Estilo em todas as idades
Diz-se que a beleza, o estilo e o bem-estar não têm idade, mas decidimos comprovar. Falámos com Mariana Monteiro, Helena Coelho, Isabel Costa e Mi Romano para tentar descobrir o que as torna fantásticas na fase em que estão nas suas vidas.
Mariana Monteiro
É uma das doces colheitas de Morangos com Açúcar (2006), pois desde que a ficámos a conhecer na célebre série juvenil as câmaras nunca mais a largaram. Mariana Monteiro experimentou o teatro, fez cinema e rendeu-se à televisão. Foi a protagonista da telenovela Deixa que te Leve (2009) e mais tarde também das séries Mulheres de Abril (2014) e Água de Mar (2014). Foi apresentadora dos programas The Voice e The Voice Kids e este ano assumiu o papel de embaixadora e tornou-se uma "Champion" da UN Women (United Nations Entity for Gender Equality and the Empowerment of Women), para a campanha Beijing+20. Prestes a celebrar o 27º aniversário, integra o elenco da telenovela Coração D’Ouro, na SIC.
A lição mais valiosa que aprendeu com o passar da idade?Que temos de aprender a dizer não.
O que é que não tem idade? As gargalhadas que damos.
O que é que a faz rejuvenescer? Noites bem dormidas.
O que é que leva sempre consigo quando sai de casa?Telemóvel e óculos de sol.
O que é que a faz querer sair de casa?Os meus cães, agora! E o meu gosto pela vida e por aquilo que faço!
Há algum defeito seu que ainda queira corrigir?
Vários! [risos]
Um guilty pleasure?Chocolates, gelados e pizza.
O livro do momento?A Ditadura da Beleza.
Faça-nos uma confissão de adolescente.Era uma grande fã da Britney Spears.
Um ritual de beleza obrigatório?Limpar a cara todos os dias!
O que é que a tira do sério?A mentira.
Qual a sua receita quando quer estar deslumbrante?
Fazer um esfoliante e máscara antes de aplicar a make-up! Depois, claro, uma maquilhagem bem feita com um cabelo cuidado fazem a diferença.
A compra mais extravagante que já fez?
Não sou de grandes extravagâncias. Mas óculos de sol, malas e sapatos são onde perco mais a cabeça.
Uma tendência de moda a que não resista?Várias! Calças high waist à boca-de-sino.
Uma referência de estilo?Olivia Palermo.
Uma febre ou tendência a que se tenha recusado a aderir?Já houve várias. Nem sempre gosto de tudo o que está na moda.
Qual o pormenor que faz a diferença no seu look ou na sua vida?Calçado e carteira, normalmente.
Há algum segredo para a juventude eterna?Sim! Sem dúvida que acho que um apurado sentido de humor nos mantém para sempre jovens.
Gostava de chegar aos 90 anos…Rodeada de filhos e netos!
Se estivéssemos à sua espera com um helicóptero e um piloto, onde gostaria de ser entrevistada e fotografada?De helicóptero talvez nem chegasse a querer levantar voo! [risos] Mas se fosse em Portugal, no Douro, se fosse fora do país, nas ilhas gregas…
Helena Coelho
Quando se diz que Helena Coelho é uma das caras bonitas da RTP 1 não é apenas força de expressão. Começou a carreira de modelo quando tinha 15 anos e hoje, aos 34, é como apresentadora que costumamos vê-la numa variedade cada vez maior de programas de televisão ou eventos, e também dedicada a projectos de culinária como Nós é Mais Bolos e Créme de la Créme, ambos no Mercado da Ribeira, em Lisboa. Já viveu no Japão, foi rainha de copas (quando se tornou a imagem da marca de lingerie Triumph) e aos 20 anos foi mãe de Mariana.
A lição mais valiosa que aprendeu com o passar da idade? Perdemos algumas pessoas na construção da fidelidade por nós próprios, mas perdemo-nos se fizermos sempre o que os outros querem, mesmo que estes nunca nos peçam.
O que é que não tem idade?
Tudo tem, até as pedras.
O que é que a faz rejuvenescer?
Uma manhã de verão com cheiro a alfarroba, a paixão.
O que é que leva sempre consigo quando sai de casa?
Não é muito romântico, mas é o telemóvel.
O que é que a faz querer sair de casa?
Um dia de verão.
Há algum defeito seu que ainda queira corrigir?
Temos a tendência de amadurecer defeitos com o avançar dos anos, por isso posso dizer que estou a tentar matar uns e a amansar outros.
Um guilty pleasure?
O livro do momento?
Tenho na mesa de cabeceira as Memórias de Adriano ? esse é o meu do momento.
Faça-nos uma confissão de adolescente.
Roubei dois livros na Biblioteca da Escola quando andava obcecada por mitologia greco-romana. (Como estive em quatro escolas diferentes, por aqui não me conseguem apanhar, certo?)
Um ritual de beleza obrigatório?
Hidratação + Hidratação + Hidratação e.... Ingestão de colagénio a partir dos 30.
Qual a sua receita quando quer estar deslumbrante?
2 kg de confiança + 4 kg de liberdade.
A compra mais extravagante que já fez?
Não me lembro mesmo, não deve ter sido muito extravagante.
Uma tendência de moda a que não resista?
Nem por isso, crio as minhas próprias personagens que obviamente têm um pequeno cunho do que é tendência.
Uma referência de estilo?
Jane Birkin, Leandra Medine, Giorgia Tordini.
Uma febre ou tendência a que se tenha recusado a aderir?
Sapatos compensados.
Qual o pormenor que faz a diferença no seu look ou na sua vida?
Não me levo demasiado a sério.
Há algum segredo para a juventude eterna?
Vai haver. Fomos à Lua, não fomos?
Gostava de chegar aos 90 anos…
O meu avô tem 97 anos, vive sozinho, tem um dos jardins mais bonitos de Vichy, que cuida pessoalmente, joga bowling, conduz e faz as compras para casa sem ajuda. Dança três vezes por semana e tem mais elasticidade que um professor de Yoga. Por isso se chegar à idade dele assim…
Se estivéssemos à sua espera com um helicóptero e um piloto, onde gostaria de ser entrevistada e fotografada?
Dispensamos os dois e vamos a pé para a Lapa de Santa Margarida, na Arrábida?
Isabel Costa
A moda já não lhe reserva, provavelmente, nenhum segredo seja à frente ou atrás das câmaras. Foi eleita Miss Portugal em 1988 e fez carreira como modelo, depois continuou pelos corredores da moda mas como editora em publicações femininas. Já viveu em Moçambique e na África do Sul, hoje divide-se entre Lisboa, Paris, Londres e Milão para onde viaja com frequência em busca das novas tendências de moda como buyer da Fashion Clinic, mulher e consultora de moda. Também é blogger e o seu espaço online chama-se The Life Juice.
A lição mais valiosa que aprendeu com o passar da idade?
É realmente ter paciência, calma, paz e relativizar as coisas. Mas é um exercício que eu tenho praticado todos os dias. E outra coisa em que eu acredito com o passar da idade é que ficamos com a cara que merecemos.
O que é que não tem idade?
O meu estado de espírito! Sou muito curiosa por natureza, energética. Acho que o amor não tem idade. A empatia, a bondade, essas coisas não têm idade, nem tempo, nem passam de moda, nem são velhas, são eternas e ajudam-nos a superar muitas coisas na vida.
O que é que a faz rejuvenescer?
Ir correr com o meu cão. Estar com animais e crianças. Uma pessoa esquece-se dos problemas e do peso que sentimos às vezes com a idade. Também todo o meu trabalho. A moda ajuda muito a estar sempre em cima e ter um olho aberto, novo, fresco. Um olhar fresco à vida.
O que é que leva sempre consigo quando sai de casa?
Batom do cieiro, um livro ou uma revista (às vezes é o Economist e não estou a ser snob, é mesmo!), óculos para ler e o telefone.
O que é que a faz querer sair de casa?
Sou muito caseira, gosto muito de estar em casa e para sair é para estar com amigos, com pessoas de quem gosto. Gosto de ir para a praia passear, mas não é preciso estar bom tempo. A natureza e o mar fazem-me sair de casa.
Há algum defeito seu que ainda queira corrigir?
Claro que sim. Sou muito impulsiva na minha vida pessoal, não sou tanto na vida profissional. Acho que isso às vezes pode ser um defeito. Ter calma e paciência… e voltamos à primeira pergunta.
Um guilty pleasure?
Tenho tantos! Queijo, vinho, chocolate, fois gras… Enfim, tudo o que supostamente é feito para me encurtar a vida, mas que me traz muita felicidade e acho que me vai aumentando os anos. Ainda livros, revistas, batons de cieiro. São essas coisas que eu gosto de ter.
O livro do momento?
Agora estou a ler uma autobiografia do Christian Dior que retrata a primeira ida dele a Nova Iorque. Estou a ler ao mesmo tempo o último de Stieg Larsson. Em cima da mesa de cabeceira tenho um livro sobre livros, The book lovers guide to book, e o livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu.
Faça-nos uma confissão de adolescente.
Eu queria ser uma das Charlie’s Angels, a morena. E o penteado era tão difícil de recrear, mas eu persistia todos os dias antes de ir para a escola. As manhãs eram a tentar enrolar o cabelo porque eu tinha um cabelo liso pesado e a minha farda era verde-ervilha, mas eu queria ir com um penteado superatual nos anos 70 e 80.
Um ritual de beleza obrigatório?
A limpeza da pele muito bem feita. Hidratar em várias camadas e máscaras, uma ou duas vezes por semana. Eu gosto de aquecer um óleo de rosto nas palmas das mãos e fazer uma massagem à cara pressionando os pontos essenciais. Isso é o meu ritual de beleza: todas a noites faço o ritual coreano que são sete ou oito passos e faço-os mesmo! E ainda usar protetor solar todos os dias, verão e inverno, fator 50.
O que é que a tira do sério?
A má criação, a falta de respeito, a pequenez e a inveja das pessoas. Acho que só devemos sentir-nos desafiados por aqueles que achamos que têm mais sucesso do que nós e não inveja. Ou não, damos os parabéns e não queremos isso para nós.
Qual a sua receita quando quer estar deslumbrante?
Não tenho nenhuma, mas creio que o que vem de dentro vai sempre ao encontro da decoração do exterior. Podemos pôr muita maquilhagem, mas se não estamos bem por dentro não conseguimos disfarçar. Acho que pensar positivo é o mais importante. A nossa mente é tão poderosa!
A compra mais extravagante que já fez?
Não vou dizer. Mas poderia ser mais extravagante com acessórios ou com uma joia.
Uma tendência de moda a que não resista?
Eu sempre adorei e adoro os anos 70 porque as mulheres eram muito sensuais. As calças, as camisas, os cabelos, tudo era muito natural e foi uma grande quebra com os anos 60. Gosto muito dos anos 70, mas acho que não sou "vítima" de nada.
Uma referência de estilo?
A Carolyn Bessette, a Jackie Onassis, a Lauren Hutton. Atualmente, a Diana Kruger, é difícil… Mas acho que há pessoas que se vestem muito bem. Gosto do estilo da Aerin Lauder, que é muito simples. Gosto das pessoas que vejo na rua em Milão, em Paris.
Uma febre ou tendência a que se tenha recusado a aderir?
Nunca gostei muito de sapatos compensados. Podem pensar que eu não preciso porque sou alta, mas não, mesmo às mulheres mais baixas encurta as pernas, um pedaço da perna é o sapato e não é muito elegante. Nunca gostei muito de mochilas a partir de uma certa idade porque não vou acampar, não vou passar a noite a casa de uma amiga.
Qual o pormenor que faz a diferença no seu look ou na sua vida?
No meu look eu gosto de andar groomed, arranjada, portanto maquilhada. Posso estar de calças de ganga e ténis, mas tenho sempre um CC Cream, um tapa-olheiras, um blush, um rímel e as sobrancelhas arranjadas e eu demoro cinco minutos. Para mim, isso é muito importante para o meu dia a dia e para a minha vida, para me poder olhar no espelho e não me assustar porque a idade tem as suas manchas e um bocadinho de rugas e eu aceito isso tudo. Mas porque não melhorar o que eu tenho?
Há algum segredo para a juventude eterna?
Acho que é fazer bem aos outros, ter bons pensamentos, ser positiva. Está na alma, em ser positiva, ser bom para os outros e esperar que os outros também sejam bons para nós.
Gostava de chegar aos 90 anos…
Com a boa energia, a boa disposição da minha tia Maria Manuel que parece que tem 70 anos em vez de 92. Está sempre arranjada, maquilhada, anda desamparada por todo o lado, ainda almoça às quatro da tarde e tem uma gargalhada fantástica. Uma vez perguntei qual era o segredo dela e disse-me que só quer fazer bem aos outros e que quer pensar nos outros primeiro.
Se estivéssemos à sua espera com um helicóptero e um piloto, onde gostaria de ser entrevistada e fotografada?
No Grand Canyon, onde estive há um mês e realmente emocionou-me imenso descer o Grand Canyon de helicóptero. Ou então num deserto ou numa praia.
Mi Romano
Chama-se Emília e é natural do Porto, onde nasceu em 1961. Mas conhecemo-la como Mi Romano. É casada com Tó Romano, com quem tem dois filhos (com 21 e 26 anos) e fundou em setembro de 1989 a Central Models, que ainda hoje ambos dirigem. Tem uma licenciatura em psicologia e um mestrado em psicologia do trabalho organizacional. No que toca à moda, teve uma preenchida carreira de modelo que a levou para trabalhos em países como Japão, Áustria, Espanha, Brasil e Alemanha. Hoje, tem a seu cargo na agência de modelos o departamento que se dedica à formação e acompanhamento do lançamento de carreiras dos modelos mais jovens.
A lição mais valiosa que aprendeu com o passar da idade?
Aprendi que a felicidade treina-se, pratica-se todos os dias, que se podem criar hábitos mentais úteis que nos ajudam a ser mais positivos. Se diariamente, antes de adormecermos, pensarmos em três coisas positivas que nos aconteceram durante o dia, como uma pequena vitória, uma notícia boa ou o sorriso de uma criança, qualquer coisa que nos retire de maus pensamentos, isso resulta. A psicologia positiva já é uma ciência fundamentada que nos dá ferramentas para aprendermos a ser mais felizes,
O que é que não tem idade?
A nossa interioridade, a parte imaterial, os sentimentos, a alma, tudo o que nos é intrínseco e molda a nossa maneira de ser e de estar na vida, os princípios e valores pelos quais regemos a nossa conduta ao longo da vida, baseados nos quais amadurecemos, evoluímos, etc.
O que é que a faz rejuvenescer?
Um bom programa com a família, o convívio com amigos, rir muito, o contacto com a natureza. Tudo o que nos faz ficar felizes ajuda-nos a rejuvenescer, até os momentos mais simples do dia a dia, se lhes dermos atenção! Só necessitamos de estar despertos de modo a sentirmos e darmos valor ao presente que nos concede esses momentos.
O que é que leva sempre consigo quando sai de casa?
Dentro da mala, grande de preferência, levo todos aqueles objetos de utilidade funcional obrigatórios, aos quais junto alguns menos necessários, tipo um creme hidratante para lábios... Mas não levo nada em excesso.
O que é que a faz querer sair de casa?
Um bonito dia de sol ou um encontro com pessoas de quem eu gosto.
Há algum defeito seu que ainda queira corrigir?
Ninguém gosta de se rever nos defeitos. No entanto, gosto de "cair em mim", de passar momentos sozinha e de refletir. A minha irmã, por exemplo, dizia-me frequentemente que eu era uma chata, que era sempre muito moralista em tudo, e eu não me revia como tal, até prestar atenção...
Um guilty pleasure?
Chocolate negro... todos os dias!
O livro do momento?
De momento é o Blink, de Malcolm Gladwell. É a segunda vez que o leio e é maravilhoso. É um livro sobre o "pensamento que não é pensado", sobre as escolhas que parecem ser feitas instantaneamente, mas que realmente não são tão simples nem por acaso, como parecem.
Faça-nos uma confissão de adolescente.
Desejava ter uma "catrefada" de filhos e acabei por ter só dois... No entanto, a minha vida profissional compensou-me, por estar sempre rodeada de muitas meninas e meninos jovens!
Um ritual de beleza obrigatório?
O desmaquilhar o rosto à noite, limpar bem a pele e hidratar. É sagrado, não falho nunca, seja a que horas for. E de manhã, depois do banho, creme hidratante de rosto e de corpo.
O que é que a tira do sério?
Além de todas as injustiças contra a dignidade humana, que infelizmente observamos diariamente nos noticiários, tiram-me do sério as situações que vejo fáceis de emendar ao alcance de cada um, mas que por inoperância ou estagnação mental não melhoram mesmo: por exemplo, ouvir alguém dizer que tem uma personalidade forte e que por isso não muda nunca. Eu acho alguém muito fraco quando não tenta mudar nunca, não faz por aprender, não melhora ou não faz por evoluir.
Qual a sua receita quando quer estar deslumbrante?
Dormir bem. Um bom duche de água quente seguido de água fria. Coisas simples que normalmente não uso no dia a dia, um pouco de creme tapa-olheiras, rímel e os lábios bem desenhados com batom. Mas o mais importante é sentirmo-nos bem e estarmos bem com a vida, doutro modo, ninguém deslumbra ninguém.
A compra mais extravagante que já fez?
Foi em Tóquio no ano de 1986: um casaco extravagante do Yohji Yamamoto com preço igualmente extravagante. Quis marcar essa estadia no Japão, com o Tó, com uma peça icónica do meu criador de moda preferido de então. Usei-o até ao limite durante anos!
Uma tendência de moda a que não resista?
Adoro diversas tendências, muitas mesmo, mas é-me fácil resistir a elas.
Uma referência de estilo?
Caroline de Maigret.
Uma febre ou tendência a que se tenha recusado a aderir?
Tatuagens ou operações plásticas.
Qual o pormenor que faz a diferença no seu look ou na sua vida?
O gosto pela simplicidade. Gosto dos looks mais naturais, elegantes, confortáveis, não gosto de peças gritantes, que deem nas vistas, mas gosto muito de ver looks completamente opostos nas outras pessoas, gosto das diferenças.
Há algum segredo para a juventude eterna?
O amor.
Gostava de chegar aos 90 anos…
Na condição de estar lúcida e autónoma.
Se estivéssemos à sua espera com um helicóptero e um piloto, onde gostaria de ser entrevistada e fotografada?
Nos Açores, na Ilha de São Jorge, onde são as minhas origens e onde a beleza da natureza é tão sublime como nos sonhos.
