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Bye-bye check up!

A substitu#237;-lo temos a medicina preventiva, uma pr#225;tica capaz de acautelar algumas doen#231;as. #201; o fim do check up?

Bye-bye check up!
Bye-bye check up!
17 de setembro de 2010 às 18:06 Máxima

Durante algum tempo pensou-se que um vasto conjunto de exames médicos anuais, dos mais simples aos mais sofisticados, dava-nos uma visão real de como ia a nossa saúde. E com esta revisão aos nossos órgãos, podíamos evitar doenças. Era uma forma de prevenção inquestionável. Hoje, coloca-se a ênfase na importância de sermos acompanhadas por um médico ao longo da vida, conforme defende a médica Judite Henriques, especialista em medicina interna, directora da Clínica Maria Lamas. “Há que definir o que é medicina preventiva e obsessão por consultas e exames que não são necessários. A medicina preventiva significa ter consultas periódicas de saúde. No check up está subentendido que existe uma quantidade de exames que podem ser feitos e que nos levam erradamente a pensar que estamos prevenidos contra a algumas doenças, e não estamos, porque se fazem múltiplos exames sem se direccionar nada”, explica.

Outra das vantagens da medicina preventiva no sentido de ser-se seguido regularmente, prossegue a especialista, é ter-se um médico assistente que acompanha de perto a história clínica do seu doente, podendo analisar e comparar os exames que este faz ao longo do tempo, esclarecer-lhe dúvidas e apresentar soluções médicas assertivas com base num balanço entre riscos e benefícios que cada exame representa. É um acompanhamento personalizado e fundamentalmente baseado no conhecimento da pessoa que se acompanha e dos seus riscos. Permite, por exemplo, estar atento a eventuais riscos genéticos para desenvolver determinadas doenças. Sempre que isto se verifica, os exames auxiliares de diagnóstico ocorrem mais cedo no tempo, e “da medicina do saudável, da promoção da saúde, o doente terá de passar para as consultas ditas ‘curativas’, de risco e as associadas às heranças familiares”.

Assim sendo, todas as pessoas saudáveis com mais de 18 anos devem fazer uma visita anual ao seu médico assistente com o qual “estabelecem uma relação médico/doente de confiança”.

Segundo a médica, a tendência para fazer consultas e exames que não são necessários resulta de uma mistura de medo da doença e desinformação. “As pessoas pensam que basta ler uma lista na Internet para ter conhecimentos de medicina. Por outro lado, vivemos o marketing do medo, a promoção da doença e não da saúde”, observa. É verdade que é melhor prevenir que remediar, mas há que “evitar cair no extremo”.

Porque é que não devemos levar a prevenção ao excesso? “Porque toda a medicina, mesmo a preventiva, tem potencialidade de provocar prejuízos na pessoa. Todas as intervenções têm uma risco associado”, esclarece Judite Henriques. E dá o exemplo: “No caso da mamografia, o risco é a radiação.” É claro que a mamografia é fundamental em determinadas situações, e a partir de terminada altura da vida todas as mulheres devem fazer uma com uma certa periodicidade que se encontra definida. Mas, mesmo nestas condições, o médico assistente deve explicar à doente que “o exame representa riscos, mas que há evidências dos benefícios. Na aplicação de cuidados preventivos é imperativo ter a certeza que os benefícios são maiores que os riscos”.

Lembrando que a promoção da saúde passa pela escolha de estilos de vida saudáveis, onde se integram cuidados com a alimentação e a prática de alguma actividade física – não fumar e beber álcool de forma moderada –, a medição da tensão arterial (TA) e a mediação do colesterol também têm o seu ‘peso e medida’. A primeira deve ser feita de dois em dois anos ou quando se justificar. A segunda de cinco em cinco anos, nas mulheres com mais de 45 anos (nos homens é mais cedo, depois dos 35 anos de idade). A médica enumera os procedimentos recomendados sem factores de risco acrescidos, para mulheres assintomáticas. O rastreio do cancro da mama é um deles. Explica que “a partir dos 40 anos aumenta o balanço beneficio/risco da mamografia”, e que esta se poderá realizar desde que a mulher seja informada desta equação. O doente tem direito a ficar esclarecido neste sentido. Para mulheres dos 50 aos 69 anos, “a recomendação do Plano Nacional Oncológico vai no sentido de se fazer uma mamografia de dois em dois anos como método de rastreio”, acrescenta, esclarecendo que, bem pelo contrário, “não existe razoável evidência” para o aconselhamento do auto-exame da mama com essa mesma finalidade. “É muito difícil para a pessoa perceber o que está a apalpar” e, nesse sentido, qualquer pequena alteração que nada significa pode ser geradora de grande angústia e ansiedade.

O rastreio do cancro do colo do útero é outra medida preventiva a levar em conta. “Dois a três anos após o início da vida sexual, a mulher deve fazer uma citologia cervical, e depois, a cada três anos, duas citologias consecutivas normais”, explica a especialista de medicina interna, esclarecendo que esta neoplasia tem vindo a aumentar em mulheres com antecedentes deste tipo de cancro, imunossupressores e com infecção por VIH. O último rastreio é o do cancro do cólon e recto que “deve ser feito a partir dos 50 anos até aos 75 anos”. De acordo com a médica, o cancro do cólon é uma neoplasia com grande incidência em Portugal. Está igualmente indicada a pesquisa de sangue oculto nas fezes em cada um a dois anos. A colonoscopia, realizada de cinco em cinco anos, é o exame que permite visualizar todo o intestino e fazer biópsias, e, se for o caso, a excisão da lesão. Ainda que possa ser pouco doloroso, apresenta grande “incómodo” pelo que há quem hesite em fazê-lo. Pode ser feito com sedação mas esta não é comparticipada pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS) e torna-se dispendioso. Vale o esforço económico, pois “a possibilidade de diagnosticar e excisar a lesão antes de ser neoplásica” não tem preço. São métodos alternativos a rectosigmoidoscopia, a colonoscopia virtual (por TAC), a colonoscopia total (a realizar de 10 em 10 anos).

A visita periódica ao dentista de seis em seis meses é uma das mais importantes dentro das consultas de especialidade, mas que a maioria dos portugueses também não cumpre. Não há uma educação nesse sentido, embora também pese a fraca participação dos sistemas de saúde nestas despesas de saúde. No entanto, mais uma vez, é uma prática “rentável”, assegura a especialista em medicina interna, pois os problemas com os dentes podem dar origem a má audição, cefaleias, entre muitíssimos outros, e no limite “originar uma endocardite, quando o micróbio provocado pela infecção entra num vaso sanguíneo e vai ao coração”.

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