5 Razões para ver The Crown
Se é um dos que ainda não se rendeu a esta série britânica, leia este artigo.

The Crown é das séries que mais marcou o último ano, quer pelo interesse da história em si, quer pela interpretação do elenco e maravilhoso guarda-roupa. A série retrata os primeiros anos do reinado de Isabel II, reunindo uma equipa de luxo. O guionista é Peter Morgan, o mesmo dos filmes A Rainha e Frost/Nixon, o realizador Stephen Daldry (Billy Elliot, As Horas) e o produtor Andy Harries (A Rainha).
1 – Acabou de receber 2 Globos de Ouro

A série original da Netflix venceu um Globo de Ouro nas categorias Melhor Série Dramática de Televisão e Melhor Atriz de Série Dramática de Televisão. A representação de Claire Foy retratando uma jovem mulher que assume uma enorme responsabilidade é poderosa, embora subtil. Graças a ela a atriz conquistou a crítica e acabou por arrebatar o Globo de Melhor Atriz. A criação da personagem foi feita de forma meticulosa e atenta aos mais ínfimos pormenores, tais como o sotaque e o tom de voz tão semelhantes ao da monarca inglesa.
Também a interpretação de John Lithgow, na pele do Primeiro-ministro Winston Churchil, não se fica atrás. O ator foi nomeado para Melhor Ator. O elenco masculino integra ainda Jared Harris muito semelhante ao simpático Rei Jorge VI e Matt Smith que compõe um arrogante mas sedutor Príncipe Filipe. O restante elenco feminino também tem excelentes prestações. Vanessa Kirby destaca-se representando Margarida, a irmã voluntariosa de Isabel, e Victoria Hamilton que constrói uma Rainha-mãe em busca de sentido para a sua nova posição na família real.
2 - Série histórica baseada em factos reais

Caso não conheça a história do Reino Unido nos últimos 50 anos tem agora uma excelente oportunidade para o fazer. Embora os diálogos e a construção narrativa sejam fictícios, os episódios levam-nos a momentos políticos, sociais e económicos do país e do mundo nessa época, revelando grandes eventos que moldaram a segunda metade do século XX.
Na série é possível perceber que o reinado de Isabel II não tem sido assim tão tranquilo. Os primeiros anos foram bastante intensos. A jovem rainha encontra alguns obstáculos como os problemas de saúde que começam a afetar o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, os testes nucleares da União Soviética e o declínio do Império Britânico. Um dos episódios foca o "Grande Nevoeiro" de 1952, um problema ambiental provocado por uma espessa nuvem de poluição atmosférica que assolou Londres em dezembro desse ano, provocando graves problemas de saúde pública e mais de 4000 mortes.
3 – O lado privado da família real britânica
Os maiores problemas ao reinado de Isabel II acabaram por vir mais do seio da sua própria família, quando as decisões dos seus entes mais queridos a obrigam a escolher entre a coroa ou o amor daqueles que a rodeiam. Algumas das cenas mais dramáticas de The Crown são precisamente o confronto entre Isabel e a sua irmã Margarida, uma princesa obstinada e voluntariosa que decide casar-se com um capitão divorciado.
O papel da mulher na sociedade e na família também começa a ser questionado pela propria Rainha, ponderando sobre as tradições, obrigações, individualidade e opiniões. As cenas sobre os problemas conjugais de Isabel com o seu marido, o Príncipe Filipe, não são escondidas e o marido revela o seu ressentimento pelas mudanças operadas no seio familiar a partir da ascensão ao trono da sua mulher. O Príncipe sente-se ofendido por de ter que se ajoelhar perante a esposa/Rainha na sua coroação. A partir de então os escândalos sucedem-se na vida de Isabel II e a verdade é que The Crown não se coíbe de revelar as
4 – O Guarda-roupa deslumbrante
Quando se retrata uma família real é esperado que o guarda-roupa seja excecional e The Crown não desilude. Para os amantes da moda, a série é um deleite para os olhos, pois consegue mostrar um verdadeiro desfile de modelos masculinos e femininos em tudo espetaculares. A responsabilidade da construção de todos os figurinos de época ficou a cargo de Michele Clapton que procurou recriar e replicar, até ao mais ínfimo pormenor, as peças usadas pelas personagens principais.
Por exemplo, o vestido de casamento de Isabel II foi replicado em todo o seu esplendor. A indumentária da Princesa Margarida é também exemplar, menos clássica e conservadora do que a da irmã, mas elegante e requintada. Tiaras, joias, sedas fazem parte do seu guarda-roupa mesmo para meros jantares em família.
Outro ponto interessante é a participação na série de Norman Hartnell, o estilista responsável pelo guarda-roupa oficial da rainha durante os primeiros anos do seu reinado. O estilista é encarregado de desenhar a indumentária da Rainha inspirado nas flores típicas de cada país da Commonwealth.
5 - Uma grande produção
The Crown destaca-se igualmente pela exuberância do design de produção. Além dos figurinos, os cenários e a fotografia são de uma grande riqueza de detalhes que facilmente nos transportam para uma Inglaterra da década 50.
Esse trabalho de pesquisa e reconstrução histórica pode ser visto, por exemplo, no episódio da coroação da Rainha. A reconstituição dessa cerimónia foi coordenada com imagens reais de 2 de junho de 1953. Neste aspeto a série mostra não só os rituais seculares da monarquia, como também o impacto da primeira coroação transmitida pela televisão.
E porque a comparação com a série Downton Abbey é inevitável, pode dizer-se que estes e outros tantos pormenores fazem com que, na opinião de muitos, The Crown consiga por a tão adorada série da família Crawley a um canto. Tarefa difícil, pensará o leitor... Mas a verdade é que o criador de The Crown não se inibiu em nada, nem pelo facto de poder estar a tocar em questões delicadas que dizem respeito a uma das mais importantes famílias reais europeias.
Mas, a relação de The Crown com Downton Abbey não se fica por aqui. Segundo consta, um dos melhores amigos de Isabel II, durante a sua juventude, era Lord Porchester, dono do fabuloso Highclere Castle, casa onde foi filmada a série Downton Abbey. Há quem diga até que haveria ali algo mais do que uma simples amizade. A verdade é que a rainha chegou a ser muitas vezes uma presença em Highclere Castle (talvez daí o seu conhecido interesse na série Downton Abbey) e é ela a madrinha do filho de Lord Porchester.
O melhor de tudo é que The Crown está para continuar por mais temporadas. De acordo com o criador da série, Peter Morgan, os episódios relativos à vida da Princesa Diana também não tardarão muito. Segundo ele, a personagem surgirá no final da terceira temporada e será a que maior destaque vai ter na história durante a 4ª e 5ª temporadas.
Para já, são muitos os que anseiam a chegada da segunda temporada, cuja estreia está prevista para o final de 2017. A rodagem desta próxima temporada já está a ser filmada e consta que se debruçará mais no papel do Príncipe Philip e no do Príncipe Carlos enquanto herdeiro da coroa britânica.
The Crown é transmitida através da Netflix.
Por Ângela Mata
