Jeans: zero passos em falso
Slim, flare, destroy… jardineiras, jeans mom foragidos dos nineties. A ganga coloniza os nossos looks de mil e uma formas. Mas será que é necessário ceder aos seus apelos fashion destituídos de feminilidade? Não. Basta seguir este guia.

Como domesticar o look total?
A tendência ganga com ganga ("denim on denim" em jargão de moda) germina. Impõe-se como exercício de estilo em voga. Damos por ela nos desfiles primavera-verão, vêmo-la já nas seguidoras da moda. Frequentemente chamada "smoking canadiano" pelos americanos a troçarem dos campónios, a sobreposição é, no entanto, bastante delicada de gerir.
DON’T. Para não se parecer com Clint Eastwood em As Pontes de Madison County é simples: nunca usar duas peças de uma ganga exatamente igual – camisa sobre umas 501, por exemplo.
- DO. Escolhe-se uma ganga crua ou escura para a parte de baixo (calças, saia ou calções) e umadesbotada ou mais clara para a parte de cima. O inverso também não é impossível, mas engorda um pouco… As texturas do conjunto também devem ser diferentes (ganga fina ou mais grossa, até mesmo algodão, conforme a peça) para não se ficar com demasiado ar de rodeo. Num outro nível podemos usar ainda um terceiro elemento como, por exemplo, um blusão de um tom de azul diferente dos restantes. Esta cereja no topo da ganga não deverá, no entanto, ser uma carteira (é demasiado hippie!) nem umas sandálias (como em Dallas). É evidente que o não cometer erros estará assegurado se a conjugação estiver pré-feita (ver o desfile de Chloé), se se tratar de um conjunto chique confecionado no mesmo tom índigo (Stella McCartney) ou ainda se o patchwork estiver já nos jeans ou na camisa(Other Stories).
Os jeans mom são bonitos?
Substituíram sorrateiramente os jeans boyfriend no separador "Jeans" da Asos ou da Topshop. Aliás, por vezes confundimo-los na foto. Só que são piores. Pusemos-lhes o nome de "mamã" porque era o uniforme das donas de casa americanas dos subúrbios nos anos 1990. Cintura subida, um pouco largos nas coxas e nas ancas e depois justos na barriga da perna, são o falso amigo perfeito. Têm um ar confortável, mas não são. Achatam admiravelmente as nádegas ao mesmo tempo que alargam as ancas.
DON’T. Usá-los, para os tornar mais sexy, com umas sapatilhas brancas e uma T-shirt "cropped" (cortada por cima da barriga) ou sem mangas como em Beverly Hills (a série) noutros tempos.
- DO. Com uma pequena dobra para fora de modo a aligeirar a silhueta, com umas botas de salto médio e com uma camisa de quadrados convenientemente enfiada por dentro das calças. Já é melhor, mas não é indispensável quando se tem realmente idade para ser uma mommy. Nem toda a gente tem a coragem de Susan Sarandon em Thelma & Louise.
Será que os jeans destroy rasgam?
Mais uns foragidos dos anos 1990! Os jeans rotos, muitas vezes mesmo rasgados, estão de novo a ser falados. Será que devemos pagar 250 euros por uma peça de roupa propositadamente destruída? E qual é exatamente a mensagem desta peça? Vulgaridade (as estrelas dos reality shows adotaram-nos), rebeldia barata (a mãe odeia), declínio (visto roupa usada)?
DON’T. Esbranquiçados ou dirty (propositadamente sujos) com escarpins (ou sandálias) bem pontiagudos: toca-se, evidentemente, as raias da vulgaridade. Rasgados a todo o comprimento: ficamos simplesmente ridículas. Com um rasgão único no joelho: de regresso ao liceu (ou aos filmes para adolescentes com Winona Ryder).
- DO. Escolhemos a versão boyfriend, discretamente coçados na coxa, um pequeno rasgão no joelho, e pronto. Aliás, o ideal seria que fossem mesmo uns jeans velhos de rapaz, já com a ganga um pouco coçada pelo uso. Usamos com uns slip-on de cor ou com sandálias de sola de madeira. Enfiamos um sobretudo masculino (não um blusão de cabedal ou um teddy!) e depois um grande saco elegante para completar o conjunto. Um conjunto fashion descontraído autorizado para os fins de semana.
É necessário experimentar as jardineiras?
Nada nos será poupado. Na secção das coisas com elevado risco estilístico, as jardineiras de ganga levam a palma. Demasiado largas, uma alça descaída, são o ascendente grunge-desengonçado que prevalece. Demasiado elaboradas (botões à farta, recortes em redondo), conferem um género de "gatinha californiana" a que só Cameron Diaz se pode permitir (por enquanto…). No entanto, há quem as use com graciosidade, como Alexa Chung, Keira Knightley ou Rhianna… Fazemos notar, sem desprimor para a atração principal, que as duas primeiras são donas de uma delicadeza quase angelical e a terceira é uma mulher ousada, que tudo arrisca com sucesso.
DON’T. Uma camisola à marinheiro por baixo acentua o aspeto de "ir apanhar mexilhão". Usá-las com uma simples T-shirt branca remete-nos para o estilo miúdas do liceu na praia. A versão short é, digamos, difícil de usar depois dos 16 anos (quando já não se tem as perninhas características dessa faixa etária). Quanto a usá-las sem nada ou com a parte da frente caída sobre a barriga, a própria ideia é aterradora…
- DO. Clássicas, de preferência ajustadas, com uma camisa justa e mocassins, porque não? Se quisermos mesmo complicar a nossa vida quando vamos fazer chichi, o macacão em ganga escura é, ainda assim, bastante mais adequado à idade adulta. É mesmo francamente elegante (magnífico modelo XL de Chloé).
É o final da era das slim?
As más-línguas anunciam a sua morte iminente desde há cerca de oito anos se pensarmos nas primeiras ocorrências nos blogues de moda. Somos obrigadas a constatar que a mais nobre conquista da mulher contemporânea não desapareceu. Porquê? Tornou-se um clássico e não se mata um clássico. As slim de ganga já conheceram sortes diversas, incluindo as ultra-skinny que fazem das pernitas magras uns autênticos canivetes, o branqueamento descolorado, a neve e outras fantasias duvidosas, como as listras desbotadas formando um bigode em torno da braguilha. Estas invenções diabólicas já não têm lugar em 2015 onde o cru, mais chique, faz o seu grande regresso.
DON’T. As slim de cintura descida fazem aparecer a bacia das jovens, mesmo as magras, um chapéu de cogumelo mole a transbordar da cintura. É um insulto às leis elementares da morfologia. Já para não falar das leis da decência…
DO. Dá-se o aparecimento maciço das slim de cintura subida, há pouco tempo ainda difíceis de encontrar. Uma verdadeira felicidade. Justas, redescobrimos o prazer de nos inclinarmos sem vergonha. Ou de usarmos camisolas ou sweats curtas sem mostrar a eventual ausência de abdominais.
Porque é que os flare não saem do armário?
Ao contrário dos invulneráveis slim, os flare, jeans com as pernas largas dos anos 1970, magnificamente ostentados por Jane Birkin, Ali MacGraw e pelos Anjos de Charlie na sua versão vintage, são um pouco como o D. Sebastião: muitas vezes anunciados, frequentemente presentes nas coleções, vistos em algumas pessoas (como Claudia Schiffer, fã histórica), mas muito pouco usados na vida real… De uma maneira geral, quando se tem uns, usamo-los uma vez por ano, num dia em que nos sentimos especialmente autoconfiantes. Qual é o problema? Contrariamente a todos os outros tipos de jeans, têm de ter uma altura exata, a marcar pela pessoa que faz arranjos em função de uma determinada altura de saltos. Se saltarmos essa etapa, eles revelam-se efetivamente inusáveis. Basta vermos aquelas infelizes a quem as calças cobrem todo o sapato. Aconteceu já com Victoria Beckham.
DON’T. Usar com sapatos rasos, com uma grande dobra e com uma blusa pingona como uma hippie que não somos.
DO. Interpretá-los "burgueses chiques" com um camiseiro estampado metido para dentro da cintura subida (ou com uma camisolinha leve) e escarpins de verniz de salto quadrado como a requintada Vanessa Streard, de quem são a imagem de marca.
