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Ryan Gosling - Na medida certa

Embora as mulheres se derretam aos seus pés, Ryan Gosling nunca se viu a si próprio como sendo particularmente hot ou cool. Mas é indiscutível que se trata de um dos atores mais sensuais de Hollywood e, já agora, um dos mais talentosos também.

Ryan Gosling - Na medida certa
Ryan Gosling - Na medida certa
27 de agosto de 2013 às 07:00 Máxima

Os desempenhos em filmes como O Diário da Nossa Paixão, Blue Valentine – Só Tu e Eu e Drive – Risco Duplo entusiasmaram tanto a crítica como o público. Mas Gosling é uma estrela pouco convencional, oriunda de uma família canadiana mórmon que acabou por sustentar, trabalhando, em criança, no programa de televisão The Mickey Mouse Club. Crescer na Disneylândia alimentou a sua fértil imaginação, apesar de ele admitir ter passado os tempos livres a “corromper” os colegas. Agora, aos 32 anos, mantém uma atitude iconoclasta e resiste a todas as regalias da fama e da fortuna.

O seu novo filme, The Place Beyond The Pines, assenta bastante na perspetiva melancólica do ator. Gosling interpreta um duplo de cenas de motociclismo, de cabelo oxigenado, que se transforma em ladrão de bancos e procura desesperadamente recuperar a sua ex-namorada (Eva Mendes, a sua namorada na vida real) depois de saber que ela deu à luz um filho seu. Roubar bancos é a única maneira que tem de os sustentar, embora isso o coloque em rota de colisão com um polícia ambicioso (Bradley Cooper), determinado a pôr um ponto final na senda criminosa do motociclista. The Place Beyond The Pines assinala a segunda colaboração entre Gosling e o realizador Derek Cianfrance, depois de Blue Valentine, e o filme alia um romantismo cismático a uma profunda sensação de medo. Enquanto Luke, o tenebroso anti-herói do filme, Gosling diverte-se a dar vida a um rebelde lacónico cujo curioso elã faz lembrar um Jack Nicholson jovem. Há mesmo traços de Steve McQueen no seu trabalho e é uma coincidência interessante que Gosling tenha brincado com carros (Drive – Risco Duplo) e motos (The Place Beyond The Pines), tal como McQueen fez em Bullitt e A Grande Evasão.

Talvez não seja de surpreender que Gosling tenha estado ausente de Cannes, para a estreia do seu último filme com Nicolas Winding Refn, Only God Forgives, que foi ruidosamente vaiado tanto pela crítica como pelo público. O ator pediu desculpa por não ter ido ao festival, explicando que estava ocupado com as filmagens do seu primeiro trabalho como realizador, How to Catch a Monster, com Christina Hendricks e a sua namorada, Eva Mendes (diz-se que os dois se apaixonaram durante a rodagem do filme e passaram o ano de 2012 a passear pela Europa, desfrutando de um romance discreto que condiz com o absoluto desprezo do ator pela fama). Em conversa, Ryan é franco e despretensioso, preferindo evitar respostas pré-cozinhadas em prol de uma reflexão e observação genuínas e inteligentes. Vestindo uma camisa azul-forte, calças de ganga e ténis verdes, Gosling tem o ar descontraído de um homem que cavalga a onda do seu sucesso com uma certa curiosidade divertida.

 

Ryan, sente-se agora uma estrela de cinema?

Não, sinto-me cansado!

O que o levou a trabalhar uma segunda vez com o realizador Derek Cianfrance?

É uma história interessante. Estávamos a conversar e eu referi que alimentava há muito tempo a fantasia de roubar bancos – desde miúdo. E disse ao Derek: “Essa é a minha fantasia. Se alguma vez roubasse um banco, usava uma moto e fazia desta maneira e daquela.” E ele respondeu: “Que curioso, acabei agora de escrever um argumento sobre isso.” Pareceu uma coisa do destino.

E como foi então interpretar um homem que assalta bancos?

O Derek disse-me que me ia pôr a roubar bancos a sério, que não haveria cortes e que as cenas seriam com pessoas reais, com caixas de banco na vida real. Eu teria de me montar na moto, roubar um banco e fugir. Fiquei entusiasmadíssimo, achei que ia meter imenso medo. Mas depois, quando cheguei ao banco e desatei a berrar com as pessoas, olhei para elas e estavam todas a sorrir. Os funcionários do banco estavam divertidíssimos. Alguns até estavam a tirar-me fotografias com os telemóveis em vez de cobrirem a cabeça com as mãos, como lhes tinha sido dito que fizessem. Nesse primeiro take não consegui propriamente pôr as pessoas a tremer de medo.

Como conseguiu então que a cena acabasse por resultar?

O Derek e eu tivemos de nos reagrupar depois desse episódio. [Sorri] “Oh, não! Eles não estão assustados, estão divertidos! Estão a achar graça a entrar num filme!” E o Derek disse-me: “Bem, tens de os assustar, percebes?” E eu respondi: “OK.” E voltei lá e repeti a cena, procurando ser mais assustador e gritar cada vez mais alto, para que eles reagissem como se fosse um assalto a sério. Mas acho que quanto mais furioso eu ficava, mais eles se divertiam. Foi um desafio interessante. [Ri] Após alguns takes mais, porém, acabámos por os cansar. Eles ficaram exaustos e já só queriam despachar aquilo. Foi aí que começámos a conseguir reações interessantes.

A sua personagem, Luke, está coberta de tatuagens. Isso deu-lhe um ar mais ameaçador?

O principal objetivo não foi esse, mas sim caracterizar um percurso de vida complicado. As tatuagens foram todas inspiradas pelas minhas fantasias de criança com o tipo de tatuagens que eu próprio gostaria de fazer mas que, obviamente, como ator – e em especial um ator jovem – não podia. O filme foi a oportunidade de poder tê-las durante alguns meses. Mas, quando íamos começar a filmar, tive dúvidas em relação à tatuagem do punhal na minha cara [junto do olho esquerdo] e disse ao Derek: “Não consigo fazer esta. É excessivo, as pessoas não vão conseguir olhar para mais nada.” E ele explicou-me: “Mas é isso mesmo que acontece quando se faz uma tatuagem na cara. Depois arrependemo-nos, mas já não a podemos tirar e ficamos presos a ela.”

De onde vem o título The Place Beyond the Pines?

O filme foi rodado em Schenectady, Nova Iorque, e o nome desta cidade quer dizer, em iroquês, “o lugar para lá dos pinheiros”. O Derek e a mulher cresceram em Schenectady. Quando começámos a conversar sobre o filme, o Derek explicou-me que ele tem a ver, de certa forma, com tribos de pessoas que ocupam certas camadas sociais em cidades pequenas e com os conflitos entre essas tribos, como acontece entre a minha personagem e a de Bradley Cooper [que interpreta o polícia que persegue Luke].

No filme, a sua namorada é interpretada por Eva Mendes e, ao que consta, foi o Ryan que a sugeriu para o papel.

Eu já a conhecia há muito tempo e sabia que não havia ninguém melhor para aquele papel. Era a minha opinião, mas é claro que o Derek também tinha de pensar assim… Ela andou atrás dele e ele acabou por lhe dar o papel e, logo que começámos a filmar, tornou-se óbvio que ela era ideal.

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Conseguiu um grande reconhecimento nos últimos anos com filmes como Drive – Risco Duplo e Nos Idos de Março. Acha que atingiu o nível que pretendia?

O ano em que esses filmes saíram foi um grande ano e o momento de que eu tinha estado à espera. Não podemos planear as coisas. Aceito os projetos que me aparecem como eles são e procuro trabalhar com pessoas talentosas. Penso que estou a ter mais oportunidades e a hipótese de participar em filmes mais interessantes. Portanto, a esse nível, a diferença é marcante. Mas também estou ciente de que as apostas são mais altas e quero ter a certeza de que não cometo erros.

Disse no passado que a rodagem de Blue Valentine – Só Tu e Eu foi uma experiência muito intensa. Foi por isso que quis voltar a trabalhar com Derek Cianfrance?

Acho que ele é um cineasta importante. Estes dois filmes que fiz com ele mudaram a minha vida e mudaram-me como ator. Ao começar agora a fazer o meu próprio filme [Ryan Gosling está prestes a fazer a sua estreia como realizador com How to Make a Monster], admiro-o ainda mais porque o trabalho de realização é invisível e, no entanto, os filmes dele são muito expressivos. Não nos apercebemos do esforço. Parece fácil e, contudo, é exatamente o oposto. Também me agrada muito a ideia de trabalhar com as mesmas pessoas. Leva muito tempo a conhecer uma pessoa, a perceber como ela trabalha, a desenvolver uma forma de colaboração. Portanto, é bom poder fazer um segundo filme com essa pessoa e começar logo a trabalhar em força. Consegue-se fazer um trabalho melhor e não se perde tempo com formalidades. Eu acho que o Derek e eu já tínhamos um bom entendimento quando começámos a fazer este filme e conseguimos assim fazer muito mais num prazo mais curto. Ambos evoluímos, e o filme evoluiu connosco. Temos acesso instantâneo um ao outro, o que é necessário ao fazer um filme porque andamos sempre a correr atrás do tempo.

Nos últimos anos tem havido mais filmes de super-heróis com grandes orçamentos, como Os Vingadores. Tem algum interesse nesse tipo de filmes?

Drive – Risco Duplo foi a minha forma de fazer um filme desse género. Tinha um fato e tudo: o blusão do escorpião, que era a minha capa. É como que a história de um tipo que viu muitos filmes de super-heróis e depois decide que vai transformar-se num.

Tem tentado manter a distância entre o Ryan Gosling como estrela de cinema e a sua vida privada. É difícil?

Penso muitas vezes que tenho vários “eus”. A minha vida pessoal não tem nada a ver com o que faço para ganhar a vida e eu quero que continue assim. Preciso de manter essa distância porque, às vezes, as coisas podem ficar muito confusas. Acho que tenho de passar algum tempo a viver a minha vida à parte da de ator porque preciso de fazer parte do mundo real e de viver experiências diferentes das que se têm quando andamos de limusina, ficamos em hotéis de 5 estrelas e temos uma vida muito apaparicada e isolada. Passei os primeiros anos da minha adolescência a viver num parque temático [Disneylândia]. Era um mundo de fantasia e, ao mesmo tempo, um lugar onde as pessoas viviam e trabalhavam, onde de repente estávamos numa cafetaria, com o Rato Mickey sentado ao nosso lado, sem a cabeça do fato, a contar-nos histórias. Estas experiências foram interessantes e, de certa forma, espelham este fosso entre a ilusão e a realidade.

Houve alguma influência que o tenha levado a querer ser ator?

Bem, o meu tio era um imitador do Elvis. Levei algum tempo a perceber que era isso que ele era – ao princípio pensava só que ele era diferente de todas as outras pessoas. [Ri] Mas ele veio viver connosco durante uns tempos e começou a fazer uma espécie de fato-macaco e a pôr-lhe lantejoulas, a torná-lo absolutamente ofuscante. Eu era pequeno e aquilo era a coisa mais interessante que estava a acontecer lá em casa, está a ver? Depois começou a cantar ao espelho, imitando a voz do Elvis, e a ensaiar as canções. Acho que o vi criar uma personagem ao longo de alguns meses. E depois ele incluiu-me na brincadeira, encarregando-me da sua segurança. De repente, quando saíamos, ele punha as músicas a tocar e transformava-se no Elvis, numa pessoa completamente diferente. É que ele tinha um sinal e bigode, e não tinha cabelo, não se parecia mesmo nada com o Elvis. Mas transformava-se nele… Acho que isso deve ter tido alguma influência, sim. [Ri]

Há dois anos resolveu mudar-se de Los Angeles para Nova Iorque. Foi para se distanciar de Hollywood?

Tinha atingido um ponto em que não conseguia continuar a viver em Los Angeles, apesar de adorar o clima e as palmeiras. O problema é que passamos metade do tempo no trânsito, a andar de um lado para o outro. Tudo naquela cidade parece estar centrado na indústria do cinema e isso infiltra-se em tudo o que fazemos. Em Nova Iorque posso andar na rua mais ou menos livremente e tenho uma sensação de realidade. A cidade possui uma identidade e uma cultura tão fortes que podemos alimentar-nos desse espírito. Adoro viver lá.

De repente, nos últimos anos, tornou-se muito famoso. Qual é a sensação?

Não sei bem o que dizer sobre a fama. Trabalho nesta indústria há muito tempo e não posso dizer que foi uma coisa inesperada. Mas também não posso dizer que estivesse à espera. A avó de um amigo meu encharcava uma lagosta em vodka e embebedava-a antes de a pôr na panela para a cozinhar. Depois ia aumentando o calor devagarinho. Aquelas lagostas nem se apercebiam do que lhes tinha acontecido. Foi assim que as coisas me aconteceram – tirando que, no meu caso, sou ao mesmo tempo a cozinheira e a lagosta.

Tem uma certa fama de rebelde no meio: muito esforçado no que diz respeito ao trabalho, mas alguém que se mantém longe da ribalta.

Não vejo a utilidade de fazer joguinhos nem de tentar fazer parte de cenas. Como cresci no ramo, estou cansado de saber como as coisas são e como muitas vidas são destruídas ou distorcidas pela forma como esta indústria funciona. É fácil sentirmo-nos perdidos em Los Angeles. Preferia levar uma vida muito à parte da indústria do cinema e não me envolver em nada do que a rodeia. Adoro representar e trabalhar em filmes, e contar histórias, mas o resto não me interessa.

Acha que a perspetiva diferente que tem do mundo e a forma como as mulheres parecem vê-lo, como um homem franco e emotivo, tem a ver com o facto de ter sido criado pela sua mãe e pela sua irmã?

Tenho a certeza que sim. Na escola, nunca me dei com os miúdos rufiões ou com os mais populares e, depois de começar a trabalhar na televisão, alguns deles começaram a perseguir-me e a chatear-me todos os dias. Eu tinha de ter aulas de bailado para o meu trabalho [no programa Mickey Mouse Club] e é claro que isso ainda ia fazer mais de mim um alvo. Foi nessa altura que a minha mãe decidiu tirar-me da escola e que eu tivesse aulas em casa. A minha irmã tornou-se a minha melhor amiga e nunca houve entre nós aquela fricção típica entre irmão e irmã que, por vezes, vemos nas famílias. Ela sempre me apoiou muito e deu-me muitos e bons conselhos quando eu era pequeno, tal como a minha mãe. Estou muito grato pela educação que recebi. Passei grande parte da adolescência a viver basicamente na Disneylândia e tive a oportunidade de viver uma vida muito desestruturada, o que me deu uma perspetiva muito diferente das coisas e, acho, uma melhor noção de liberdade pessoal.

Essa perspetiva diferente repercute-se no seu trabalho como ator?

Estou certo que sim, embora me seja difícil avaliar. Acho que tenho uma maior afinidade com personagens que não são as que os atores principais mais populares costumam interpretar, embora goste de fazer praticamente qualquer personagem desde que o filme tenha algo interessante a dizer sobre a vida. Detesto sentir que estou a trabalhar só para receber um cachê. Gosto de sentir que estou a ser criativo e a fazer algo que tenha significado, como ator e como pessoa.

Fez alguns dramas extremamente pessoais, como Blue Valentine – Só Tu e Eu e até Drive – Risco Duplo, que tem um núcleo muito intenso, para além da violência, que também faz parte da história.

Para mim, tem muito mais significado interpretar uma personagem sobre a qual não percebemos necessariamente tudo desde o momento em que aparece pela primeira vez no ecrã. Gosto de dar densidade às coisas e de criar pequenos sinais que vão dizendo algo ao espectador sobre a personagem, e é por isso que trabalhar com realizadores como Derek Cianfrance [Blue Valentine e The Place Beyond the Pines, ainda a estrear) ou Nicolas Refn [Drive] é tão estimulante. Eles querem criar a incerteza e o caos, e múltiplas camadas de significado e emoção. Para um ator, isto é tudo.

Ficou com o carro [um Chevy Malibu de 1973) de Drive?

Sim, continuo a conduzi-lo. Adoro-o. Basta sentar-me lá dentro a ouvir rádio para sentir a adrenalina subir. Lembra-me de como o Nicolas e eu nos conhecemos, falando sobre o filme enquanto rolávamos por Los Angeles.

Agora que já recebe bom dinheiro pelos filmes que faz, acha que conseguiu alcançar um certo patamar?

Representar é uma coisa de que sempre gostei, que me dá prazer e com que me sinto realizado a nível criativo. É algo natural em mim e, quando conseguimos ganhar a vida a fazer aquilo de que gostamos, já é uma grande vitória. Há já algum tempo que não tenho de pensar ou de me preocupar muito com a minha segurança financeira ou a da minha família.

Está muito menos interessado em toda aquela coisa de Hollywood e nos sinais exteriores da fama que a maior parte dos atores. Será isso, em parte, atribuível à sua educação canadiana?

Os canadianos são um pouco mais discretos e circunspectos. Gostei de crescer no Canadá, mas não quero voltar a viver lá porque o clima é muito frio. Ainda sinto um arrepio quando me lembro de um dia em que ia para a escola, estavam para aí 20 graus negativos, e vi um gato morto na rua. Estava completamente congelado, e eu apanhei-o e bati com ele numa árvore como se fosse um bastão. Mas às vezes tenho saudades de comer poutine, que é um prato que fazem no Quebeque [batatas fritas com molho quente e requeijão fundido por cima]. Por vezes, sonho que estou a comer poutine...

Trabalha na indústria do espetáculo praticamente desde sempre. Que impacto é que isso teve em si? Teve de aprender a assumir grandes responsabilidades muito cedo… 

Encarei a representação e o ganhar a vida de forma muito séria. A minha mãe e a minha irmã ficaram dependentes de mim quando os meus pais se divorciaram, mas a minha mãe apoiou a minha carreira e eu nunca teria alcançado coisa nenhuma se ela e a minha irmã não tivessem estado ao meu lado. Portanto, posso tê-las sustentado do ponto de vista financeiro, mas não senti que estivesse a fazer mais que o meu dever. Vi a representação como uma maneira de ganhar muito dinheiro, em comparação com a vida que os meus pais tinham tido quando ele trabalhava numa fábrica de papel e ela era secretária. Por conseguinte, fiquei contente por poder ajudar a minha mãe e a minha irmã. Além disso, não sou parvo. Representar é um trabalho fantástico!

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