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Menina mulher
A Menina de Cristina Branco anda na estrada e, no próximo sábado, 25, chega ao palco do Centro Cultural de Belém. Recordamos a nossa conversa com a cantora, aquando do lançamento do disco.

Quem é esta "menina" do título? É uma espécie de tentativa de ficar agarrada a uma espécie de juventude?
Não, nada disso, pelo contrário! Antes de arrancar para o disco escrevi um texto introdutório. É uma coisa que serve para mim, para cimentar ideias e definir por onde quero caminhar. Isto antes sequer de ter poemas ou músicas. Nesse texto fazia uma descrição de mim própria ("Tenho 42 anos, dois filhos, um cão e um gato...") para concluir que estou numa boa fase. Esse texto acabou por passar para algumas pessoas que começaram a escrever para mim. E isso acabou por dar um tom feminino ao disco...

... que é muito evidente, apesar do disco ser maioritariamente escrito por homens (as únicas exceções são a Maria do Rosário Pedreira e a Ana Bacalhau).
Eles escreveram mesmo com esse intuito! Quando estou focada nesta parte do trabalho fico um bocadinho obsessiva, ando sempre a pensar naquilo, acho que canto enquanto durmo. Numa das noites sonhei com o quadro Las Meninas, do Velázquez. Normalmente não me lembro dos meus sonhos, mas nesse caso lembrava-me e questionei-me: "Porque é que não hei de chamar Menina ao disco?" Afinal, ele contém tantas mulheres... A menina serve para tudo: é a tia, a avó, a mulher, a prostituta, a menina-menina... São muitas mulheres.
Há um doce desencanto a unir estas personagens?
Acho que há, sobretudo, um encontro com a verdade. Dependendo da fase da vida em que estamos, há espelhos que nos devolvem aquilo que somos naquele momento. É como se fizesse um clique. Elas falam nisso. Se há uma certa melancolia... não sei. Não acho que a melancolia seja um estado de tristeza, porque tem um certo conforto, uma certa segurança. Ao demorar tanto tempo à procura do caminho, o disco foi muito macerado.
Havia o risco de dispersão, sendo o leque de colaboradores tão distinto, ou a voz funcionaria sempre como o elo perfeito?
Sim, a voz faria esse alinhamento. Mas perceber as diferenças entre eles e entre eles comigo também fazia parte do desafio. Acredito que na música, e na arte em geral, a tendência é reinventarmo-nos, trazer outros universos para dentro do nosso e irradiar para outros. Nunca senti que estava a arriscar. A ideia era boa.
Como chegou até estes nomes em particular?
São nomes que ia ouvindo. Músicos com que me identifico. Falo por exemplo do Luís Severo, do André Henriques ou mesmo de Cachupa Psicadélica. Não sabia como chegar até eles, mas sabia que havia componentes da música deles que me interessavam. O Pedro Trigueiro fez a ponte entre nós e as coisas resultaram como se pode ouvir!
Amplitude é uma boa palavra para descrever o disco. Não só pelo leque de autores como pela própria interpretação das canções...
Sim, o entusiasmo que senti nos primeiros instantes, com os meus músicos, passou para o público. A voz perdeu timidez, eu acho. Foi como uma explosão, tinha de sair. Em algumas músicas isso é muito evidente. Mas não se trata de reinvenção. Tem mais a ver com pegar no bom do passado e trazê-lo para este disco que, acredito, é de transição. O meu pé estará sempre na música portuguesa que tem uma raiz no fado.
É, portanto, um caminho natural?
É, pelo menos, o que eu sinto. Mas também sei, ao contrário do que acontecia há alguns anos, que talvez não seja sempre assim. Nós mudamos. E mudamos cada vez mais e mais depressa. Isso é bom, porque traz criatividade. Num certo momento foi assustador, porque foi muito rápido, não estava preparada para que as coisas acontecessem tão depressa, mas quando finalmente acontece é ótimo.
Fotografia de Gonçalo F. Santos
Camisa e calças em seda, Stella McCartney, na Fashion Clinic.
Styling: Diana Bastos. Cabelos e maquilhagem: Sílvia Ferreira

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