Porque é que a estética de ‘Blade Runner’ continua a influenciar a moda?
Recuamos ao filme original de Ridley Scott e à sequela lançada este ano por Denis Villeneuve para explorar a imagem que continua a inspirar as coleções de agora.

Uma das mais relevantes obras (arriscaríamos dizer obras-primas) de Ridley Scott, Blade Runner – Perigo Iminente, de 1982, não se fecha no género da ficção científica. A narrativa recupera a estética e o mistério do film noir, antecipando um futuro distópico, quase trágico, numa visão decadente de Los Angeles. "Fui atraído pelas questões morais, pela ideia de existir um assassino oficialmente encarregado de matar pessoas que, mesmo que fossem criadas artificialmente, eram reais", explicou Scott em entrevista à Empire.
Na verdade, na década de 80 o mundo ainda não estava preparado para o caos visual imaginado por Scott. A crítica atirou-o para a categoria de sci-fie considerou-o inferior ao E.T. – O Extraterrestre, lançado no mesmo ano por Steven Spielberg. Por isso, foi ainda mais difícil para o realizador fazer-se compreender quando, há mais de 30 anos, mostrou ao mundo uma pesada estética futurista e uma narrativa fora da caixa, baseada história de um ex-polícia (Rick Deckard, interpretado por Harrison Ford), forçado a voltar ao ativo para matar androides. A sua missão é eliminar quatro seres (já demasiado próximos da essência humana) que voltaram de outro planeta para destruir o seu criador. Felizmente, o tempo permitiu que nos ajustássemos à história e à estética de Blade Runner – e para isso muito contribuiu o plano de abertura, que lançou a tela em chamas.

Além de trazer novidade à indústria ao desafiar os limites do género cinematográfico, Ridley Scott pegou num turbilhão de influências de décadas passadas e transformou-as à medida da sua visão de futuro. A modernidade e criatividade de Scott fizeram de Blade Runner um filme de culto, pela inovação cinematográfica e pela nova abordagem ao guarda-roupa. Até então os filmes de ficção científica mostravam novas realidades segundo um prisma e uma estética super clean. Naturalmente, os figurinos acompanhavam este universo minimalista, que faz lembrar a tendência space age dos anos 60 e a estética da Courrèges.
Assim, quando Charles Knode e Michael Kaplan criaram o guarda-roupa de Blade Runner, em plena década de 80, a influência da estética sombria do film noir levou-os a recuperar tendências dos anos 30 e 40. Depois, para as personagens Rachael ou Deckard, por exemplo, estas inspirações cruzam-se com influências punkdos anos 80. O universo estético do filme é um dos mais interessantes da história do cinema. É avant-garde, futurista e fora da caixa e, como seria de esperar, tornou-se uma das influências cinematográficas mais inspiradoras para a moda.
Em 1998, Alexander McQueen (para Givenchy, quando ainda não tinha começado a marca que lançou em nome próprio) criou a sua própria (e, claro, genial) interpretação de Rachael, uma das personagens do filme. Raf Simons também apresentou a sua própria abordagem quando apresentou a sua coleção de menswear em Nova Iorque e transformou uma rua de Chinatown num cenário apocalíptico inspirado no filme.

Em 2012, altura em que se falou pela primeira vez na produção de uma sequela (agora pela mão de Denis Villeneuve), os criadores voltaram-se para o passado e, desde a Gucci à Balenciaga, descobrimos referências ao filme nas mais diferentes coleções. Agora a versão de 2017, que estreou ontem em Portugal, traz ao ecrã uma visão atual do guarda-roupa de 1982, com as mesmas referências e inspirações.

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