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As crianças portuguesas são felizes?

A Imaginarium apresentou um estudo sobre a felicidade das crianças e alguns dos resultados foram surpreendentes.

10 de novembro de 2017 às 17:12 Ângela Mata

O objetivo do II Estudo sobre Felicidade e Infância elaborado pela empresa de brinquedos Imaginarium é refletir sobre as causas da felicidade das crianças portuguesas e perceber se são conscientes dessa felicidade.

A par deste estudo, cujos resultados agora aqui apresentamos, a Imaginarium deu a conhecer o seu novo programa Aprendendo a Ser Felizes, a desenvolver ao longo dos próximos dois anos e que se refletirá em workshops e partilha de conhecimento através de conteúdos disponibilizados nas redes sociais.

A marca de brinquedos está ainda a celebrar os seus 25 anos e para assinalar a data acabam de lançar o novo boneco Happy Kiko Nico, da autoria da designer espanhola Maria Escoté. Este é um projeto solidário que permitirá, através da venda de cada boneco, reverter um euro para a construção de uma escola-infantário no Quénia.

Qual é o papel dos pais em tudo isto? Que linhas se estão a seguir para contribuir para a felicidade dos mais pequenos? Qual é o papel da brincadeira real na construção da felicidade na infância? É muito importante pensar-se nestas questões, na influência do ambiente sobre as crianças, bem como na resposta das crianças perante as situações que vivem diariamente.

A Imaginarium perguntou a 1131 pais se acreditavam que os filhos eram felizes e 20,2% disseram que os filhos são "felizes", 51,6% disseram "muito felizes", 8,8% disseram que os filhos têm dias felizes e dias menos bons e 0,1% confessou que os filhos são "muito tristes".

Os principais motivos de infelicidade para as crianças portuguesas são, de acordo com este estudo, não passar tempo suficiente com os pais (26,3%), não ter tempo suficiente para brincar (21,37%) ou ficar de castigo (16,45%).

A grande maioria dos pais aponta a dificuldade em conciliar a vida profissional com a familiar, sendo que 89,89% acredita que um horário laboral mais flexível lhes permitiria aumentar o tempo de qualidade para brincar com os seus filhos. Fazer planos em família fora de casa (como andar de bicicleta ou ir ao cinema) é aquilo que faz as crianças mais felizes, de acordo com 45% dos pais.

No que aos brinquedos diz respeito, aqueles que maior felicidade trazem às nossas crianças são as bicicletas e os veículos com rodas em geral (38.08%). Os brinquedos relacionados com a música, artes e trabalhos manuais são os segundos da lista (35,27%), seguidos dos jogos relacionados com as construções ou a lógica (30,87%) e os brinquedos de faz de conta ou profissões (30,61%).

Neste campo, a jornalista e autora do blogue Socorro Sou Mãe…, Rita Ferro Alvim,refere: "Não acredito que os tablets tragam felicidade. Trazem, em doses moderadas, alguns conceitos bons, como descoberta, destreza, concentração, relaxe, mas não felicidade. Felicidade é lançar um disco na praia, descer uma onda agarrado ao pai na prancha, jogar à bola, saltar à corda, fazer desenhos, teatros..."

No último estudo sobre brincadeira real e dispositivos 2.0 da Imaginarium, cerca de 60% dos pais afirmavam estar preocupados com o facto dos seus filhos brincarem mais com ecrãs (tablets e telemóveis) do que com brinquedos reais. Para 45,44% dos pais, este comportamento intensifica-se durante as férias escolares.

Outra das grandes conclusões deste estudo mostra que as crianças portuguesas ficam mais infelizes à medida que vão crescendo. De acordo com os pais, 15,25% das crianças entre os 7 e os 8 anos nem sempre são felizes, descendo para os 13,29% na faixa etária dos 5-6 anos e fixando-se em apenas 6,4% de crianças infelizes entre os 0 e 2 anos.

Este último facto pode ser explicável, segundo Rui Lima, membro do Painel de Especialistas da Imaginarium, professor e autor do livro A Escola que Temos e a Escola que Queremos: "A crescente pressão imposta às crianças e jovens, tanto por pais como por professores, onde o desempenho académico, a competição entre pares e a necessidade de alcançar a perfeição em todas as atividades realizadas são uma constante, tem, certamente, um impacto negativo na felicidade das crianças. Apesar do estudo revelar que um dos fatores de felicidade nas crianças é o alcance de objetivos e superação de desafios, é importante refletirmos acerca do grau de exigência que impomos aos alunos e as expectativas que, muitas vezes, colocamos sobre si."

Para Magda Dias, membro do Painel de Especialistas da Imaginarium e autora do blogue sobre Parentalidade Positiva Mum’s the Boss, "todos sabemos o quanto brincar é importante para uma criança, mas não raras vezes levamos isto pouco a sério. É durante o processo da brincadeira que a criança se esquece de si e experimenta ser várias personagens de cada vez, testando papéis e colocando-se à prova. Dizem que a vida só tem um take mas pode ter vários para quem brinca". Magda Dias defende ainda que uma criança procura seis coisas fundamentais até aos 12 anos de idade: amor e segurança (emocional e física), autonomia, tempo para brincar e descontrair, intimidade e a possibilidade de aprender.

Além disso, as crianças, quando em tenra idade, têm falta de palavras que expliquem o que vai lá por dentro e, por isso, precisam dos adultos para lhes explicar. Por exemplo, a maioria das crianças tem dificuldade em perceber a diferença entre estar zangado e triste. Tem de ser um adulto a explicar-lhes a distinção. E há que ensiná-las, mesmo no meio de brincadeiras.

Mas, felizmente, 99,8% dos pais portugueses sabem que passar tempo com os filhos é o mais importante. De facto, as crianças também têm essa consciência – na verdade, até já nascem com ela. 

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