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Poesia visual: a Fabrica da Benetton organiza uma exposição dedicada à diversidade e à cor
A Benetton quis deixar-nos espreitar a sua coleção para a próxima primavera, agora através do seu próprio ponto de vista – atento, curioso e crítico. Mais uma vez, deixámo-nos levar.
Imagem da exposição I See Colors Everywhere
Foto: Benetton25 de setembro de 2017 às 19:49Carlota Morais Pires
São quase oito horas da noite quando entramos na Trienal de Design de Milão, imponente palácio em pedra, a casa das artes contemporâneas naquela cidade. Subimos as escadas monumentais e cinzentas para, no segundo andar, descobrirmos design puro e um maravilhoso trabalho da cor a agitar um puzzle de informação visual, ou o que podemos chamar de beleza e caos - é num espaço de intervenção artística onde cabem todas as formas de expressão criativa, da instalação à performance musical, que acontece a exposição I See Colors Everywhere, cortesia da Benetton e da Fabrica.
Em plena semana de moda de Milão, a Benetton quis voltar a pensar num novo ângulo para apresentar a coleção para a próxima estação e conseguir injectar novidade e futuro. Quis, como sempre, fazer com que a imagem nos obrigue a questionar e a olhar o mundo com outro ponto de vista e, para conseguir concretizar todo esse turbilhão de ideias e vontades, apoiou-se na Fabrica, o seu centro de investigação para as artes e comunicação, também um dos maiores pólos criativos da indústria.
"Fomos desafiados a envolvermo-nos conceptualmente na apresentação da coleção da Benetton para o próximo verão, que é um projeto muito diferente do que estamos habituados", conta Mariana Fernandes, a designer portuguesa que liderou a curadoria do projeto ao lado do premiado Sam Baron. "Em vez de um desfile, reunimos alguns dos objetos mais especiais do arquivo da Fabrica nesta exposição sobre a cor, a diversidade, a criatividade e a divulgação de mensagens em diversos meios – o design de produto, a fotografia, o vídeo, o grafismo, a música ", continua Mariana Fernandes em entrevista à Máxima.
Olhamos à volta e é impossível fixar o olhar num único objeto sem nos deixarmos encadear pelas luzes da gigante instalação néon (uma mão gigante que marca um ritmo com os dedos, criada por Mariana Fernandes especificamente para esta exposição) ou atordoar pelo ruído de uma performance com uma guitarra eléctrica. São centenas de estímulos sensoriais que vão chegando como pequenos choques, correntes de informação em alvoroço, preparadas para nos atingir.
Cada canto é dedicado a uma cor – ali os manequins (que são pessoas reais, comuns, com idades e traços físicos completamente diferentes) vestem branco, cor-de-laranja ou amarelo mostarda dos pés à cabeça, enquanto se sentam e conversam- são convidados daquela festa. Eles próprios fazem parte de uma performance – mostram a nova coleção da casa italiana, gritam uma mensagem de diversidade, lembram-nos que a Benetton sempre viu o mundo a cores: nas malhas e algodões, mas também nos assuntos sociais mais fracturantes, do racismo à homossexualidade, em que quis sempre assumir um papel ativo e interventivo.
Na enorme sala da Trienal de Design estão expostas mais de cinquenta obras recuperadas do arquivo da Fabrica, estórias e objetos imperdíveis que juntos contam a história (e as mais importantes e interessantes histórias) da Benetton. Entre os trabalhos mais especiais estão a série de fotografia com albinos captada pelo sul-africano Pieter Hugo, uma ilustração de Andy Rementer e uma instalação criada em conjunto pelos artistas Giorgia Zanellato e Daniele Bortotto.
A exposição está patente na Trienal de Design de Milão até 28 de setembro.