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Elisa Rodrigues, um dos mais recentes talentos no jazz, é uma das artistas que elegemos para o artigo Please don’t stop the music! com dez artistas. Prestes a atuar em nome próprio no renovado Capitólio, Elisa Rodrigues é um dos nomes a dar cartas no jazz lá fora e "cá dentro". O percurso de Elisa começou cedo, mas a maior rampa de lançamento na sua carreira foi quando apenas um ano depois de lançar o seu primeiro disco de estreia, Heart Mouth Dialogues, ao lado de Júlio Resende, a bandaThese New Puritans quis integrá-la no projeto Field Of Reeds. Cantou em prestigiados palcos como o Barbican Centre, em Londres, ou o Hollywood Bowl, em Los Angeles, na primeira parte do concerto de Björk.
O álbum As Blue As Red é o seu primeiro álbum de originais com 11 canções e In And Around You é o primeiro single. O disco foi produzido por Luísa Sobral e é uma edição da Sons em Trânsito, com distribuição da Universal Music. Conversámos com a artista antes do concerto que a apresenta no panorama nacional, já no dia 24 de maio.
Todos temos um sonho de criança. Em pequena o que sonhava ser?
Lembro-me de ser pequena e de fazer draping, mas nem sabia o que era essa profissão. Mas na verdade sempre quis ser cantora, estava sempre a cantar e a agarrar em coisas e a fingir que eram um microfone. Não era nada tímida, em pequena, mas aos 12 anos comecei a ficar mais introvertida. Quando ia ao pediatra saltava para cima da mesa de espera e começava a cantar, dançar, a fazer teatro.
Estudou moda. Como foi essa experiência? A inspiração na moda está bem presente na sua vida?
Fui para a área de moda por acaso, uma amiga minha queria muito ir para moda. Começou a mostrar-me revistas, e o canal Fashion TV, e entusiasmei-me. Na altura estava em Artes e acabei por seguir este percurso em Design de Moda, na Faculdade de Arquitetura. Hoje em dia, penso que devia ter continuado pelas Artes, porque não sinto que tenha muita mentalidade de designer. A procura da beleza, sim, sempre me interessou em qualquer tipo de vertente, e acho que por ter estudado moda penso música de uma forma diferente.
Como é que surgiu a ocasião de se apaixonar pela música?
Sempre cresci rodeada de artes e música. Eu comecei a ter workshops de jazz com 15 anos e aos 20 alguns dos meus professores convidaram-me para uma banda, acharam que tinha potencial e queriam ver se me adaptava. Iniciei um projeto de nouvelle jazz que se chamava ELLE [em conjunto com José Dias (guitarra), Alcides Miranda (guitarra), Nuno Oliveira (baixo) e Alexandre Alves (bateria)], mas não deixei de estudar moda, apesar de darmos concertos. Aos 24 anos, a editora coimbrense Jazz ao Centro propôs-me gravar um disco e eu disse que não estava preparada. Foi aí que comecei a imaginar que ser cantora poderia ser mesmo a minha profissão. Os meus pais sempre me apoiaram em tudo o que queria. Eu dizia à minha mãe: "Eu acho que sei cantar." E ela dizia-me: "Se achas que te vai fazer bem, vai."
Apareceu por causa dos workshops de jazz, porque eu vi um concerto da Maria João com o Mário Laginha e na altura eu só cantava fado. Sabia os três fados e os que o meu pai cantava e também adorava música clássica. Os meus pais não ouviam jazz, o meu pai ouvia Bossa Nova. A minha mãe inscreveu-me num workshop de jazz, mas eu não queria muito ir. Depois, fiquei maravilhada.
É por fases. De raiz é a música tradicional indiana, talvez seja o que oiço mais. Não oiço muito jazz atual, mas sim mais clássicos, coisas antigas. Uma das cantoras que me marcou mais na atualidade foi a Fiona Apple, ouvi-a na altura em que comecei a cantar profissionalmente. Ouvia artistas muito diferentes como Jorge Palma ou Da Weasel, na minha adolescência.
Lembra-se da primeira vez que atuou num palco a sério? Quais eram os maiores receios?
Lembro-me perfeitamente de pensar sobre os meus músicos que se eles eram profissionais, eu tinha de ir e vencer sem medos. E, mesmo antes de entrar, pensar: "Bem, se estas pessoas estão todas aqui, agora, também não me posso ir embora!" Nessa vez o público reagiu lindamente, bateram imensas palmas e eu fiquei em pânico, calei-me. Até que os meus músicos disseram: "Bem, pelo menos obrigada tens que dizer." Eu era muito tímida, mas hoje em dia já não, já que a minha maturidade pessoal também se vai transportando para o palco.
Qual a música que até hoje a marcou mais, cantada por si?
Uma música que costumo cantar a cappella, do Peninha, que conheci cantada pelo Caetano Veloso. É uma música de força, triste, mas que transforma essa tristeza em poder. A mim, dá-me uma força incrível. Chama-se Sonhos.