Os 60 anos da Barbie
A boneca mais famosa do mundo está mais feminista do que nunca seis décadas depois.
Chegou à Lua antes de Neil Armstrong. Foi a primeira mulher presidente, em 1992, e teve mais de 200 carreiras diferentes, de astronauta a engenheira mecânica. Há 60 anos, a boneca mais famosa do mundo era lançada durante a American International Toy Fair, em Nova Iorque, e seis décadas depois a Barbie está mais inclusiva do que nunca. E mais feminista também.
Criada pela presidente da Mattel, Ruth Handler, Barbie na verdade é uma alcunha para Barbara Millicent Roberts, nome da filha de Ruth. O boneco Ken também roubou o nome ao filho de Handler, Kenneth. Quem diria que um dos casais mais marcantes da ficção foi inspirado em dois irmãos?

O sucesso foi e é indiscutível. Mais de um bilhão de bonecas foram vendidas desde 1959 em 150 países. A Barbie é até uma cor da Pantone. O tom PMS 219 é conhecido como Barbie Pink e tem sido usado pela empresa há décadas. Em 1967, a supermodelo Twiggy foi a primeira celebridade a ser imortalizada como Barbie. Depois dela, nomes como Cher, Elizabeth Taylor, Elvis e Priscilla Presley, Ashley Graham e Misty Copeland também ganharam as suas versões boneca de 29 cm. Aliás, a coleção Inspiring Women dedica-se a homenagear modelos femininos que quebraram limites para inspirar a próxima geração de crianças e jovens. E este é o filtro que a marca usa ao decidir quem será honrado.
A Matell destaca ainda carreiras que são relevantes ou inspiradoras para os mais novos ou que estão sub-representadas por mulheres em todo mundo. Para o 60º aniversário da Barbie, privilegiou-se o trabalho das pilotos, astronautas, jornalistas, políticas, atletas e bombeiras.
As comemorações não vão parar. A editora Assouline vai lançar o livro Barbie, 60 anos de inspiração com 320 páginas e 300 ilustrações. Também já foi anunciado que a atriz Margot Robbie vai dar vida à boneca no novo filme da Mattel, em 2020. No mundo da Moda veremos uma segunda parceria com a Puma, uma terceira coleção com a Unique Vintage, uma coleção de vestuário com a Target, esta exclusivamente para os Estados Unidos da América, e coleções com a Sephora e a Samsonite.

As parcerias contudo não tiram o brilho da própria boneca em si. E se pensa que o fenómeno se restringe às crianças, saiba que a maior colecionadora de Barbies é adulta. A alemã de Dusseldorf Bettina Dorfmann tem mais de 15 mil tipos de bonecas Barbie – num total estimado em 300 mil dólares (cerca de 266 mil eutos), o que lhe garantiu um título do Guinness Book of World Records pela maior coleção do mundo. São tantas que ocupam um quarto inteiro, o porão e metade da cozinha de Bettina.
Sempre foram muitos os modelos da boneca, mas nem sempre refletiram a diversidade. Por isso, a Barbie foi capa da revista Time em fevereiro de 2016, com o título evocativo "Podem parar de falar sobre meu corpo agora?" Isto porque a Mattel lançou no mesmo ano três novas versões: mais redonda, mais pequena e grande. A estratégia funcionou e as vendas totais subiram 14%.

Empenhada em adaptar a sua essência aos tempos atuais, além de alargar o leque de tipos de corpo e cor de pele, a Barbie inclui bonecas com deficiências físicas no seu leque, tanto com prótese como em cadeira de rodas – a primeira Barbie em cadeira rodas foi lançada em 1997, a Smile Becky. O objetivo hoje, além do fazer sonhar, é que todas as raparigas e mulheres tenham uma boneca com a qual se identifiquem. Em 2019, as cinturas são menos delineadas, o busto menor ou os braços são mais definidos. E, claro, novas texturas de cabelo também estão no mercado. Esta linha estará à venda em Portugal em junho.

Mattel lança primeira Barbie cega
A Mattel acaba de incluir na Barbie Fashionistas – a sua linha mais inclusiva, com bonecas com vitiligo, que usam uma cadeira de rodas ou um membro de prótese, com aparelhos auditivos e sem cabelo – uma boneca negra com síndrome de Down e a primeira boneca cega.