Casos de denúncias de violência no namoro têm maior gravidade em Portugal
Apesar do número ter decrescido em 2019, o Observatório da Violência no Namoro diz que as agressões apresentaram maior seriedade e danos para vítimas.

O Observatório da Violência no Namoro registou um total de 74 denúncias de situações de violência no namoro em 2019, casos que foram vividos diretamente ou testemunhados por terceiros. O valor corresponde a uma média mensal de mais de seis casos por mês – lembramos que esses números são apenas os reportados, infelizmente não representam a realidade, já que muitas mulheres e também homens ainda se sentem receosos de denunciar. Apenas três dos registos foram feitos por homens.
Apesar de o número de denúncias ter decrescido relativamente a 2018 – onde foram reportadas 128 vítimas – o mapeamento da realidade da violência no namoro em Portugal mostra que os casos apresentaram maior gravidade. Os tipos de violência mais denunciados são a violência verbal (87,8%) e psicológica (75,7%). Do total, 13,5% das vítimas necessitaram de receber tratamento médico e em 12,2% dos casos foram alvo de ameaças de morte – há também tentativas de homicídio (4,1%) – e 1,4% tiveram de ser hospitalizadas.

A grande maioria (73%) das situações denunciadas não fizeram com que as vítimas apresentassem queixa às autoridades competentes. Outro dado alarmante é que em 77% dos casos os agressores são atualmente os namorados das vítimas. As denúncias foram registadas pela plataforma de diversas formas: mais da metade (38) foram efetuadas por ex-vítimas, 28 foram registadas por testemunhas desses casos e apenas oito por vítimas que continuam a sê-lo.
A principal causa da violência no namoro em Portugal é o ciúme (70,3%), seguido de problemas mentais do agressor (40,5%), mas há também casos relacionado com o consumo de álcool ou de outras substâncias por parte do agressor (14,9%) e até questões de dificuldades económicas (13,5%).
Porto apresenta maior número de casos

Dos crimes analisados, 51,4% foram no Porto, seguidos por Lisboa e Aveiro, ambos os distritos com 10%.
Discrepância de género
As vítimas do sexo feminino ainda são a maioria (95,9%) e 91,9% dos agressores são do sexo masculino. A média de idades das vítimas é de 21 anos e a dos agressores é de 23.

O local de maior incidência da violência é a casa
É na intimidade do lar que os casos de violência acontecem mais vezes (62,2%), em seguida na rua (48,6%) e numa instituição de ensino (36,5%).
Pode ler o levantamento completo do Observatório da Violência no Namoro aqui.

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