Neige Sinno: "Tinha medo de ser simplesmente 'a vítima de incesto que vai à televisão contar a sua história horrível'"

Entre os 7 e os 14 anos Neige é abusada regularmente pelo padrasto. Quando atingiu a maturidade decidiu não calar mais a violência, foi a tribunal e deixou a França. Depois escreveu "Triste Tigre", um livro que nos cai das mãos, é uma autêntica bomba. Conversa exclusiva com a escritora.

Neige Sinno aborda a escrita, o trauma e a receção de "Triste Tigre" em França e no México Foto: Getty Images / DR / Collage
22 de julho de 2025 às 12:35 Tiago Manaia

Neige está bem à nossa frente, do outro lado de um ecrã, numa chamada Zoom. Os seus olhos são gigantes e expressivos. Sorri de forma amável, há uma parede branca atrás de si e conseguimos ver uma gravura antiga num canto do nosso ecrã. A luz que a ilumina é natural, solar. Foi difícil conseguir esta chamada, a agente de Neige Sinno pedia que só literatura fosse abordada durante a conversa com a escritora francesa nascida em 1977, nos Altos Alpes. A agente exigia contenção e depois deixava de responder, foi preciso insistir. Muito.

Triste Tigre foi publicado em Portugal em setembro de 2024, mas no ano anterior foi o livro mais vendido em França. Venceu os prémios Femina, o Prémio das Leitoras da Elle, o Strega Europeo, o prémio Le Monde e o Goncourt des Lycéens atribuído por jovens estudantes adolescentes, isto em 2023. Depois continuou o seu caminho no estrangeiro. Um verdadeiro fenómeno à volta deste texto híbrido que mistura biografia, ensaio e reflexão, num estilo seco que fala muitas vezes diretamente com o leitor que tem o livro nas mãos. Enquanto nos descreve de forma despojada os abusos que sofreu anda criança, Neige, que estudou literatura americana e foi professora universitária, tenta analisar episódios da literatura mundial, sem nunca usar a retórica de vítima ou sem considerar alguma forma de perdão para o seu agressor. Há uma procura da verdade em tudo o que atravessa o caminho e a vida de Neige, os filmes que vê, os cartazes, as capas do livro Lolita de Nobakov. Tudo serve para procurar um porquê, um porquê para o que moldou a sua vida para todo o sempre.

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Annie Ernaux, vencedora do Nobel de Literatura em 2022 disse sobre Triste Tigre o seguinte: "Li o livro de Neige Sinno como se estivesse a descer a um abismo com os olhos abertos. Obriga-nos a ver, a ver realmente, o que é ter uma criança violada por um adulto durante anos. A simplicidade aterradora de uma monstruosidade com um rosto agradável que é levada a cabo silenciosamente numa família, na sociedade. Toda a gente, sobretudo os adolescentes, devia ler Triste Tigre. Seria um grande passo em frente para a nossa consciência, graças à literatura."

Conversámos assim com Neige.

No teu livro Triste Tigre dizes várias vezes que sempre soubeste que a tua vida seria passada a escrever, seria esse o teu caminho. Dizes também muitas vezes que a escrita não te salvou, mas será que podemos dizer que a escrita te colocou num determinado caminho?

Sim, é verdade que digo isso, que a escrita não me salvou no sentido de ter ultrapassado um trauma, porque acho ser exagerado. É um daqueles clichés, essa ideia romântica de que quem faz arte está automaticamente salvo. É um pouco redutor dizer "a literatura salvou-me", "a arte salvou-me", "o amor salvou-me". O que me incomodava nisso é a ideia de que isso diminui a gravidade do que se viveu. Eu percebo que há pessoas que se sentem salvas e acho isso ótimo, mas eu própria não me sinto salva. Eu não estou salva. Mas tive sorte em ter uma paixão desde muito jovem.

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Tenho uma filha de 12 anos e vejo isso nos adolescentes e nas pessoas que têm algo que lhes guia a vida desde cedo. Eu tive isso, desde muito nova tinha uma paixão pela leitura, e a certeza de que era um caminho para mim. Não quer dizer depois que me tenha facilitado a vida, porque é um caminho estranho, o da escrita.

Demoraste muito tempo até conseguires publicar, certo?

Sim, e também soube muito cedo que não ia conseguir ganhar a vida com isso. Porque venho de um meio modesto. Falo disso um pouco no Triste Tigre. Eu venho de um meio onde não existem intelectuais e quando, no liceu, disse que queria escrever, disseram-me: "Mas tens de arranjar uma profissão também." Tens de viver, de ganhar a vida. Podes ser jornalista, podes ser professora, por exemplo. Portanto, é um caminho estranho, não é? Uma vocação que te abre uma enorme liberdade interior, uma alegria muito grande, mas que também te limita muito na vida.

Tentamos analisar a nossa própria vida, mas isso é até bastante comum entre escritores. Sabemos que, para fazer o nosso trabalho, temos de sacrificar muitas coisas. É um pouco isso a arte. Não achas? Quando falo com jovens que me dizem querer escrever, digo-lhes: "Pronto, vocês estão a fazer um voto de pobreza."

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E é também uma espécie de clausura, isso de estar fechado durante muito tempo a escrever. E tem uma força interior muito grande. Mas também é preciso sustentá-la?

É preciso aguentar os fracassos, o facto de não encontrar editores, o sentimento de que somos talvez os únicos a acreditar na qualidade do nosso trabalho. Demorou-me imenso tempo. Isso não é nada raro.

Há um momento no livro em que falas de Artaud, e dessa ideia de que o artista tem de ir ao inferno para poder escrever. Tu dizes que é preciso resistir para conseguir escrever?

Não te quero responder com um sim ou não direto, mas tento mostrar que o debate é interessante. Que questionar ideias feitas é interessante. E isso é algo que recebi na minha formação. Fiz longos estudos universitários, e vivi numa época em que a subversão tinha um certo valor. Ensinavam-nos certas coisas.

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E por mais que tentemos estar abertos, as ideias fixam-se e tornam-se clichés. Cresci com a ideia de que se escreve a partir de uma ferida. Escreve-se a partir do inferno para sair do inferno. E tento libertar-me disso também. Porque, se analisarmos bem, isso não é necessariamente verdade, nem para toda a gente, nem sempre. Essa é a minha abordagem constante no Triste Tigre – tentar aproximar-me das ideias feitas e depois tento distanciar-me delas. Perguntar-me: o que é que me torna mais livre? O que é que me é útil para pensar?

E essa ideia de Artaud no livro… É uma citação tirada do seu contexto. Quando penso nela com atenção, percebo que há ali algo que não é totalmente verdadeiro para mim. Porque quando se está muito mal, não se pode criar nada. Há um limite: quando se mergulha demasiado fundo no horror, já não se pode fazer nada. É aquela ideia do artista torturado.

Como os poetas malditos, o Rimbaud, etc.?

Sim, sobretudo torturados. Algo que me foi útil, foi poder pensar: "Eu vivi algo que poucos viram. Tenho essa experiência." Mas também tive a sorte de ser suficientemente forte para conseguir passar à etapa seguinte: fazer arte com isso. Mas isso não está ao alcance de todos, nem é possível o tempo todo. E se invertermos a ideia? Eu não acredito que seja preciso o horror para criar um livro interessante. Eu acredito que não é preciso nada. E fico fascinada com livros que não têm tema. E também acredito que, se o teu trabalho como artista não tem um drama ou um conflito muito forte, ele torna-se mais invisível.

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E o que me limitava no meu trabalho artístico era pensar: "Este tema é demasiado grande. É demasiado evidente. Como é que vou trabalhar sobre isto sem ser esmagada pela força enorme deste assunto?" 

Neige Sinno, escritora francesa, vence Prémio Strega Europeo com o livro "Triste Tigre" Foto: Getty Images

No livro falas muitas vezes diretamente ao leitor. Queria perguntar-te, depois de teres conhecido tantos leitores, e tiveste mesmo muitos, em França. Como foi conhecer os leitores a quem te dirigias?

Foi estranho. Há de tudo, claro. Há encontros maravilhosos. Mas também há leitores que eu preferia não ter. Leitores sinto que têm uma leitura redutora do meu livro, eles também existem. E isso faz parte da exposição do autor. Há momentos difíceis. Especialmente com jornalistas. Tentam colocar-me numa narrativa: “testemunho horrível”, e fazem perguntas sobre a minha vida, sobre como foi… [pausa]

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Sim, existe a possibilidade de reduzirem o livro a mais um testemunho no rastro do . Tudo é legítimo. Temos o direito de interpretar como quisermos. Mas, para mim, que desejei e sonhei e que construí dentro do meu livro outro tipo de leitor… Às vezes é difícil.

Mas também encontrei o leitor que projetei no livro. O leitor que construí no livro: um leitor inteligente, que não precisa de formação erudita. Faço essa aposta. Acredito que é possível pensar profundamente sobre um assunto sem ter um grande "background". E encontro essas pessoas. Encontro vítimas, mas também pessoas que não foram vítimas e que têm a inteligência de conversar como seres humanos sobre aquilo que sentiram ao ler o livro. Isso é riquíssimo. E normalmente, nos encontros presenciais com leitores que fazem fila para falar comigo, é isso que acontece: alguém que se tocou por razões pessoais. Lemos um livro sempre com a nossa própria vida.

E os dois tipos são comoventes. Fico muito tocada quando vejo pessoas que foram vítimas ou cujo irmão, irmã, companheiro foi vítima. Às vezes vêm casais. Porque é difícil falar sobre estas coisas. Acontece muito: a pessoa vem com o seu companheiro e diz: “Graças ao seu livro, conseguimos falar um pouco mais sobre o que aconteceu a um de nós.”

É maravilhoso que alguém se sinta representado, e que quem ama essa pessoa encontre no livro uma porta para compreender, para falar disso. É mesmo muito rico. E no início eu tinha medo do sofrimento dos outros. Acho que é normal, é violento. São traumas que nos deixam mesmo infelizes. Coisas que te contam… Dá medo.

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Pode haver vários tipos de abuso na infância: pais alcoólicos, negligência, entre outros. E acho que há uma transferência possível, há pontos de contacto. O teu livro é maior do que uma só história ou um só tipo de abuso.

Sim. as pessoas dizem: "Não vivi o que você viveu, mas há pontos de ligação que me ajudaram." É muito bonito quando se abrem portas para os outros.

Tocaste no tema do #MeToo, e queria saber se leste o livro da Vanessa Springora. Entrevistei-a quando O Consentimento saiu (publicado na Alfaguara em Portugal). E pergunto-me se isso acelerou as coisas, até a nível editorial, em França? Tu enviaste muito o teu manuscrito, por exemplo...

Sim, é possível. Não esse livro em específico, ou qualquer outro. Mas o facto de sabermos que existe hoje uma abertura maior da sociedade para discutir estes assuntos, e até na minha vida pessoal, nas conversas com amigos, noto que o tema surge com mais empatia, com mais distância também. E a forma do meu livro – que é uma conversa com um leitor imaginário – nasce também desse contexto. Começa como uma conversa. Dirijo-me a alguém que imagino e construo. Mas o livro nasceu mesmo dentro desse contexto de conversas reais. E mesmo sendo uma pessoa que normalmente não fala muito (como muitos escritores), sobretudo porque vivo no México, portanto sou lá uma mulher branca que estudou em França.

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No México, estou em coletivos com pessoas que não têm os mesmos privilégios que eu. Muitas vezes não tomo a palavra, cedo-a. E depois volto para casa. E fico a refazer a conversa na minha cabeça. Ou seja, essa é a interação que existe no livro, esse espaço que me dou a mim própria para me proteger, onde posso dizer tudo o que me apetece é influenciado pela ideia de que existe uma conversa na vida real na qual eu não participo.

E achas que há um certo distanciamento com a língua francesa precisamente porque escreves em francês? No fundo, vives quase sempre num lugar onde também és estrangeira, mesmo que fales espanhol fluente, no México és estrangeira.

Sim, mais do que isso até… A autobiografia nunca foi um género que me interessasse muito. Sempre tive algum medo disso. Era claro para mim que não queria escrever um texto autobiográfico na primeira pessoa, assumidamente autobiográfico. Sobre esse tema, sobre a minha infância. Nunca tentei. Aliás, usei isso para a ficção. Escrevi muitos textos que usam memórias minhas, que usam coisas… Nunca me proibi de o fazer.

Mas não queria contar como "isto aconteceu comigo". E o que aconteceu foi curioso: quando se escreve, nem sempre nos apercebemos do que estamos a fazer. Escrevi outro texto, sobre outro assunto, em espanhol, na primeira pessoa, e percebi rapidamente o que estava a fazer... Era um texto autobiográfico. Mas… não sei… O facto de dizer "eu" numa outra língua era menos pesado. Por razões psíquicas que me escapam completamente, tornou-se possível.

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E então escrevi esse livro em espanhol, terminei-o, e depois comecei Triste Tigre.

"Triste Tigre", de Neige Sinno, aborda o trauma infantil e a busca pela verdade, obra elogiada por Annie Ernaux Foto: DR

Com a mesma energia?

Sim, com a mesma energia. A mesma voz. A distância é a mesma. A forma é a mesma. Ou seja, uma forma onde estou lá. É autobiográfico, mas há também o "eu" da pessoa que me tornei como leitora. E é o facto de poder jogar com essas diferentes “personas” autobiográficas que tornou o livro possível. Mas nasceu noutra língua, sim.

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E então, voltar a França, lançar o livro, passar tanto tempo lá, como é?

É muito estranho, sabes? Porque construí o meu universo intelectual no México. Já estou lá há 19 anos. Fiz um esforço enorme para aprender a escrever noutra língua. Nunca me imaginei a regressar a França. E de repente este livro é publicado em França. E há um público de leitores gigante que torna para mim quase estranho. Tento compreendê-lo outra vez. A França não é um país estrangeiro, não é isso – vivi cá até aos 23 anos. Mas é um país que mudou.

Nós também nos tornamos estrangeiros várias vezes ao longo da vida?

É muito estranho regressar a um país assim. Leva tempo a perceber o que se está a passar. Custa-me deixar o México. Custa-me suspender as lutas que tive lá... [Grande silêncio] Lutas feministas, mas também ligadas à escrita. O livro de que te falei, aquele que escrevi antes de Triste Tigre, ainda não está publicado, e foi escrito em espanhol. É um texto que reflete sobre relações, sobre o que foi para mim viver a vida adulta num país estrangeiro, que foi colonizado, sendo eu de um país colonizador. Isso sempre me obcecou, interrogou, durante anos, e tornou-se um tema central na minha vida. E de repente volto a França, onde o contexto social e político é outro. E é tudo muito instável, percebes?

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Interrogas a tua posição enquanto pessoa privilegiada?

No México, sim.

E no Triste Tigre abordas isso. Dizes que ao início o teu tema parece assustar as pessoas, mas que há uma espécie de dualidade. Porque o público também vive fascinado por uma certa perversidade, como se vê em séries da Netflix ou certos filmes. Nestes últimos quatro anos de #MeToo a fazer caminho em França, houve mudanças? As atrizes que falam e contam em público os abusos que sofreram, mudou algo?

Não sei. Por um lado, parece que algo está a mudar. Tenho grande esperança de que, de repente, possamos examinar as consequências da dominação patriarcal em todos os aspetos da nossa vida. E isso… é apaixonante. Porque mesmo no México, vejo pessoas de outras gerações que agora têm acesso a uma grelha de leitura que antes era uma grelha escrita só por especialistas. Agora é acessível a todos. E pode ter repercussões diretas nas nossas vidas. Isso faz sonhar. Dá vontade de dizer: estamos a assumir responsabilidade como sociedade, a tentar encarar de frente o que nos acontece.

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Uma em cada 10 pessoas é vítima de abusos na infância. Em França, no México, em todo o lado. Como se constrói a sociedade do amanhã? Como educamos rapazes, raparigas, crianças não binárias, com este conhecimento? Com tudo isto? É muito…

Dá-me esperança, mas ao mesmo tempo, toda a gente fala do “backlash”, toda a gente fala de uma cristalização. É importante ter uma visão histórica, falar com feministas de 70 anos, que já passaram por retrocessos. Já houve momentos em que parece que tudo se abre, e depois tudo se fecha. Como fazemos para que isto dure? Para que isto se instale? Para que não seja uma coisa de nicho, com vítimas a denunciar algo. Que se torne realmente uma reflexão global sobre como construir as nossas relações humanas de outra forma. Como educamos os nossos filhos? Sim é um #MeToo porque se trata de violência contra mulheres e crianças, mas sobretudo é uma questão da infância. Uma vítima em cada três é um rapaz. Em três vítimas, duas são raparigas e um é rapaz. São estas as estatísticas. Não é só uma violência contra mulheres. É um assunto feminista porque foram as feministas que denunciaram a violência contra crianças. Mas diz respeito a toda a sociedade. Como é possível continuarmos a educar crianças neste mundo com tanta violência? Vejo isso em , por exemplo: as bombas caem sobre crianças, e o mundo continua. Como é possível? Como é que o mundo continua sabendo o que sabemos?

No livro tento mostrar que, para mim, as perguntas funcionam assim: cada questão gera outras, e forma uma constelação que leva a uma forma esperança, ao prazer de pensar. Mas isto também me leva à beira do abismo. Leva-me a lugares perigosos, onde me apetece desistir.

Neige Sinno, escritora, aborda a violência, a escrita e Triste Tigre Foto: Getty Images

Como se seguisses vários caminhos e, de repente, desses com um muro – num caminho que achavas que era o certo? E nesta tua estadia em França, conheceste artistas, atrizes… Sentiste-te apoiada por elas?

Sim. No meio literário, eu era completamente desconhecida. Mas houve as editoras que apostaram no livro. As primeiras jornalistas que o leram (forma mulheres, que me entrevistaram, escreveram artigos e foram decisivas porque indicaram um caminho de leitura. Deram um olhar muito literário ao livro, sem combinarem entre si. Eu tinha medo de ser simplesmente "a vítima de incesto que vai à televisão contar a sua história horrível". E eu até posso fazer isso, mas incomoda-me. Porque o espaço onde me construí é a literatura.

E depois aconteceu algo impressionante em França, não sei se seria possível noutro país. Os livreiros. Tinha-me esquecido disso, mas os livreiros em França são grandes mediadores. Foram eles que fizeram o meu livro ser lido. Muita gente veio falar comigo nas sessões de autógrafos e dizia: "Tinha medo, não queria ler o seu livro, mas o meu livreiro disse: lê que vais gostar." E depois, quem o leu, passou-o a outra pessoa. Foi um verdadeiro boca-a-boca. Uma solidariedade de pessoas que nem me conheciam, mas que disseram: "É importante, vamos fazer com que este livro exista."

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