Do Fado ao Latim: a viagem de "LUX" pelos ouvidos de Maria Morango
Em Barcelona, numa listening party restrita, a apresentadora e criadora de conteúdos Maria Morango foi uma das primeiras pessoas a ouvir "LUX", o novo álbum de Rosalía. A experiência, marcada pela presença silenciosa da artista no palco, revelou-se para ela “arrepiante” e “ascendente”.
Barcelona, final de tarde. O sol a descer sobre Montjuïc e um cortejo de convidados encaminhado através de um túnel negro, quase silencioso, que desembocava no interior do Palau Nacional d’Art de Catalunya. Era ali, entre ecos de pedra antiga e expetativa suspensa, que Rosalía convocava um pequeno grupo para a audição pública de LUX, o seu novo álbum — um daqueles momentos que não pertencem apenas ao mundo da música, mas ao da performance, da ritualização, da arte.
Entre os presentes, Maria Morango. Criadora, artista, apresentadora, ouvinte obsessiva e emotiva. Horas depois daquele momento, ainda ofegante do impacto, descreve-o sem filtros à Máxima: “Foi uma viagem. Saí de lá a flutuar.”
“Arrepiante, ascendente.” Assim define Maria a sua primeira impressão. Há álbuns que se ouvem; LUX exige presença. Um objeto artístico de múltiplas camadas, onde convive uma sofisticada arquitetura sonora — do pop experimental ao hyperpop, da eletrónica à música clássica — amalgamado por uma intenção clara, intensa, íntima.
“É um verdadeiro puzzle musical. Um álbum complexo, com muitos géneros, letras densas, e cantado em 13 idiomas”, sublinha. Japonês, português, italiano, catalão, mandarim, francês, castelhano, latim. A voz de Rosalía assume-se, mais do que nunca, como instrumento espiritual. Este não é um disco de respostas rápidas. É um disco para ser estudado. “É, sem dúvida, uma viragem na indústria da música.”
Na listening party, Rosalía estava ali. Não num camarote, não à distância. Estava no palco, sentada, deitada, imóvel, presente. Uma figura branca, sem expressão, observando o que o seu trabalho provocava nos corpos dos outros. Maria descreve: “Parecia a Marina Abramovic. Uma ação artística. Sem rir, quase sem mover-se, mas absolutamente presente. Linda. Um silêncio cheio.”
A sala, repleta de artistas e figuras do meio criativo — Miguel Bernardeau, Laura Escanes, Guitarricadelafuente, Silvia Pérez Cruz, Amaia, Ralphie Choo — parecia suspensa. Ninguém filmava. Ninguém falava. Todos escutavam.
Perante tantas faixas intensas, uma destacou-se para Maria: Memória, com Carminho. “Faz chorar, muito”, diz. Não é só por Rosalía cantar em português perfeito, mas porque a canção tem o peso daquilo que se reconhece como verdade. “Sabe aos lanches de tarde em casa dos avós.” e “É fado, é clássico, é saudade pura”, descreve Maria Morango.
E há uma história. Esta canção não era de Rosalía. Carminho tinha-a escrito para o seu próprio álbum Eu Vou Morrer de Amor ou Resistir. Mostrou à cantora catalã. Rosalía apaixonou-se. Pediu-a. E Carminho deu. Maria ri, ao recordar: “Agora percebo porque é que a Rosália quis roubá-la. Afinal, a nossa Rosi não rouba só corações.”
Se El Mal Querer era uma obra-prima de flamenco desconstruído, se Motomami era identidade fragmentada e explosiva, LUX é outra coisa. Um gesto.
E Maria cria a palavra que melhor o define: FEMINÍSTICO. A fusão de feminino + místico. Uma vibração espiritual, mas feita de carne e lágrimas, não de dogmas. Maria Morango é direta: “Para quem quer reggaeton… este não é o álbum.” LUX pede tempo, silêncio, e quase uma entrega ritual. “Quem gosta de museus e exposições vai entender. Este álbum é para essas pessoas.”
Por onde começar para quem nunca a ouviu? Maria recomenda uma ordem: Los Ángeles, El Mal Querer, Motomami e por fim, LUX. “É preciso entender a história da artista, antes de chegarmos a esta viagem.”
E, por fim, deixa uma frase como manifesto: “Os melhores artistas não são aqueles que procuramos, são aqueles que precisamos. E nós precisamos dela — e da sua eterna Lux.”
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