Penélope Cruz, a estrela ibérica

Mamã recente, atriz galardoada com um Óscar, embaixadora da Lancôme... Penélope Cruz parece habitar todos os papéis da sua vida com o mesmo temperamento apaixonado. As confidências da feiticeira madrilena.

Penélope Cruz, a estrela ibérica
09 de outubro de 2012 às 10:45 Máxima

Depois de Vicky, Cristina, Barcelona, é agora italiana para Woody Allen, em Para Roma com Amor. É a intensidade do seu olhar que nos fulmina em primeiro lugar. Depois, reparamos na boca bem desenhada e nos traços delicados. Um tesouro que, muito naturalmente, a Lancôme escolheu para embaixadora do seu perfume com o mesmo nome. Penélope Cruz é a própria essência da feminilidade. Porém, esta bela espanhola é muito mais do que isso. Por detrás desta aparente fragilidade esconde-se uma mulher de forte temperamento, o casamento do fogo e do gelo. A combinação perfeita da mulher fatal.

O encontro dá-se num estúdio escondido nos subúrbios de Madrid. A entrevista tem lugar ao fim do dia, logo depois da sessão fotográfica. “Não vos incomoda que falemos enquanto me penteiam?”, pergunta ela. Com a reputação de ser intratável para com os jornalistas (já a vimos pôr fim a uma entrevista bruscamente), estávamos prevenidos, Penélope Cruz é dura a responder às questões. Para a señorita Cruz, a intimidade começa onde o trabalho acaba. Como fazê-la falar do seu filho Leonardo? Do seu marido, o ator espanhol Javier Bardem, com quem se casou nas Bahamas em 2010? Da história de amor entre o seu irmão mais novo, Eduardo, e Eva Longoria? Dos seus antigos namorados, Tom Cruise, Nicolas Cage ou, mais surpreendente, o escultor francês Thierry Pelletier? Esta atitude intransigente trouxe-lhe o êxito. A seguir ao início da sua carreira, em 1994, a madrilena efetua um percurso sem falhas. Seduziu Pedro Almodóvar e Woody Allen e tem sido, desde então, a musa inspiradora de ambos. Os seus companheiros? De Tom Cruise a Johnny Depp, um catálogo premium de hollywoodianos. Em 2007, Penélope Cruz é a primeira atriz espanhola a ser nomeada para um Óscar pelo seu papel em Volver. Não partirá com a sua estatueta, mas regressará em 2009, altura em que recebe o Óscar de Melhor Atriz Secundária pelo seu desempenho em Vicky, Cristina, Barcelona. Ei-la em entrevista.

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Isabella Rossellini, Inès Sastre, Kate Winslet e, agora, a Penélope. Desde 2010 que é embaixadora do perfume Trésor, de Lancôme. Sente-se confortável nesse papel?

Completamente! Desde a minha adolescência que sou uma fã incondicional da casa Lancôme. Quando era pequena, queria todos os produtos da marca, mas não me era possível comprá-los, claro. Com 14 ou 15 anos, pedi aos meus pais para me oferecerem o perfume. Fiquei no meu sétimo céu! Depois, esse perfume cresceu comigo. Está diretamente ligado às minhas recordações, a acontecimentos e pessoas. É parte integrante da minha vida.

'Almodóvar fez-me crescer como atriz e também como mulher'

Dizem que é difícil de convencer. Como é que a casa Lancôme a convenceu?

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Não gosto de fazer as coisas ao acaso. Gosto que as coisas façam sentido e tenham uma lógica. Assumir o papel de embaixadora da marca não é nada de mais para mim. Sinto-me muito próxima da Lancôme e, por isso mesmo, a escolha certa para assumir esse papel. O facto de tratar-se de uma casa francesa também me entusiasma, pois eu sou loucamente apaixonada por França! Paris é uma cidade mágica. Tento ir a Paris pelo menos uma vez por ano. Corro o marché aux puces de uma ponta a outra, regalo-me no L’Ami Louis ou no Anahi, no 3.º bairro. Adoro! Também passo muitas férias no sul de França. Esse país é uma alegria!

Recorda-se de algum ícone francês, uma personalidade que a inspire particularmente?

Uma? Mas há tantas! Godard, Truffaut, Chabrol, sem falar nos pintores, nos chefs e designers.

Precisamente! Quais são os seus criadores preferidos?

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Karl Lagerfeld, John Galliano, Ralph Lauren... Como escolher? É impossível, para mim, escolher um ou outro. Funciono por amores à primeira vista. Por isso mesmo, acho que não tenho um estilo em particular. Gosto de prestar atenção às minhas vontades e não sou de seguir tendências.

Há já algumas estações que assina coleções cápsula com a sua irmã, Monica, para uma marca de pronto-a-vestir suíça. Pensa continuar?

Nós divertimo-nos, mas decidimos parar. Temos um outro projeto em mente, as duas.

Um filme talvez?

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Infelizmente, não, isso não está na ordem do dia. Mas adoraria. De facto, trabalhamos na criação da nossa própria marca de roupa, mas estamos ainda nos preparativos, ainda estamos a aprender o ofício. A ideia de termos o nosso próprio bebé deixa-nos muito excitadas. E depois é a ocasião certa para nos juntarmos num projeto comum. Para mim, trabalhar em família é um verdadeiro luxo.

Atualmente, a Penélope faz parte de um grupo de sedutoras icónicas. O seu pai era garagista e a sua mãe, cabeleireira. O seu ambiente familiar era propício à sofisticação?

Eu passava muito tempo no salão de cabeleireiro da minha mãe. Adorava ir para lá quando saía da escola. Curiosamente, estava muito mais interessada no que se dizia por lá do que nos bigodis, no brushing e companhia. As clientes fascinavam-me, elas contavam as suas vidas, os seus problemas, as suas alegrias, e eu era como um pequeno ratinho, que ouvia tudo. O salão era como um confessionário. Para mim, foi a minha primeira escola de teatro.

TUDO SOBRE PENÉLOPE

A sua gulodice

“A cozinha espanhola! É, sem dúvida, o que me faz mais falta quando estou longe de casa.”

O seu limite na moda?

“Não estabeleço qualquer limite. No que toca à moda, não quero limitar-me.”

O seu trunfo

“As línguas. Hoje em dia, filmo em francês, italiano, inglês e, obviamente, espanhol. Filmar numa outra língua que não a minha é um desafio que eu gosto de ultrapassar.”

O seu lado escondido

“Eu sou uma pessoa muito angustiada. Fico preocupada com tudo.”

A sua morada fetiche

“Casa Botin, em Madrid, a dois passos da Plaza Mayor. É o mais antigo restaurante de Madrid. Goya chegou mesmo a trabalhar lá quando era aprendiz. É um ponto cheio de História.”

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A sua gulodice

“A cozinha espanhola! É, sem dúvida, o que me faz mais falta quando estou longe de casa.”

O seu limite na moda?

“Não estabeleço qualquer limite. No que toca à moda, não quero limitar-me.”

O seu trunfo

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“As línguas. Hoje em dia, filmo em francês, italiano, inglês e, obviamente, espanhol. Filmar numa outra língua que não a minha é um desafio que eu gosto de ultrapassar.”

O seu lado escondido

“Eu sou uma pessoa muito angustiada. Fico preocupada com tudo.”

Com cinco anos, começou a estudar dança no conservatório nacional espanhol. E praticou dança durante 17 anos. Porque é que, no fim, acabou por escolher o cinema?

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Tive de fazer uma escolha. Aos 17 anos, fizeram-me prestar provas para um filme. Fui e acabei por ser escolhida. Apercebi-me de que, numa rodagem, sentia-me em casa. Eu interpretava de forma natural. Os diferentes castings que fiz depois confirmaram-me que tinha sido feita para isso.

Alguma vez lastimou essa escolha?

Nunca! Ainda me acontece dançar num filme, por exemplo, mas a minha vida de bailarina ficou para trás. Sou definitivamente atriz. O que não me impede de estar muito orgulhosa da minha irmã, que é um bailarina profissional genialíssima e que dança o flamenco como ninguém.

Há um antes e um depois do Óscar?

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Sim e não. Esse foi um momento alucinante na minha carreira. Ver o orgulho e a felicidade daqueles que me estão próximos foi muito comovente. Durante vários meses, levei o meu Óscar para todo o lado, apesar do seu peso. Não conseguia acreditar! Agora, o Óscar está cuidadosamente arrumado em casa e a vida retomou o seu curso normal.

Foi dirigida por Pedro Almodóvar, Woody Allen, Stephen Frears. Com quem sonha rodar um filme?

Martin Scorsese, um dos melhores do mundo, mas todos os realizadores com quem trabalhei me deram qualquer coisa. O Pedro [Almodóvar] faz parte de mim, foi o primeiro a oferecer-me um grande papel com o filme Tudo Sobre a Minha Mãe. Fez-me crescer como atriz e também como mulher. Fez-me refletir sobre quem eu sou. Estou-lhe muito reconhecida por ele ter depositado confiança em mim.

Desde o passado dia 4 de julho, está nos cartazes do novo filme de Woody Allen, Para Roma com Amor. É o seu segundo filme com ele. Que estilo de realizador é Woody Allen?

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É o homem mais divertido do planeta. Com ele, tudo se torna maravilhoso, luminoso, não convencional. Durante a rodagem, o meu maior prazer era sentar-me ao seu lado e ouvi-lo falar da sua vida, da sua hipocondria, de tudo e de nada. Poderia estar a ouvi-lo durante horas e a rir-me sem parar. À pergunta “como é que dormiste?”, ele é a única pessoa que eu conheço que responde “do lado esquerdo, porquê?”. Tudo é assim com ele: uma risota sem fim.

Terminou a rodagem do próximo filme de Sergio Castellitto, Venuto al Mondo, no qual encarna uma mulher romena a quem anunciam que é estéril. O facto de ser mãe influenciou a sua forma de interpretar o papel?

Sim, claro que sim. Ser mãe muda tudo para mim. A minha vida é diferente. Apreendo a vida de forma diferente e certos papéis também. Ser mãe é a maior experiência do mundo. Transformou-me completamente. Este filme, que, para mim, representa uma homenagem à maternidade, é, sem dúvida, aquele no qual estive emocionalmente mais envolvida.

A Penélope pensar vir a fazer parte do grupo de atrizes que leva os filhos para as filmagens?

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Ainda não sei como irei organizar-me. Nem sequer sei onde vou viver nos tempos mais próximos. A cidade do nosso coração é Madrid e vamos lá o maior número de vezes possível. Mas pensamos assentar em algum lado. Porque não em Nova Iorque? Eu adoro! Quando me passeio pelas ruas de Nova Iorque, tenho a sensação de ser uma eterna estudante.

Juntamente com o seu marido, vocês são um dos raros casais conhecidos que fogem aos paparazzi. Qual é o vosso segredo?

Nós fugimos dos locais que estão na moda. Quero poder ir fazer as minhas compras ao supermercado tranquilamente. Na verdade, quero ser livre. E é o caso. Basta querer. Uma das coisas perante as quais sou intransigente é a proteção do meu filho. Se uma fotografia dele for divulgada na imprensa, eu não hesitarei em perseguir a revista em questão. Faça passar a mensagem.

Um filho, um marido, uma carreira fantástica. O que lhe falta neste momento?

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Não posso dizer que a vida é bela uma vez que tudo à nossa volta se desmorona. Eu seria uma pessoa sem coração e sem cérebro se dissesse uma coisa dessas. É impossível ficarmos indiferentes. Ver as notícias angustia-me. O mundo é um caos. Criar o meu filho num mundo assim inquieta-me muito.

TRAILER Para Roma com Amor

http://www.youtube.com/watch?v=Fkaci08lJos

1 de 5 / Penelope Cruz
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2 de 5 / Vestido Azzedine llaia. Maquilhagem Lancôme
3 de 5 / Véu, Maison Michel. Maquilhagem Lancôme
4 de 5 / Casaco em pele de cordeiro tintada bordada com pérolas douradas, Balmain. Fato de banho com corpete em poliamida stretch, Erès. Maquilhagem, Lancôme
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5 de 5 / Vestido em jersey stretch e cinco corset em pele, ambos Azzedine Allaia. Maquilhagem Lancôme
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