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O Grande Leo

De ídolo das adolescentes e superestrela de Hollywood, Leonardo DiCaprio tornou-se um ator e produtor respeitado e acérrimo ativista ambiental. A estrela de O Grande Gatsby faz o ponto de situação da sua carreira (e alguns desabafos sobre o amor).

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18 de junho de 2013 às 07:00 Máxima

Leonardo DiCaprio é um dos atores mais admirados de Hollywood. A superestrela trabalhou com a nata dos realizadores de Tinseltown: Martin Scorsese, Steven Spielberg, Quentin Tarantino, Woody Allen, James Cameron, Christopher Nolan, Sam Mendes, Ridley Scott e Clint Eastwood. Agora reencontra Baz Luhrmann para uma grandiosa adaptação – que custou 130 milhões de dólares – do aclamado romance que F. Scott Fitzgerald publicou em 1925, O Grande Gatsby. A história de Jay Gatsby tem paralelos evidentes com os recentes acontecimentos financeiros. DiCaprio, que leu o livro aos 15 anos, não compreendeu na altura porque era considerado “o grande romance americano”. “Só mais tarde percebi que representava o sonho americano: reinventarmo-nos e tornarmo-nos pessoas importantes”, diz. “Foi o primeiro romance a abordar os temas da diferença social, do poder do dinheiro e do establishment americano. Celebrou a vida vibrante e frívola da nova sociedade, antes de chegar a Grande Depressão e acabar com ela.”

Há muitas maneiras de o ver e nós fizemos a nossa própria interpretação. Eu vejo-o como um idealista que tenta personificar o sonho americano e enriquecer depressa – tudo pelo amor de Daisy

O ator de 38 anos fica chocado com as numerosas semelhanças entre a situação económica atual e o colapso do final da década de 1920 que contribuiu para destruir o mundo e os sonhos de Gatsby. “É muito curioso ver o que se passa hoje em dia. Estivemos a reviver os loucos anos 20 e, agora, tudo está a ruir.”

Há muitas formas de ver Jay Gatsby. Há quem o veja como um homem obcecado por uma mulher, outros encaram-no como alguém que persegue o dinheiro e o poder. Leonardo concorda: “Há muitas maneiras de o ver e nós fizemos a nossa própria interpretação. Eu vejo-o como um idealista que tenta personificar o sonho americano e enriquecer depressa – tudo pelo amor de Daisy.”

O cineasta australiano Baz Luhrmann, que nos ofereceu o festim visual de Moulin Rouge (2001), trabalhou com DiCaprio na sua versão da obra de Shakespeare Romeu e Julieta (1996). O ator descreve Luhrmann como “extremamente enérgico e criativo”. “O Baz faz-nos acreditar que tudo é possível. Arrisca, e não há dúvida de que arriscou ao tentar tornar O Grande Gatsby interessante para o público atual. E esse foi o gozo de fazer este filme. Todavia, penso que ele se mantém fiel ao livro.”

A película é a primeira de DiCaprio em 3D e o ator acha que o formato replica a tensão dramática de uma peça de teatro. “O público está numa sala a observar os atores como se eles estivessem mesmo ali à frente”, nota. “Isso faz dos espectadores voyeurs, tal como os leitores do romance.”

Verdadeiramente fanático por cinema, DiCaprio é conhecido por escolher os realizadores com quem deseja trabalhar. Chegou a aceitar um papel secundário em Django Libertado só para ser dirigido por Quentin Tarantino. “A minha prioridade é trabalhar com os melhores. Quero fazer filmes que as próximas gerações vão querer ver. Estou menos interessado nas receitas de bilheteira do que em fazer filmes interessantes e originais que possam perdurar.”

“Os filmes são a forma de expressão dos realizadores”, prossegue o ator, “e eles são fundamentais para que uma obra seja memorável. Já vi bons materiais entregues ao realizador errado, que não capta a história, e tento encontrar cineastas que tenham ideias bem definidas e não temam a colaboração.”

Para o ator, nomeado para três Óscares, segue-se o quinto trabalho com o lendário e oscarizado Martin Scorsese. The Wolf of Wall Street chegará por alturas do Natal, a tempo das próximas nomeações para os prémios da Academia. Trata-se de um olhar desassombrado, produzido por DiCaprio, sobre o mundo financeiro moderno. Baseado numa história verídica, retrata Jordan Belford, um corretor condenado a 22 meses de prisão que frequentou um programa de reabilitação e está a pagar 100 milhões de dólares aos investidores que enganou.

“Os meus filmes deste ano são sobre períodos diferentes da história americana, com personagens principais que tentam manter a vida privilegiada que tinham”, reflecte o ator. “Muitos dos meus trabalhos recentes têm tido um tom mais sério. Acho os dramas psicológicos negros muito empolgantes e atraem-me as personagens complexas e enigmáticas.”

Entrevistado num elegante hotel de Nova Iorque, o ator de 1,83 m vestia fato cinzento e camisa branca, com o cabelo penteado para trás e uma aura que denuncia o poderoso nome de Hollywood que é. À cabeça da produtora Appian Way, construiu êxitos como O Aviador, Inimigos Públicos, Diamante de Sangue e Shutter Island.

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“Tentamos fazer filmes que sejam exigentes e que tenham tramas suficientemente boas para atrair grandes realizadores”, explica DiCaprio, que não fica impressionado com a maior parte dos atuais filmes produzidos por Hollywood. “Correspondem demasiado a uma fórmula para o meu gosto. Quero fazer filmes complexos que me desafiem a mim e ao público.”

Sempre à procura de bons papéis para representar, diz que o seu objetivo, desde a adolescência, é “ser mencionado a par de alguns dos grandes atores da minha geração ou das gerações anteriores. Quero que as pessoas falem de mim como um grande ator que fez filmes importantes”.

O Grande Gatsby (os outros filmes)

1926 A primeira adaptação ao cinema, um filme mudo, chegou um ano após a publicação do livro. Baseava-se numa peça da Broadway que estreara já nesse ano, encenada pelo lendário George Cukor (Nasceu uma Estrela, My Fair Lady).

1949 Esta adaptação teve Alan Ladd no papel de Jay Gatsby.

1974 O realizador de O Padrinho, Francis Ford Coppola, foi coautor do argumento desta branda versão protagonizada por Robert Redford, como Gatsby, e uma irritante Mia Farrow no papel de Daisy.

2000 Uma adaptação televisiva para esquecer, com Toby Stephens e Mira Sorvino.

2013 A opulenta adaptação de Baz Luhrmann tem DiCaprio e Carey Mulligan nos principais papéis e conta com a estrela de O Homem-Aranha, Toby Maguire, como ator secundário.

1926 A primeira adaptação ao cinema, um filme mudo, chegou um ano após a publicação do livro. Baseava-se numa peça da Broadway que estreara já nesse ano, encenada pelo lendário George Cukor (Nasceu uma Estrela, My Fair Lady).

1949 Esta adaptação teve Alan Ladd no papel de Jay Gatsby.

1974 O realizador de O Padrinho, Francis Ford Coppola, foi coautor do argumento desta branda versão protagonizada por Robert Redford, como Gatsby, e uma irritante Mia Farrow no papel de Daisy.

2000 Uma adaptação televisiva para esquecer, com Toby Stephens e Mira Sorvino.

Nascido e criado em Hollywood, DiCaprio começou a trabalhar em anúncios e na televisão com apenas sete anos. A Vida deste Rapaz, de 1993, em que interpreta o filho rebelde de Robert De Niro, constituiu a sua revelação no grande ecrã. O jovem Leonardo continuou a ser elogiado pela crítica pelos seus desempenhos em pequenos filmes como Gilbert Grape, Grito de Revolta e Eclipse Total antes de, em 1996, a adaptação por Baz Luhrmann de Romeu e Julieta, de Shakespeare, o transformar num ídolo das adolescentes. No ano seguinte, Titanic fez dele uma superestrela de Hollywood. Mas o êxito fenomenal do filme fez DiCaprio recuar para um universo mais artístico.

Cinco anos depois, tendo aprendido a lidar com a fama, regressou em Apanha-me Se Puderes, de Steven Spielberg. Desde então, tem integrado a lista A de Hollywood com filmes com The Departed – Entre Inimigos, Shutter Island e A Origem entre o seu longo rol de créditos.

Assim sendo, pensará por vezes na sua longevidade cinematográfica?

“No cinema, todas as carreiras são flutuantes”, responde. “Temos de aceitar o facto de que há momentos em que a nossa carreira está na mó de cima e as pessoas querem ver o nosso trabalho, e outros em que esse interesse diminui. Mas enquanto tiver a sorte de poder escolher o que quero fazer, assim farei.”

Apesar do seu cachê de 20 milhões de dólares por filme, DiCaprio parece ter os pés bem assentes no chão. Não vive numa mansão, não tem uma ilha privada nem grandes bólides, não tem um exército de empregados nem possui coleções de joalharia milionárias – embora compre quadros.

“É importante para mim manter-me em contacto com o mundo real, isso ajuda-me como ator. Portanto, a minha vida é bastante semelhante à que sempre levei. Não tenho iates nem jatos privados, nem quaisquer outros bens que me obriguem a ter pessoal que cuide deles. Gosto de ter dinheiro para fazer algo produtivo com ele, algo que possa ter impacto nas pessoas e no ambiente.”

“O dinheiro que ganhei permitiu-me envolver-me em projetos que acho interessantes e, sobretudo, ajudar pessoas que precisam. Esta última coisa é, sem dúvida nenhuma, o que ser rico tem de melhor.” Em 1998, o ator criou a Fundação Leonardo DiCaprio, para promover a consciencialização sobre questões ambientais. O telhado da sua casa está coberto de painéis solares e o seu carro é elétrico. Já este ano, lançou um café verde e de comercialização justa, o Lyon, cujos lucros revertem para a fundação.

“Tornar as pessoas mais conscientes dos problemas ambientais mais prementes da atualidade é mais importante do que nunca”, afirma este defensor de várias organizações de proteção da vida selvagem. “Depois de ter rodado três filmes consecutivamente, estou a fazer uma longa pausa para melhorar o mundo um bocadinho e defender o ambiente.”

Leonardo é uma pessoa discreta e nunca é visto nos lugares mais in de Los Angeles. Só dá entrevistas para promover os seus filmes ou projetos amigos do ambiente e insiste que conseguiu evitar as armadilhas de Hollywood graças à sua resistência em publicitar a sua vida privada.

“Depois de vivermos algum tempo neste meio, aprendemos que a fama é vã e inútil, e que a recompensa é a memória dos filmes que fizemos. Uma carreira longa depende muito de não nos darmos a conhecer às pessoas. Como seres humanos, vamos sempre desenvolvendo novas facetas, e eu quero dá-las a conhecer a pouco e pouco. Não quero que toda a gente saiba quem sou e o que penso.”

Por conseguinte, não comenta ex-namoradas (modelos, na sua maioria) ou as notícias de tabloides segundo as quais teve seis modelos australianas às ordens durante a rodagem de O Grande Gatsby, em Sydney. Mas revela que gosta de mulheres que o façam rir. E que sejam honestas. Admite ter dúvidas de que um ator consiga ter uma relação duradoura, dizendo: “Ansiamos sempre por ter uma parceira para a vida, mas é muito difícil fazer crescer uma relação se não nos dedicarmos diariamente a alguém.”

DiCaprio parece ser muito próximo dos pais, que estão divorciados: “Tenho a sorte de ter ao meu lado um pai e uma mãe que me deram uma boa orientação e continuam a fazê-lo. Quando era jovem, levavam-me a castings e ajudavam-me a decorar as falas. Agora trabalham ambos na minha produtora. A quem poderia confiar melhor a minha carreira que aos meus pais? Não me vejo a funcionar sem um nem outro.”

“Graças a eles e a um bom grupo de amigos, consigo levar uma vida normal”, diz o ator, cujo melhor amigo, Toby Maguire, a estrela de O Homem-Aranha, contracena com ele em O Grande Gatsby. “Quem eu sou está nos meus amigos e na minha família. São eles que me mantêm mentalmente são. Tudo o resto é sensacionalismo ou invenção.”

Quanto à forma como lida com a pressão da indústria cinematográfica, o ator afirma: “Alguns grandes atores deram um pouco em loucos em consequência dessas pressões. É fácil cair nessa armadilha, deixar que a fama nos suba à cabeça ou que a ansiedade nos consuma. Temos de perceber que, quando estamos na berra, estamos na berra; e quando não estamos… não estamos, pronto.”

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