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Um cão é bom para a família?

Amélia, 38 anos, Cascais

17 de fevereiro de 2016 às 10:50 Dra. Catarina Rivero
Sou casada há 7 anos e temos uma filha de 5 anos. Por questões de saúde, não poderei ter mais filhos, o que nos dá pena pois ambos temos muitos irmãos e não queríamos uma filha única. Temos compensado pelo contacto com primos, filhos de amigos e vizinhos da mesma idade, e ela é mesmo muito sociável. Ainda assim, surgiu a ideia que nos faria bem adotarmos um cão. E a nossa filha pede muito (os primos têm um cachorrinho), e a minha irmã está ligada a uma associação de proteção dos animais. Ficamos na dúvida se trará mais stress ou se nos fará bem. Lemos muitas coisas que os cães são ótimos para as crianças e para as famílias. É mesmo verdade? 
 
Cara Amélia, antes mais felicito pela atenção à socialização da vossa filha. Sobre a adoção de um cão, trata-se de uma decisão pessoalíssima, já que implica alteração de rotinas, tempo despendido (quer pela atenção que o animal requer, quer pelos passeios que precisa de fazer) e, claro, algum dinheiro com a alimentação e saúde do animal. Ainda assim, deixarei algumas notas, considerando a investigação que se tem feito em torno deste tema.
 
O que geralmente é mais valorizado em ter um animal de companhia (como um cão ou um gato) passa pelo companheirismo, prazer nas interações do quotidiano e afeto partilhado. O facto de responderem de forma muito positiva a expressões de carinho de toda a família, traz segurança emocional, com demonstração incondicional e não ameaçadora de afeto.  Este vínculo criado com o animal traz, de acordo com a investigação, suporte social e psicológico. São ainda valorizados no suporte nos momentos difíceis, em que a família está em sofrimento por algum evento (havendo estudos que sugerem que pode ser muito positivo, ao nível da regulação emocional, falar/"desabafar" com os animais). Numa situação de luto familiar, por exemplo, pode haver menos capacidade de lidar com a dor dos outros, sendo que animais, como um cão, ajudam ao nível do suporte emocional. Muitas famílias referem ainda o lado socializador quando se trata de um cão que é preciso passear, pelo contacto diferente (em qualidade e regularidade) que passam a ter no bairro onde vivem, para além do convite ao exercício físico pelas caminhadas que são feitas diariamente.

 

Do ponto de vista das crianças, os ganhos parecem também ser grandes e a diversos níveis. Filhos únicos, por exemplo, tendem a criar laços mais fortes com os animais de companhia (o mesmo acontece com crianças que vivem apenas com um dos pais). Vários estudos referem que as crianças que crescem com animais de companhia tendem a ser mais empáticas, para além de ficarem mais cientes da responsabilidade de cuidar, da importância das regras e da atenção às necessidades do outro. A relação que estabelecem com um cão pode ajudar na educação e socialização, bem como na confiança afetiva. A alegria do cão ao ver a criança a chegar a casa (mesmo que se tenha portado mal), ajuda a sentir-se amada incondicionalmente e muito segura.

 

Os ganhos também se verificam ao nível da conjugalidade, havendo estudos sobre padrões relacionais que sugerem maior bem-estar e interações mais positivas e descontraídas entre casais com animais de companhia. A dinâmica da família é também beneficiada pela comunicação que tem de haver no estabelecimento de regras (que terão de ser consistentes), bem como no cuidado com as necessidades do animal. Ainda, mesmo em famílias em que há menos expressão de afetos (abraços e beijos, por exemplo), tal pode ser facilitado com a presença de um animal que virá pedir carinho e atenção aos donos.

 

Assim, são de facto muitos estudos que referem que as famílias com animais de companhia (nomeadamente cães e gatos) beneficiam de maior resiliência, comunicação, expressão de afetos. Os animais podem ainda ajudar a gerir emocionalmente perdas e momentos difíceis da família, com suporte emocional. Trazem ainda um sentimento de utilidade e pertença, ajudando a combater um eventual sentimento de solidão. Porém, há que considerar que será positivo se for uma opção consciente e motivação de todos para receber o novo ser. Caso seja a opção, desejo felicidades.

 

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