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Estão a nascer menos 5 bebés por dia em Portugal

O aumento da natalidade que se tinha verificado em 2015 foi contrariado pela primeira vez.

27 de setembro de 2017 às 14:48 Marta Carvalho
Os dados dos testes do pezinho, indicadores fiáveis de natalidade feitos no âmbito do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce, mostram uma quebra de nascimentos em Portugal, a primeira desde 2014. Entre janeiro e agosto deste ano houve menos 1216 recém-nascidos rastreados do que em período semelhante de 2016, o que faz uma média de menos 5 bebés por dia. A tendência tinha sido contrariada nos dois anos anteriores: só em 2015 nasceram mais cerca de 3.000 crianças do que em 2014 (um total de 85.500 recém-nascidos) e o número aumentou em 2016 para 87.126 bebés.
Estes dados mostram também que o processo de desertificação do interior se mantém: Bragança, Portalegre e Guarda receberam menos de mil crianças em 2016. Vila Real, Beja e Castelo Branco ficam-se por pouco mais de mil por ano.
A demógrafa e diretora da Pordata, Maria João Valente Rosa, não se surpreende com os números e explica que, na altura em que muitos retiraram ilações do aumento de natalidade em 2016, avisou que era prematuro fazê-lo. "Disse que [os aumentos] poderiam corresponder a nascimentos que foram adiados no período em que a crise se agudizou e em que se observou uma descida muito significativa. O que aconteceu foi, porventura, uma recuperação desta queda muito abrupta, um efeito diferido", declarou ao Público.
Acredita que o que está a acontecer em 2017 é a entrada numa nova fase, visto que as crianças cujos nascimentos foram adiados já nasceram. Tal como noutros países da Europa, as mulheres portuguesas têm o primeiro filho cada vez mais tarde (a média em 2016 foi de 30,3 anos) e não é comum terem um segundo, embora os casais o desejem. A demógrafa explica que em Portugal as adversidades contra o nascimento de um segundo filho passam pelas condições adversas do "apoio à primeira infância" e pela "forte desigualdade entre pais e mães".
Maria João acrescenta ainda que é importante encarar os planos de ter um filho como "um projeto emocional" e que, quando se fala de natalidade, se deve falar de migração também: não só os imigrantes contribuem para o aumento da natalidade como é importante lembrar que a emigração dos últimos anos levou "muita gente em idades férteis" a sair do país.
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