O colega de trabalho que fala por cima de nós sempre que há uma reunião, o parceiro que nos interrompe para dizer o que acha antes de termos terminado a frase, a nossa própria mãe que começa a falar de uma coisa muito gira que lhe aconteceu quando ainda estávamos a meio de lhe contar algo que nos deixou abatidas. O que mais há é pessoas que em vez de ouvir o que temos para dizer, estão simplesmente à espera que fechemos a boca para poderem dizer o que querem – e às vezes fartam-se de esperar. Se está farta que isto lhe aconteça e já usou todos os truques do livro para fazer ver ao interlocutor que ele (ou ela) está a ser indelicado, aqui está um truque novo a experimentar.
Quase de certeza que, perante uma cena destas – principalmente se for recorrente – já tentou calar-se; virar costas e ir embora; continuar a falar ao mesmo tempo que a pessoa; falar cada vez mais alto; perguntar à pessoa se tem noção que acabou de a interromper; perguntar à pessoa se ouviu o que você acabou de dizer e pedir-lhe para repetir. A opções são inúmeras, mas vêm sempre acompanhadas de uma dose de frustração com uma pitada de fúria. Ora, Mel Robbins, a famosa autora norte-americana e referência mundial em desenvolvimento pessoal, mudança de comportamento e de mentalidade, tem outra carta na manga que partilhou durante um episódio recente do seu podcast.
Robbins diz que quando alguém começa a falar por cima de nós, a primeira coisa a fazer é continuar a falar, mas fazê-lo mais devagar. A segunda coisa a fazer é usar o nome da pessoa que nos está a interromper e dizer qualquer coisa como: “João, vou terminar o meu ponto. Este é um tópico importante e quero certificar-me de que toda a gente está informada. Terei todo o gosto em ouvir o teu ponto de vista, João, depois de ter terminado de partilhar a minha perspectiva. Mas quero ter a certeza que ouves o que tenho para dizer primeiro.”
Claro que se, em vez de uma reunião de trabalho, estiver a tentar explicar à sua mãe que a carbonara não leva natas, perante a sua incredulidade belicosa, vai ter de adaptar um pouco o discurso. Até porque chamar-lhe João, em princípio, não vai surtir grande efeito. De qualquer forma, assumindo que está a falar com uma pessoa normal, Mel garante que a sala vai ficar silenciosa e poderá levar a sua argumentação, tranquilamente, até ao fim. Quando acabar de dizer o que estava a dizer, vira-se para o interlocutor que não sabe estar e diz: “João, estavas a tentar partilhar as tuas ideias há pouco e agora quero muito ouvir o que tens para dizer.”
Acima de tudo, é importante que tenha em mente que não tem de se calar, nem tem de ceder, seja qual for a circunstância e o auditório. Se a pessoa em questão, em vez de pedir desculpa ou de se calar, fizer uma birra e não quiser falar mais nem acabar de ouvir o que a leitora tem para dizer, então saberá que está a falar com uma criança birrenta. E, a menos que seja mãe dessa criança, não há nada a fazer. Até porque como a própria autora diz muitas vezes, não é responsabilidade sua gerir as emoções dos outros adultos. E lembre-se que se uma pessoa tem por hábito falar por cima de si, isso significa, muito claramente, que não está interessada em ouvir o que a leitora tem para dizer. Pelo que a melhor coisa a fazer é agir em conformidade.
Ensinamentos de ouro, principalmente à medida que nos aproximamos da quadra natalícia, altura em que revemos muitos daqueles parentes que adoram ouvir o som da sua própria voz.