O Século, 79, LisboaTel.: 21 197 71 02
Por Carolina Silva
*originalmente publicado na revista máxima, edição nº340