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Moda / Tendências

Giorgio Armani morreu aos 91 anos. O legado eterno do rei italiano

"Com infinita tristeza, o grupo Armani anúncia a morte do seu criador, fundador e incansável motor: Giorgio Armani." É assim que começa o anuncio publicado na conta de Instagram da marca italiana, esta quinta-feira, 4 de setembro. Armani tinha 91 anos.

Giorgio Armani
Giorgio Armani Foto: Getty Images
04 de setembro de 2025 às 15:06 Safiya Ayoob

Quando Richard Gere encarnou o papel de Julian Kaye em American Gigolo (1980), os verdadeiros protagonistas do ecrã foram os fatos Giorgio Armani. Paul Schrader revelou que selecionou essa coleção – composta por peças desconstruídas, separadas, em tons terra – por transmitirem exactamente o tom sofisticado e natural que o filme exigia, conta o Wall Street Journal. Armani confessou à System Magazine em 2024: “Ver um filme a ser feito foi um sonho tornado realidade para um cinéfilo como eu”.

O legado de American Gigolo não foi apenas o triunfo de um filme, mas também o anúncio global da elegância Armani. Tal como Coco Chanel teve o seu "Little Black Dress", Armani ganhou os seus símbolos estéticos: o blazer destruturado, suave, sem ombreiras rígidas, que esculpe o corpo masculino com uma fluidez moderna. Esse estilo, inicialmente masculino, encontrou rapidamente eco nas mulheres, que descobriram num uniforme poderoso uma alternativa sofisticada ao tradicional tailleur. "Versace veste a amante, Armani veste a mulher", resumiu Anna Wintour numa distinção que capta perfeitamente o ethos da casa Armani.

No entanto, o mundo da moda não foi a primeira vocação de Giorgio. O seu percurso pessoal ficou marcado, aos 9 anos, por um terrível acidente quando um amigo brincava com pólvora recolhida, episódio que deixou o italiano coberto em chamas e internado por várias semanas. O trauma agudizou-lhe o desejo de seguir medicina – ingressou na universidade de Milão – mas a vida tinha outros planos. Depois de três anos e de completar o serviço militar, o jovem Armani decidiu seguir a criatividade, com um primeiro emprego como vitrinista e comprador nos emblemáticos armazéns de moda La Rinascente, em Milão.

Nos anos 60, entrou para a equipa de design de Nino Cerruti e, nessa altura, encontrou a sua alma gémea criativa e empresarial: Sergio Galeotti. Com Galeotti a tratar da parte financeira e Armani a liderar a visão criativa, fundaram, em 1975, a Giorgio Armani S.p.A., na via Corso Venezia, em Milão. O sucesso foi imediato. Armani - elegância sem rigidez, com paletas de cores neutras e tecidos naturais - tornou-se símbolo de uma nova classe de profissionais, homens e mulheres, que queriam estar vestidos para o seu tempo.

A década de 80 marcou o descolagem global da marca: além do cinema, Armani expandiu-se para perfumaria, beleza, mobiliário, prêt-à-porter e estilos de vida completos - estabelecimentos hoteleiros, cafés, restaurantes e residências que traduzem o seu gosto refinado.

Apesar da dimensão monumental que o grupo alcançou, reportando receitas bilionárias e representando um império diversificado, Armani manteve-se fiel à sua independência. Conservou a empresa privada, recusou ofertas de fusões com conglomerados e manteve controlo criativo total até aos últimos dias da sua vida.

Em 2025, aos 91 anos, morreu em Milão, a poucos meses do 50.º aniversário da fundação da sua casa de moda. Deixa atrás mais do que um império de moda; um legado de estilo, uma celebração da elegância subtil, utilitária e muito italiana.

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