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Monica Bellucci - Beleza eterna

A diva reconhece que abraçar projetos arriscados lhe dá mais confiança. Como sucede em Não Olhes Para Trás. Mantém, assim, a estabilidade profissional e pessoal.

Monica Bellucci - Beleza eterna
Monica Bellucci - Beleza eterna
14 de dezembro de 2012 às 07:00 Máxima

Foi considerada a mulher mais desejável do universo. E provavelmente não só por homens. Famosas são as suas fotos de capa da Vanity Fair, em que posa nua e grávida, emulando a imagem de Demi Moore, mas também em sucessivas sessões para a GQ, integrando listas de mais sexy ou desejável, em tantas outras publicações masculinas. A verdade é que ainda hoje, aos 47 anos, Monica Bellucci continua a ser um dos exemplos máximos da beleza feminina. E sem necessidade de recorrer a cirurgia plástica. Mesmo depois de ter dado à luz dois filhos, do ator Vincent Cassel, com quem não partilha sempre a mesma morada “para evitar a rotina”. No filme Não Olhes Para Trás, que finalmente chega às salas, vemos literalmente Sophie Marceau transformar-se em... Monica Bellucci. Pode ser, e é, um efeito visual, mas acaba por nos perturbar, muito para além das imagens. Sente-se aqui a trama de uma mulher que já não reconhece a sua própria vida e que sente transformar-se numa outra mulher. Talvez, por isso, ao preparar esta entrevista tenha dado comigo a recordar os diversos encontros com Monica, há cerca de uma dúzia de anos, quando se estreou numa carreira mais internacional. Contudo, este efeito mágico do tempo insiste em transmitir-lhe uma dimensão imperial e esfíngica.

'Quando usamos o nosso corpo é para servir a história'Encontrámo-la como objeto do desejo em Malèna (2000) e logo a seguir no papel imperial em Astérix e Cleópatra, e na mulher brutalmente violentada no filme- choque Irreversível, ambos de 2002. Estávamos em plena afirmação do seu erotismo. Passaram alguns anos até nos reencontrarmos, uma vez mais, no Festival de Cannes, com Não Olhes Para Trás (2009), onde uma espécie de efeito especial conservava a tal proverbial beleza, que partilha de forma mais íntima com o marido, também ator, Vincent Cassel. Um ano depois, já em Veneza, algo parecia ter mudado. Mostrara o seu corpo, escassos meses depois de nascer Léonie, no filme Un Etê Brulant, já exibido no Festival do Estoril. E seria esta também a sua entrevista mais marcante e despojada. Depois de ficarmos impressionados pela forma como posou nua, nesse filme, para o artista Louis Garrel, evidenciando as marcas da gravidez no corpo.

Recebemo-la então, lindíssima, com um elegante fato preto, muito masculino. Não só o fato mas também as poses. Ficamos baralhados. Seduzidos. E assim fundimos a entrevista de Cannes, de há um ano e meio, com esta outra, subitamente, no verão passado, em Veneza.

Como reagiu à oportunidade de entrar neste filme tão particular? Não teve receio?

Em primeiro lugar, devo dizer que queria muito entrar no universo muito singular de Marina De Van [argumentista e realizadora francesa de 42 anos, co-autora do famoso 8 Mulheres, de François Ozon]. Li o guião dela e achei-o muito corajoso. Fiquei curiosa para saber até onde ela poderia ir.

É também um trabalho especial ao lado da Sophie Marceau...

Sim, este acaba por ser um filme de três mulheres. Desde logo de uma mulher que não tem controlo sobre ela própria e nem sequer reconhece o seu mundo, a sua família.

No entanto, é também um filme marcado pelos efeitos especiais visuais. Isso incomodou-a?

Não. São efeitos especiais que servem para nos fazer entrar nesse mundo e perceber o seu sofrimento.

Ficou incomodada com esta transformação física?

É verdade que a Sophie Marceau é muito diferente de mim, mas não deixa de ser extraordinário perceber como as duas nos fundimos. Ao ver as imagens eu própria fiquei confusa. Mesmo sem efeitos especiais. Foi uma química estranha. No fundo, há uma mistura entre a nossa cabeça e o nosso corpo.

Já no filme de Garrel (Un Été Brûlant) aparece também com o seu corpo nu, e fisicamente transfigurada pela gravidez. Como modelo celebrada pela sua beleza, não teve receio de se expor dessa forma?

Acho que esse momento de nudez é muito poético. Há muito romantismo. É um momento elegante. O [Philippe] Garrel protege muito os seus atores. Por isso, senti-me bem e disse que sim. Nessa altura, tinha tido um bebé alguns meses antes. Um momento em que a minha feminilidade estava muito frágil. Mas é também uma nudez que é muito feminina, artística. Quase anti-moda. É quase uma nudez antiga.

Sentiu-se também que queria celebrar esse momento de maternidade?

Sim, essa é uma entrega do meu corpo que vem desse momento especial. Não era em mim, como pessoa, que pensava. Mas como uma personagem no filme. O que Garrel fez foi misturar o que eu sou, ou represento, com a minha personagem.

É algo a que está habituada na sua profissão?

Às vezes sucede existir essa confusão entre quem somos e as personagens que representamos. É algo perigoso, porque eu faço filmes e apareço em capas de revista. E a imagem está lá. Nessa altura, as pessoas podem pensar o que quiserem, embora não signifique que sejamos nós. A confusão instala-se quando não há diferença entre nós e essa imagem.

Tem conseguido manter essa diferença entre a sua profissão e a sua vida em casa?

Sim, claro. Sei quem sou e o que represento. Na verdade, nem sei o que represento, porque pode ser diverso para os outros. Mas isso não me diz respeito. Eu apenas faço as minhas escolhas.

Isso significa que a sua imagem de sex symbol não a impediu de acolher outros papéis mais ousados, como Irreversível ou mesmo este filme?

O Irreversível é um filme de culto. Malèna é um filme muito bonito também. Muitos desses filmes têm cenas de nudez.

Sente-se bem a fazer cenas de nudez?

Para um ator, o corpo é um instrumento. Quando usamos o nosso corpo é para servir a história.

O facto de ter agora duas crianças altera o tipo de papéis que escolhe?

Não. Eu gosto de ser mãe, mas como artista gosto de estar livre. Posso fazer filmes para os meus filhos, como O Aprendiz de Feiticeiro. Gosto de fazer blockbusters mas também filmes de arte. É essa a minha liberdade enquanto atriz.

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Mas ao ser mãe, sente que a sua vida, a sua profissão, mudou de alguma forma?

Tudo mudou. Sinto-me muito mais forte, mais completa. E claro que alguns dos meus amigos são muito felizes e não têm filhos, mas eu senti que precisava dessa realidade na minha vida.

Contudo, imagino que não seja fácil conciliar a vida profissional com o facto de ser mãe de um bebé...

Não, é fácil, porque as minhas filhas viajam comigo. Por exemplo, quando fiz esse filme dava de mamar no set. Foi interessante, porque eu estava realmente a amamentar a minha filha, ao passo que no filme era uma mulher que estava sempre a mudar de homens. Era o oposto. Acho saudável essa oposição entre vida pessoal e profissional.

Nunca chegou a duvidar de que conseguia conciliar a vida de mãe e de atriz?

Claro que sim, pois sou uma mulher muito insegura. Por isso sou atriz. É através do meu trabalho que também descubro algumas facetas de mim própria. Sempre fui tímida, muito recatada na minha vida privada. Mas gosto da família. E como venho de Itália, talvez isso faça parte da minha educação. Sinto essa atração maternal. Depois, o meu trabalho é a minha paixão. E por isso corro riscos, faço filmes arriscados e estranhos.

'Sou uma mulher muito insegura. Por isso sou atriz'

Lembra-se o que a fez escolher uma vida diferente? Numa altura em que estava a estudar, mas depois parou e passou a trabalhar mais como modelo. O que a fez mudar de caminho?

A vida é feita destas mudanças. Fazer filmes era para mim um sonho de criança. Eu venho de um local onde os filmes eram um mundo tão diferente do meu. Por isso, dediquei-me primeiro à moda.

Como foi essa transição da moda para a representação?

Tive muita sorte, porque há modelos que fazem um filme e depois desaparecem. Eu tive a sorte de fazer carreira e poder trabalhar com grandes realizadores de várias nacionalidades.

Teve a oportunidade de filmar em Roma. Como foi essa sensação?

Eu sou italiana e Roma é a minha cidade favorita. Por isso, foi ótimo.

Conte lá o seu segredo, de como é que tem conseguido manter a sua vida de casada com o Vincent? Sobretudo num mundo do cinema em que tudo é alvo da opinião pública?

Eu acho que nós somos capazes de organizar um filme, mas não uma relação. Isso é algo que passa por diversas fases. Não é algo que se possa programar. Ou existe ou não existe. Portanto, é tudo uma questão de energia entre duas pessoas. E as coisas mudam. O que está bem hoje pode não estar amanhã. Temos de lidar com isso.

O Vincent disse-me que tinham um projeto em conjunto...

É verdade.

Será no Rio?

É uma história de amor entre dois adultos. Vai acontecer no Rio de Janeiro. Entre janeiro e fevereiro...

Um lugar que ambos adoram...

Sim, sobretudo no Carnaval. Vamos levar as crianças connosco. E vamos ter a ocasião de estar juntos muito tempo. Há muito tempo que não filmávamos juntos. Às vezes não é fácil.

Fez algum outro filme antes do Brasil?

Fiz o filme Rhino Season, do iraniano Bahman Ghobadi. Ainda estamos a acabar. É uma história de amor iraniana, que tem lugar antes e depois da revolução iraniana. Foi muito interessante interpretar uma personagem separada por 30 anos. Uma experiência interessante.

Hoje em dia ainda trabalha como modelo?

Uma atriz é sempre um modelo. Temos sempre as capas das revistas, publicidade para marcas. É isso que acontece quando se é uma atriz famosa (risos).

Tem tempo para férias? Vai à praia?

Para mim, o verão é sinónimo de praia, de estar com as minhas filhas.

Em Itália?

Em Itália, no Brasil. Adoro o Brasil, adoro aquela proximidade com um lado mais selvagem.

Mas a Monica não aproveita para fazer surf, como o Vincent... (risos)

Não, ele é que gosta. Eu prefiro ficar ao sol.

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